Inflação dos EUA sobe com tarifas e vira alerta global sobre pressões de preços

Wait 5 sec.

Após meses de inflação modesta, os consumidores dos EUA provavelmente enfrentaram um crescimento de preços ligeiramente mais rápido em junho, à medida que as empresas começaram a repassar os custos mais altos de mercadorias importadas associados às tarifas.Os preços de bens e serviços, excluindo os voláteis custos de alimentos e energia, subiram 0,3% em junho — a maior alta em cinco meses — segundo uma pesquisa da Bloomberg com economistas. Em maio, o chamado índice de preços ao consumidor “core” havia avançado apenas 0,1%.A medida, considerada um indicador mais preciso da inflação subjacente, deve acelerar em base anual pela primeira vez desde janeiro, para 2,9%.Embora o relatório de terça-feira deva mostrar apenas um repasse modesto das tarifas de importação mais altas dos EUA, muitos economistas esperam que a inflação aumente gradualmente ao longo do ano.Ao mesmo tempo, muitos varejistas hesitam em elevar os preços para os consumidores americanos, que estão demonstrando maior disciplina nos gastos diante do arrefecimento do mercado de trabalho. É um exercício de equilíbrio delicado.Leia tambémTrump acelera ofensiva tarifária e ameaça revirar o comércio global até agostoEUA miram aliados e rivais com impostos unilaterais; mercados observam com cautelaOs dados de vendas no varejo de quinta-feira devem mostrar apenas um aumento modesto em junho, após dois meses de quedas. Os detalhes do relatório, que refletem principalmente os gastos com mercadorias, ajudarão os economistas a refinar suas estimativas para o crescimento econômico do segundo trimestre.Embora a demanda do consumidor tenha perdido força junto com o mercado de trabalho, autoridades do Federal Reserve evitaram cortar os juros devido à preocupação de que tarifas mais altas acabem acelerando a inflação. Os formuladores de política monetária se reúnem novamente nos dias 29 e 30 de julho.“Achamos que a composição dos aumentos de preços provavelmente será semelhante à do relatório de maio, com apenas um repasse modesto de tarifas nas categorias de bens, compensado por uma contínua fraqueza nos serviços. Os dados de preços coletados mostram um cenário misto, com alta em categorias como eletrodomésticos e móveis, mas quedas em passagens aéreas e carros usados”, dizem Estelle Ou, Stuart Paul, Eliza Winger e Chris G. Collins, economistas da Bloomberg.Além da divulgação do Livro Bege do Fed na quarta-feira — uma compilação de relatos sobre as economias regionais — investidores ouvirão diversos dirigentes do banco central dos EUA na próxima semana. Estão entre eles os governadores Christopher Waller, Adriana Kugler e Lisa Cook.Agenda Econômica: Destaques globaisCanadáNo Canadá, o órgão de estatísticas divulgará o segundo de dois relatórios de inflação antes da decisão de juros do Banco do Canadá em 30 de julho. O banco central está acompanhando de perto os indicadores de núcleo, que aceleraram nos últimos meses, mas recuaram levemente para 3% em maio.Entre outros destaques, estão a reunião dos ministros de Finanças do G-20 na África do Sul, dados de inflação do Japão e do Reino Unido e discursos importantes de autoridades britânicas.ÁsiaUma série de dados do Japão e da China estará no foco, com indicadores-chave de crescimento e comércio desde a Malásia até a Índia também atraindo atenção.Tudo começa na segunda-feira, quando a China divulga números do comércio exterior, que devem oferecer uma leitura atualizada sobre os impactos das tarifas dos EUA e um possível adiantamento de embarques.No dia seguinte, os números de vendas de imóveis novos, vendas no varejo e desemprego da China em junho oferecerão um retrato do consumidor, enquanto o PIB do segundo trimestre está projetado para desacelerar a 5,3%. Os dados de produção industrial devem mostrar a saúde geral da economia e um de seus principais motores.No Japão, os pedidos centrais de máquinas e os dados finais da produção industrial de maio serão divulgados na segunda-feira e devem evidenciar uma desaceleração da atividade. Os dados comerciais de quinta-feira também devem vir fracos.Os números da inflação de sexta-feira destacarão o desafio enfrentado pelo banco central japonês, com os preços ao consumidor nacionais em junho devendo mostrar queda da taxa principal para 3,3%.Crescimento e comércio serão temas centrais na região. A Índia divulga dados de exportações de junho na terça-feira, enquanto a inflação deve apresentar desaceleração nos dados de segunda-feira. A Malásia publica os dados do PIB do segundo trimestre e de exportações após um mês de maio fraco.Cingapura provavelmente