“Comparado ao Césio-137”, diz chefe no ICMBio sobre tragédia em lixão

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Quase um mês depois de uma montanha de lixo desabar no lixão Ouro Verde, localizado em Padre Bernardo (GO), no Entorno do Distrito Federal, os danos ambientais causados pela tragédia ainda são incalculáveis. Em entrevista ao Metrópoles, o chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio Descoberto, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fábio Miranda, comparou o acontecido com o caso do Césio 137.“A gente fica até na dúvida, em questão dos danos ambientais, do que foi pior: o Césio 137 ou esse caso de Ouro Verde. Está contaminando muito o solo e, consequentemente, o lençol freático e as raízes da vegetação”, explicou Fábio.Goiânia mantém marcas em terrenos 34 anos após tragédia do Césio-137 Leia também Entorno “Isso aqui virou uma luta”: tragédia em lixão afeta saúde de moradores Entorno Começa ação para evitar contaminação de rio por lixão que desabou Entorno Governo de GO multa em R$ 37,5 mi empresa dona de lixão que desabou Distrito Federal Lixão que desmoronou foi liberado por juiz há 2 anos. Veja argumentos Segundo ele, pode demorar dezenas de anos até que a contaminação seja revertida. “Do ponto de vista ambiental, tem contaminação ali que vai demorar dezenas de anos para ser revertida. No solo, por exemplo, tem diferentes poluentes, é até difícil dizer exatamente quais são”. Fábio cita que um dos componentes encontrados no solo é o mércurio.Relembre caso do lixãoUma montanha de lixo desabou no Aterro Ouro Verde em 18 de junho. Testemunhas gravaram o momento da queda e a extensão que os resíduos alcançaram;O aterro é alvo de uma série de ações judiciais, sendo uma delas a ação civil pública movida pelo Ministério Público do Goiás (MPGO) e pelo Ministério Público Federal (MPF) por “dano ambiental”;Até então, o empreendimento funcionava sob autorização de uma liminar expedida pelo TRF-1;A empresa responsável pela administração do aterro foi multada em R$ 37 milhões. Além disso, bloqueio de R$ 10 milhões das contas da empresa “como forma de garantir a existência de recursos necessários para a contenção emergencial e reparação dos danos ambientais decorrentes do colapso da estrutura do aterro;O aterro fica localizado em Padre Bernardo, Entorno do Distrito Federal, e opera em zona de conservação da Área de Preservação Ambiental (APA) do Rio Descoberto — segundo o MP, sem licenciamento do Estado de Goiás;Com o desabamento do lixo, segundo o governo goiano, as águas do Rio do Sal e do Córrego Santa Bárbara ficaram contaminadas. O uso foi proibido por tempo indeterminado;O local conta com quatro bacias de chorume carregadas com risco de colapsto total, o que ocasiona riscos eminentes de novos desabamentos no aterro. Como chefe da APA em que o lixão foi instalado, Fábio e outros servidores do ICMBio, do Governo de Goiás e de outros órgãos fizeram diversas visitas ao local. Os relatos são de que não havia controle do que entrava como resíduo.“Como ele [o lixão] funcionava de maneira precária, recebia qualquer tipo de produto, inclusive lixos hospitalares. Nós chegamos a andar sobre seringas”, contou Fábio.O que tem sido feitoO desabamento da montanha de lixo ocorreu em 18 de julho. Em 7 de julho, a empresa proprietária do lixão afirmou que vai agir para controlar e reduzir os danos ambientais causados pelo desmoronamento.A Secretaria do Meio Ambiente de Goiás (Semad) encaminhou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para, segundo a pasta, “garantir que compromissos e prazos sejam devidamente cumpridos”. O documento está com a responsável pelo empreendimento para ser assinado.No início do mês, os órgãos competentes começaram uma ação de transposição da água do córrego Santa Bárbara, micro-bacia da região.14 imagensFechar modal.1 de 142 de 14Reprodução3 de 14Reprodução/redes sociais 4 de 14Um dos trabalhadores dos locais juntamente aos resíduos no fundo@hugobarretophoto/Metrópoles5 de 14Escavadeira realizando o transporte dos resíduos@hugobarretophoto/Metrópoles6 de 14@hugobarretophoto/Metrópoles7 de 14Britas resultante do processo de reciclagem@hugobarretophoto/Metrópoles8 de 14Morros dos resíduos não recicláveis@hugobarretophoto/Metrópoles9 de 14@hugobarretophoto/Metrópoles10 de 14A Justiça determinou o fechamento completo do Lixão da EstruturalHugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto11 de 14Localizado a menos de 14 quilômetros do centro de Brasília, o Lixo ocupa uma área com imenso potencial urbanoHugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto12 de 14Segundo especialistas, não há risco de desabamento, mas é urgente o fechamento seguro do localHugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto13 de 14Reprodução/Governo do Goiás14 de 14Avalanche de lixo no Entorno do DF reacende alerta para fechamento do Lixão da Estrutural Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophotoA operação visa evitar a contaminação da água pelos resíduos que desabaram do Aterro Ouro Verde. São aproximadamente 40 mil toneladas de lixo acumulado, incluindo resíduos hospitalares.O isolamento dos resíduos da água foi um evento emergencial já que o montante dos lixos começou a juntar muita água, o que poderia ocasionar o deslocamento dos materiais pela água até a Usina Hidrelétrica Serra da Mesa. Além disso, a água do córrego abastece moradores locais, seja para consumo próprio ou até mesmo para situações de plantio e cultivo de alimentos.