“Ninguém copia o fracasso”, diz fundador da maior rede de mercados autônomos do país

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“Ninguém copia o fracasso.” A frase, dita com convicção por Eduardo Córdova, fundador da market4u, resume bem o momento vivido pela empresa. A crescente adesão ao modelo de negócio de mercados autônomos em condomínios prova que o segmento não é só promissor, mas resiliente, inovador e cada vez mais cobiçado.Segundo ele, mais de 50% das novas lojas de supermercado abertas em São Paulo em 2024 foram instaladas dentro de condomínios — mostrando o tamanho do segmento. “Quando muita gente começa a copiar, é porque o negócio está no caminho certo”, continua Córdova no Do Zero ao Topo, programa do InfoMoney que conta a história dos empreendedores e empresários por trás das maiores empresas do país.“O varejo autônomo se consolidou como uma alternativa de conveniência real e sustentável, que atende o cliente com preço justo, oferece uma solução aos síndicos e garante margem saudável para o franqueado.”A proposta da market4u é construir um ecossistema onde todos ganham. “O papel da companhia é orquestrar esse ambiente, respeitando todas as pontas. Não se trata de tirar o máximo, mas de gerar valor para todos: indústria, cliente, franqueado e condomínio”, explica o empreendedor.Na conversa, Eduardo reforça que há espaço para todos e que até o crescimento dos concorrentes “valida” o modelo do negócio, mostrando que o “setor tem potencial e força.”Leia mais: De R$ 300 a R$ 350 mi: o camelô da Galeria do Rock que virou gigante do streetwearConcorrência é prova de mercado saudávelEduardo lembra com humor de uma das primeiras startups que criou: uma vending machine para ciclistas. “Na época, tínhamos orgulho de ser os únicos. Hoje, a gente tem vergonha, porque ninguém copiava porque era ruim”, conta. O aprendizado foi valioso. “Agora, temos orgulho de sermos copiados. Fizemos um workshop com 70 concorrentes em São Paulo para falar de estratégia e futuro do setor. Isso mostra a força e a maturidade do mercado.”Hoje, a market4u é a maior rede de mercados autônomos do Brasil, com 2.300 unidades. O segundo colocado, segundo ele, tem entre 200 e 300. “Cópia é sinônimo de sucesso. Se estão copiando, é porque o modelo funciona. A concorrência nos estimula a melhorar todos os dias”, diz.Ele enfatiza que o mercado é grande o suficiente para múltiplos players. “Existem mais de 500 mil condomínios no Brasil e a cada ano nascem mais de mil. Nos próximos cinco anos, o país pode chegar a 50 mil mercados autônomos, como já ocorre na China.”A expansão do segmento, segundo Córdova, veio impulsionada pela pandemia, que acelerou a digitalização e o consumo dentro de casa. “Lá atrás, não tínhamos concorrentes. Hoje temos centenas. Isso não é um problema, é uma oportunidade de fazer ainda melhor.”Leia também: Expansão nacional e novos produtos marcam a nova fase da Liv UpFranquia com propósito e pé no chãoEduardo também fala sobre o modelo de franquias, principal canal de crescimento da empresa. “Nosso cliente é o franqueado. A franquia não é mágica. Não vendemos PowerPoint, mostramos o dia a dia real, os números, os desafios”, afirma. “Não existe negócio sem trabalho. Quem diz que vai trabalhar duas horas por dia e ter lucro garantido está mentindo.”Segundo ele, o investimento médio para abrir cinco lojas da marca gira em torno de R$ 200 mil, com retorno estimado em 18 meses. “Mas pode ser mais rápido ou mais lento, dependendo do engajamento do franqueado”, explica. Ele cita casos de sucesso, como um franqueado de Porto Alegre que fatura R$ 700 mil ao mês.Córdova faz questão de destacar o compromisso ético com os investidores. “Nunca tivemos ação na justiça movida por franqueado. E fico muito feliz quando vejo amigos ou familiares nossos investindo. Isso mostra a confiança no modelo”, diz.Para ele, a cultura da empresa está alicerçada em pensamento de longo prazo. “A gente não quer ser o maior no próximo trimestre, mas sim continuar relevante pelos próximos dez anos. Isso muda tudo.”Leia tambémTrump