A atriz e apresentadora Mariah de Moraes protagoniza o novo episódio do podcast “Que Não Saia Daqui!”, apresentado por Manola. Em um bate-papo sensível e cheio de reflexões, Mariah revisita sua trajetória artística — que começou aos dois anos de idade — e revela como sua vivência entre a roça e os sets de filmagem moldou não apenas sua visão de mundo, mas também sua atuação como artista.“Comecei bem pequena, com uns dois anos, fazendo comerciais. Mas eu não sabia me comportar nos sets de filmagem e minha mãe parou de me levar. Aos dez, me firmei fazendo teatro na escola e fluiu”, relembra. Criada no interior do Rio, Mariah cresceu entre pescarias com o avô, cavalos e apresentações na escola e na igreja. Esse contraste com o universo artístico lhe ofereceu uma infância rica em diversidade de experiências: “Ao mesmo tempo que eu estava vivendo uma vida muito matuta, eu estava em sets de publicidade com pessoas completamente diferentes de mim. Isso me deu uma liberdade interior e uma ausência de preconceito muito importante.”Com apenas dez anos, ela foi descoberta em um concurso de modelos e logo fez seu primeiro trabalho no cinema, atuando ao lado de Charlton Heston em uma produção americana filmada no Brasil. “Foi meu primeiro trabalho, e tive até um trailer — nunca mais aconteceu isso”, conta, rindo.A virada de chave em sua carreira na televisão veio com a Malhação, em 2008, quando interpretou a personagem Peralta. “Foi uma experiência incrível. Artisticamente e mediaticamente, foi um marco. O carinho do público foi muito especial”, destaca. Apesar da fama na TV, Mariah construiu uma trajetória sólida e discreta também no teatro e no cinema independente, com destaque para o filme “Eu Só e Nada Mais”, dirigido por Dudu Azevedo. Nele, interpretou uma personagem com múltiplas personalidades: “Foi um trabalho intenso, onde eu pude viver artisticamente várias camadas de uma mulher em sofrimento. No fundo, o filme fala muito sobre exploração e sobre o adoecimento feminino.”Além dos palcos e das câmeras, Mariah também se dedica ao universo do autoconhecimento. Ela é uma das idealizadoras da plataforma Se Eleve, ao lado das amigas Fernanda Souza e Eduarda Porto. A iniciativa nasceu de uma conexão profunda entre elas: “Foi como um pacto de amor. Somos três amigas que decidiram colocar algo a serviço do mundo. A Se Eleve é sobre isso — um espaço de escuta, acolhimento e expansão.”Mariah conta que seu interesse pelo autoconhecimento vem desde a infância, influenciado por sua formação religiosa e pela contemplação. “Sempre me perguntei por que sou assim, porque reajo desse jeito. Comecei a estudar isso com profundidade na adolescência, quando percebi padrões se repetindo na minha vida que eu queria transformar.”Ela se aprofunda há mais de dez anos em práticas e estudos ligados ao tema, como filosofia, espiritualidade e psicologia. “Fui lendo Krishnamurti, estudando ocultismo, mergulhando em questões que me atravessam. Hoje, consigo unir minha sensibilidade artística com essa busca interior”, completa.Ao longo do episódio, Mariah fala também sobre sua relação com os festivais de cinema, como o de Tiradentes e o Festival do Rio, e reforça a importância de se consumir e apoiar o cinema independente nacional: “Os festivais são lugares de troca. A gente precisa conhecer os festivais que acontecem no nosso estado, seguir nas redes sociais, prestigiar. Às vezes está acontecendo um na sua cidade e você nem sabe.”Com a delicadeza e profundidade que marcam sua presença na arte e na vida, Mariah se consolida como uma artista múltipla, que navega com autenticidade entre os holofotes e o silêncio da escuta interior. Seja em cena ou fora dela, segue fiel ao propósito de provocar conexões verdadeiras.