Um relatório preliminar sobre o acidente de avião da Air India respondeu a uma questão fundamental, mas levantou outras.O voo AI171 mal havia deixado a pista no mês passado quando perdeu força e caiu em uma área densamente povoada da cidade de Ahmedabad, no oeste da Índia, matando todas as 242 pessoas a bordo, exceto uma, e outras 19 no solo.Agora, a investigação inicial do Departamento de Investigação de Acidentes Aeronáuticos da Índia (AAIB) revelou que o fornecimento de combustível para ambos os motores foi cortado nos minutos cruciais enquanto a aeronave estava subindo.A “caixa-preta” do avião registrou que a aeronave havia atingido uma velocidade de 180 nós quando os interruptores de combustível de ambos os motores foram “transferidos da posição de funcionamento para a posição de desligamento”, segundo o relatório. Os controles foram acionados com um intervalo de um segundo, interrompendo o fluxo de combustível. Leia mais Kim Jong-un promete apoio "incondicional" à Rússia na guerra da Ucrânia Mesmo golpeado, Hamas adota táticas de guerrilha contra Israel Israelenses protestam contra o governo e pedem libertação de reféns Corte de combustívelUma ligação da caixa-preta revelou que um dos pilotos perguntou ao outro por que ele acionou os interruptores. O outro piloto nega. Segundos depois, os interruptores do Boeing 787 Dreamliner foram acionados para o outro lado, religando o suprimento de combustível.Ambos os motores conseguiram religar, e um deles começou a “progredir para a recuperação”, segundo o relatório, mas era tarde demais para interromper a trágica descida do avião.O relatório revela a razão fundamental pela qual o jato caiu, mas muita coisa permanece sem explicação. As descobertas não deixam claro como os interruptores de combustível foram acionados para a posição de corte durante o voo, se foi intencional, acidental ou pode ter sido uma falha técnica.Nos 787 Dreamliners da Boeing, os interruptores de combustível ficam entre os dois assentos dos pilotos, logo atrás das alavancas de aceleração do avião.Local de queda de avião da Air India em Ahmedabad • 12/6/2025 REUTERS/Amit DaveEles são protegidos nas laterais por uma barra de metal. Os controles exigem que o operador levante fisicamente a alavanca do interruptor para cima e sobre um detentor – uma trava – pois eles são projetados para que não possam ser batidos acidentalmente.Geoffrey Dell, especialista em segurança aérea que conduziu inúmeras investigações de acidentes aéreos, considera difícil entender como ambos os interruptores podem ter sido acionados por engano.“É um processo de pelo menos duas ações para cada um”, disse ele à CNN. “Você precisa puxar o interruptor em sua direção e depois empurrá-lo para baixo. Não é o tipo de coisa que se pode fazer inadvertidamente.”Segundo Dell, seria “bizarro” para um piloto cortar deliberadamente o combustível de ambos os motores imediatamente após a decolagem. Não há “nenhum cenário no planeta em que você faria isso imediatamente após a decolagem”, disse ele.Apontando para o fato de que ambos os interruptores do motor foram acionados com um intervalo de um segundo, Dell observou: “É o tipo de coisa que você faz quando estaciona o avião no final do voo… Você se conecta ao terminal e desliga os motores.”Condução dos pilotos Em declarações à Reuters, ex-piloto Ehsan Khalid alertou contra a atribuição de culpa aos pilotos. “O relatório para mim é conclusivo apenas ao afirmar que o acidente ocorreu porque ambos os motores perderam potência.”Ele acrescentou: “Os pilotos sabiam que a potência do motor da aeronave havia sido perdida e também sabiam que não tomaram nenhuma atitude para causar isso”.Um relatório completo não deverá sair nos próximos meses e o Ministro da Aviação Civil da Índia, Ram Mohan Naidu, disse: “Não vamos tirar conclusões precipitadas neste momento”.A Air India reconheceu que recebeu o relatório e disse que continuará cooperando com as autoridades na investigação.