fica com troféu “oficial” da Copa do Mundo de Clubes e Chelsea recebe réplicaPresidente dos EUA manteve o troféu original da competição no Salão Oval, enquanto o campeão do torneio ergueu uma cópia durante a cerimônia de premiaçãoLula cria comitê para enfrentar tarifa de Trump e se reunirá com empresáriosComitê interministerial ouvirá setores afetados, em especial o agro, e avaliará impacto da tarifa de 50% anunciada por TrumpDos erros ao acerto: um caminho com 37 tentativasAntes do sucesso com a market4u, Eduardo fundou mais de 30 negócios — a maioria deles sem êxito. “A maioria dos meus negócios deram errado. O que eu sei é como não fazer”, brinca. Teve academia, agência de marketing, açougue, loja infantil e até vending machine para ciclistas. “Investia R$ 500 mil num negócio, não dava certo, vendia e tentava outro.”O aprendizado acumulado ao longo de mais de uma década empreendendo foi decisivo para a criação da market4u. “Cada erro me ensinou alguma coisa. Por exemplo, a academia não tinha barreira de entrada; o café no shopping não tinha margem; a bike station não tinha público. Tudo isso me preparou.”Com a market4u, Eduardo diz ter identificado um modelo “em terreno fértil”. “Finalmente encontrei algo com potencial real de escala, que une tecnologia, comodidade e um comportamento em mudança nas grandes cidades. A verticalização das moradias e a busca por conveniência jogam a favor do nosso negócio.”Desde então, ele vendeu ou fechou os outros empreendimentos e se dedicou integralmente à nova empresa. “Hoje o foco é total. A gente quer fazer da market4u uma empresa global.”Leia também: A lição de Guilherme Benchimol aos empreendedores: é preciso se transformar sempreDa infância humilde à missão de impactar vidasO espírito empreendedor veio de casa. Filho de um contador e uma professora da rede pública, Eduardo viu desde cedo o valor do trabalho. Ele conta que a mãe dava aula de dia e fazia doces para vender à noite, gerando uma renda extra que pagava, por exemplo, uma viagem nas férias. “Meu pai tentou vários negócios, mas só a contabilidade deu certo mesmo. Ele me ensinou a nunca ter vergonha de trabalhar.”Eduardo começou a trabalhar aos 13 anos e nunca mais parou. “Estudei à noite, trabalhei de dia, juntei dinheiro, comprei carro, paguei minhas contas. Aprendi que todo trabalho é digno. E trago isso até hoje para dentro da empresa”, diz.Segundo ele, o propósito da market4u é também gerar oportunidades, assim como nos outros negócios já criados por ele e pela família — alguns que prosperam até hoje, como o primeiro posto de gasolina que ele abriu. A inspiração, ele reforça, veio da base familiar. “Meu pai sempre confiou muito em mim. E minha mãe me ensinou que com trabalho dá para transformar chocolate em uma viagem. Isso eu nunca esqueci.”Leia também: “Eu consegui humanizar a Faria Lima”, diz humorista criador do personagem JorginhoEmpreender é abraçar o risco e a responsabilidadeFalando sobre sua experiência no empreendedorismo de forma geral, Eduardo conta a maior mentira que já ouviu: que um negócio não tem como dar errado. “Tudo pode dar errado. Por isso a franquia cresce, porque é um modelo validado.”Ele também compara o papel de uma franqueadora com o de uma marca com unidades próprias. “É completamente diferente. A franqueadora precisa inspirar, dar suporte, gerar senso de pertencimento. O franqueado é o nosso cliente. Isso muda toda a cultura.”Questionado sobre o principal erro na jornada empreendedora, ele avalia que foi empreender pensando apenas em si. “Quando empreendi para satisfazer vontades pessoais, perdi tempo e dinheiro”, conta. Por outro lado, para ele seu maior acerto foi ter pessoas certas ao meu lado. “Ninguém faz nada sozinho”, ressalta. E o conselho final? “Quem quer empreender precisa saber que pode dar errado. Mas se continuar, vai aprender e, eventualmente, vai dar certo. O sucesso da market4u é fruto da insistência e do aprendizado com os erros.”The post “Ninguém copia o fracasso”, diz fundador da maior rede de mercados autônomos do país appeared first on InfoMoney.