Como o setor de TI pode ser impactado com as taxas de 50% impostas pelos EUA?

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A medida anunciada em 9 de julho de 2025, que estabelece uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, com vigência a partir de 1º de agosto, criou um clima de tensão no comércio bilateral. Além do impacto direto nas exportações, o Brasil reagiu com sua Lei de Reciprocidade Econômica, abrindo espaço para contra-medidas que afetam tanto importadores quanto consumidores de produtos e serviços americanos no Brasil. Todo esse cenário pode também impactar empresas e profissionais do Setor da Tecnologia da Informação (TI) principalmente do Brasil. Desse modo, confira a seguir os 15 possíveis impactos nos produtos e serviços: Tarifas sobre serviços digitaisA investigação via Section 301 pode resultar em taxação de SaaS e APIs brasileiras nos EUA.Exemplo: Um ERP ou qualquer outro software brasileiro vendido nos EUA pode sofrer cobrança de até 50% adicional. Aumento de custos em infraestrutura de nuvemTarifa recai também sobre hardware utilizado pelas Big Techs, impactando os preços.Exemplo: Faturas de AWS/Azure podem subir entre 5–10% para startups brasileiras. Falhas na cadeia nacional de suprimentos devido à reciprocidadeIncertezas em importação de hardware podem atrasar lançamentos nos data centers.Exemplo: Migração para nova região da Azure pode ser adiada por falta de servidores. Queda na demanda por migrações ou serviços digitaisSetores impactados por tarifas (agro, indústria) tendem a frear projetos de TI.Exemplo: Fábrica cancela migração para a nuvem devido ao aumento de custos. Migração para regiões neutras e soberania de dadosPara mitigar riscos, empresas podem optar por hospedar dados em regiões fora dos EUA (Europa, América Latina), embora isso aumente latência e custo de transferência.Exemplo: um e‑commerce migra sua hospedagem para um data center em Lisboa ou Santiago, em vez de São Paulo. Complexidade contratual aumentadaContratos estarão sujeitos a cláusulas tarifárias e hedge cambial.Exemplo: Suporte anual da AWS deve incluir revisão automática em caso de tarifa. Retaliação recíproca via reciprocidadeO Brasil pode impor tarifas de 50% sobre importações americanas de SaaS, hardware e plataformas.Exemplo: Office 365, produtos AWS, Azure e Salesforce podem ficar mais caros no Brasil  Aumento de custos para empresas brasileiras que usam serviços dos EUAEmpresas brasileiras que contratam softwares, plataformas e serviços digitais americanos podem pagar mais caro devido à possível aplicação de tarifas de reciprocidade no Brasil.Isso vale tanto para ferramentas de gestão, marketing, CRM quanto para serviços de nuvem.Exemplo: Uma clínica médica que usa o sistema de agendamento online da empresa americana Calendly pode ver seu custo anual subir significativamente caso esse serviço passe a ser tarifado no Brasil. Redução da competitividade da TI nacionalStartups brasileiras ficam em desvantagem operacional frente a concorrentes americanos.Exemplo: SaaS brasileiro perde clientes nos EUA por aumento de preço via tarifa. Pressão por soberania de dados e complianceCom tarifas e riscos regulatórios, cresce a demanda por soluções locais.Exemplo: Companhias migram dados para nuvens locais ou sank multicloud para evitar restrições. Redução na contratação por empresas americanasCom tarifas e instabilidade, empresas dos EUA podem evitar contratar profissionais brasileiros.A preferência pode migrar para profissionais de países sem barreiras comerciais.Exemplo: Um programador full-stack brasileiro deixa de fechar um contrato com uma empresa americana que opta por um profissional colombiano para evitar riscos legais. Queda nas oportunidades de exportação de serviçosFreelancers e pequenas consultorias de TI que prestam serviços para o exterior tendem a perder clientes.Plataformas