registrou crescimento de 0,8% no segundo trimestre, enquanto a fraqueza nos preços de exportação e importação da Coreia do Sul pode persistir em junho diante da demanda reduzida.Em outros lugares, o banco central da Indonésia deve cortar sua taxa básica de juros.Leia tambémVeja os principais produtos afetados pelas tarifas de Trump em cada paísPresidente americano enviou cartas a 24 países e à União Europeia ameaçando impor tarifas mais altas caso não fechem acordos comerciaisEuropa, Oriente Médio e ÁfricaO destaque da semana na região será o encontro dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20 — o segundo desde que a África do Sul assumiu a presidência rotativa do grupo, sucedendo o Brasil.O evento deve novamente ser ofuscado pelas ameaças tarifárias dos EUA e pela ausência do secretário do Tesouro, Scott Bessent. A maior economia do mundo manifestou insatisfação com o tema escolhido pelo anfitrião — “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade” — além de certas políticas externas do país.No Reino Unido, os mercados continuarão atentos diante da crescente preocupação com as finanças públicas e após o fraco número de crescimento divulgado na sexta-feira.Na terça-feira, os discursos no Mansion House da chanceler Rachel Reeves e do presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, devem atrair os holofotes.Os dados de inflação de junho saem no dia seguinte, com economistas prevendo uma taxa teimosamente acima de 3% no índice principal e um enfraquecimento apenas modesto no índice de serviços, para 4,6%.Os formuladores de política monetária podem encontrar maior alívio nos dados do mercado de trabalho de quinta-feira, que devem mostrar uma desaceleração significativa nas pressões salariais.Na zona do euro, a produção industrial de terça-feira e o índice ZEW de confiança dos investidores na Alemanha estarão entre os destaques. Os números de exportações da região serão divulgados no dia seguinte, e os dados da Suíça, na quinta-feira. Todos podem revelar impactos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.Fora a reunião do G-20, poucas aparições de autoridades do Banco Central Europeu estão programadas. Os presidentes dos bancos centrais da Croácia e da França estão entre os que devem discursar.Em Israel, os dados de terça-feira provavelmente mostrarão que a inflação permaneceu estável em 3,1% no mês passado, segundo pesquisa da Bloomberg com economistas. Isso ainda está acima da meta oficial do país, de 1% a 3%, e pode levar o banco central a manter cautela quanto ao afrouxamento monetário.Na República Democrática do Congo, o banco central pode cortar os juros pela primeira vez desde 2022, já que a taxa de juros real — ajustada pela inflação — de 14,5% está entre as mais altas do mundo.Em Angola, na sexta-feira, a expectativa é de manutenção da taxa básica em 19,5% pela sétima vez consecutiva. As autoridades desejam avaliar o impacto sobre a inflação do aumento de até 50% nas tarifas de transporte público, após o reajuste no preço do diesel no início do mês.Leia tambémPós-tarifas de Trump: Consenso do mercado agora é que demanda de petróleo vai piorarNão havia uma solidificação de opinião, mas depois das últimas ações do governo Trump em relação às taxas de importação o quadro mudouAmérica LatinaO Brasil divulga na segunda-feira os dados de produção de maio, que devem mostrar nova desaceleração mensal, à medida que os juros, próximos de um recorde de duas décadas, pesam sobre a maior economia da América Latina.Uma 16ª expansão trimestral consecutiva parece bem ao alcance, mas, se Trump cumprir a ameaça de tarifas de 50%, uma recessão no segundo semestre não está descartada.Outras duas grandes economias da região — Peru e Colômbia — também divulgam relatórios de atividade econômica. Ambas foram amplamente poupadas de impactos diretos na mais recente escalada de tensões tarifárias promovida por Trump.Embora o Peru seja um grande exportador de cobre, tarifas de 50% sobre o metal nos EUA podem ter pouco efeito na demanda, dado o papel central do cobre na indústria e na produção de bens de consumo.Encerrando as leituras de preços de junho nas grandes economias latino-americanas, a Argentina provavelmente registrará o 14º mês seguido de desaceleração da inflação anual — possivelmente abaixo de 40%.Após a desaceleração dos preços ao consumidor para 1,5% em maio, a maioria dos analistas espera uma alta em junho. A mediana das estimativas dos economistas consultados pelo banco central aponta para um avanço mensal de 1,8%.© 2025 Bloomberg LPThe post Inflação dos EUA sobe com tarifas e vira alerta global sobre pressões de preços appeared first on InfoMoney.