internacionais podem restringir a oferta de serviços vindos do Brasil.Exemplo: Uma empresa de UX/UI brasileira tem seus preços desvalorizados nos EUA devido à tarifa imposta, perdendo projetos de interface para concorrentes asiáticos. Pressão para requalificação e adaptação geopolíticaProfissionais precisarão entender sobre soberania digital, redes híbridas e compliance regional.A formação técnica será acompanhada por uma nova demanda em soft skills geopolíticas.Exemplo: Um arquiteto de soluções, ou Data Protection Officer (DPO) precisa aprender sobre GDPR, LPDP, PIPEDA, Cloud Act e estratégias de diversificação multirregional para manter a empregabilidade. Maior complexidade em projetos internacionaisProjetos envolvendo infraestrutura e serviços nos EUA terão planejamento mais sensível.Profissionais de TI terão que incluir análises fiscais, tarifárias e cambiais em propostas técnicas.Exemplo: Um engenheiro de dados é obrigado a redesenhar a arquitetura de um pipeline por conta do impacto da tarifa no armazenamento em nuvem americano. Dificuldade em acessar cursos, ferramentas e certificaçõesPlataformas americanas de ensino e licenças podem repassar custos tarifários a usuários brasileiros.A capacitação técnica pode se tornar mais cara ou limitada.Exemplo: Um profissional de cibersegurança vê o valor do curso oficial da CompTIA aumentar 40% no Brasil por conta das novas tarifas recíprocas e variação cambial.Especialista responde:Para Michel Souza, Gerente de Marketing da Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados (APDADOS), o maior impacto das taxas nos serviços digitais, pode ser dar pela diminuição dos valores repassados pelas redes sociais aos influenciadores e empresas que dependem da monetização dessas plataformas. Isso pode desencadear três caminhos:a) Limitação algorítmicaAs plataformas podem reduzir a visibilidade global dos conteúdos brasileiros, especialmente nos Estados Unidos.Isso ocorre como forma de evitar exposição financeira a criadores que gerariam custos extras devido à tarifação.Exemplo: Um influenciador ou empresa com bom desempenho no Brasil vê suas visualizações caírem nos EUA porque o algoritmo do YouTube prioriza criadores de países sem barreiras comerciais.b) Corte nos repasses financeirosCom o aumento da carga tarifária sobre plataformas, as Big Techs podem optar por reduzir o valor repassado por visualização, engajamento ou monetização.Isso afeta diretamente o CPM (custo por mil impressões) e os ganhos diretos e indiretos com anúncios.Exemplo: Um vídeo que antes gerava R$ 10 a cada mil visualizações, passa a gerar R$ 6, impactando a receita mensal do criador.c) Retenção tarifária local por reciprocidadeO governo brasileiro pode aplicar tarifas de 50% sobre o valor recebido por criadores brasileiros, como forma de retaliação à medida dos EUA.Essa retenção seria aplicada ao pagamento vindo de empresas americanas, reduzindo drasticamente a receita líquida.Exemplo: Um criador que recebe US$ 10 mil mensais do YouTube passa a receber apenas US$ 5 mil, após retenção de tarifa de reciprocidade imposta no Brasil.A tarifa de 50% imposta pelos EUA, somada às contra-medidas previstas pela Lei de Reciprocidade do Brasil, provocam um efeito cascata que atinge desde exportadores de TI até consumidores finais de softwares e serviços americanos no Brasil. Os efeitos incluem aumento de custos, atrasos, revisão contratual e deslocamento estratégico de infraestruturas. Para enfrentar esse cenário turbulento, empresas e profissionais de TI devem adotar contratos robustos, diversificação de provedores, planejamento geográfico estratégico e busca por soberania digital. Quer se aprofundar no assunto, tem alguma dúvida, comentário ou quer compartilhar sua experiência nesse tema? Escreva para mim no Instagram: @davisalvesphd. Leia também Saiba como se proteger de golpes que usam inteligência artificial