Após um mês de maio bastante forte, junho mostrou uma desaceleração generalizada no varejo, com todos os subsegmentos apresentando desaceleração no ritmo de crescimento na comparação sequencial, movimento que está em linha com os comentários de algumas empresas sob cobertura do Itaú BBA.Embora ainda seja cedo para conclusões definitivas, o BBA avalia que junho levantou uma “bandeira amarela” para o varejo e considera que os próximos meses serão fundamentais para entender a trajetória do setor.Na mesma linha que BBA, o Santander acredita que o 2T25 será um teste para avaliar se as recentes melhorias são sustentáveis e se há sinais de desaceleração do consumo. Leia tambémUsiminas: Goldman corta ação para neutra e alerta para vários desafios; ação cai 5%Banco também aponta que Usiminas precisará manter investimentos acima da depreciação para elevar eficiência e competitividade no longo prazoAura Minerals (AURA33) levanta R$ 1,091 bi em oferta de ações nos EUAObjetivo é transferir sua principal listagem para uma bolsa dos EUAAnalistas do Santander esperam que a maioria das empresas apresente crescimento sólido de receita e expansão das margens neste período. Os destaques positivos devem ser Renner (LREN3), C&A (CEAB3), Vivara (VIVA3) e Pague Menos (PGMN3), enquanto Arcos Dorados, RD Saúde (RADL3), Grupo SBF (GSBF3) e Magazine Luiza (MGLU3) devem enfrentar trimestres mais desafiadores.A XP Investimentos, por sua vez, vê Track&Field (TFCO4), farmácias regionais e vestuário de renda média como os destaques desta temporada de resultados, com Alpargatas (ALPA4) e Lojas Renner como potenciais surpresas positivas, enquanto RD Saúde, Grupo SBF, Magazine Luiza e GPA (PCAR3) devem ser os pontos negativos.Além disso, a corretora acredita que as expectativas e o posicionamento no setor estão elevados, o que representa um desafio adicional. Embora ainda espere resultados sólidos, a XP Investimentos destaca que algumas empresas enfrentarão questões específicas que levarão a resultados mais pressionados.O BTG também espera que as empresas continuem apresentando melhorias no 2T25, com crescimento da receita líquida do setor de 9% na base anual e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 12% (principalmente no varejo discricionário), enquanto o lucro líquido deve crescer de R$ 1,2 bilhão no 2T24 para R$ 1,3 bilhão no 2T25.Confira o calendário de resultados do 2º trimestre de 2025 da Bolsa brasileiraVarejistas de vestuárioA XP avalia que os varejistas de vestuário voltados ao público de baixa e média renda devem apresentar mais um trimestre sólido, sustentados por uma dinâmica robusta de receita. A combinação de preço/mix favorável e ganhos de eficiência interna tende a apoiar a expansão das margens, com a Renner sendo potencialmente o principal destaque do segmento.O Santander, por sua vez, projeta que Renner e C&A entrarão no trimestre com comparações favoráveis após o inverno quente do ano anterior, com Renner afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.Para a Renner, analistas do Satander esperam crescimento de 15% nas vendas mesmas lojas (SSS), aumento de 115 pontos base na margem Ebitda do varejo e contribuição positiva do setor de crédito ao consumidor. Já a C&A deve registrar cerca de 17% de crescimento em SSS de vestuário, sobre uma base alta de 13%, promovendo alavancagem operacional e elevação do Ebitda em 24% ano a ano.De acordo com BTG, a Renner, que negocia a 11 vezes P/L para 2026, deve reportar um crescimento de 16% na receita de suas operações de varejo e uma margem Ebitda de 15,8%, enquanto a C&A (10 vezes P/L para 2026) provavelmente registrará um crescimento de 19% nas vendas de vestuário, também com expansão da margem.Alta rendaEntre os players voltados à alta renda, a XP antecipa um trimestre mais desafiador para a Azzas (AZZA3), diante de um crescimento limitado da receita. Já a Vivara (VIVA3) deve apresentar uma estabilidade nas receitas na comparação trimestral, mas com melhora nas margens brutas, beneficiada por bases de comparação mais normalizadas. A XP vê a Track&Field (TFCO4) como o destaque positivo do grupo, com forte crescimento de receita e expansão de margens.Para a Vivara, o Santander espera uma recuperação sequencial que aliviará preocupações causadas pelo desempenho fraco do primeiro trimestre, com crescimento estimado da receita líquida de 16% e aumento da margem Ebitda ajustada em 100 pontos base.Já o BBA prevê um crescimento de receita de aproximadamente 15% para a Vivara, com pressão significativamente menor na margem bruta na comparação com o 1º trimestre e um nível de estoque relativamente estável em relação ao trimestre anterior. “Todos os olhares estão voltados para a capacidade da empresa de sustentar esse nível de crescimento no 2º semestre de 2025, ao mesmo tempo em que melhora a dinâmica da margem bruta e mantém uma posição de estoque saudável”, comenta o banco.O BTG Pactual projeta que a Vivara (VIVA3), negociada a 8,6 vezes o lucro estimado para 2026, deve registrar um crescimento de aproximadamente 15% na receita bruta no segundo trimestre de 2025, com avanço de 100 pontos-base na margem EBITDA em relação ao mesmo período do ano anterior. Para a Track&Field (TFCO4), com múltiplo de 11,7 vezes o lucro para 2026, a expectativa é de alta de 22% na receita líquida, acompanhada de expansão de 150 pontos-base na margem EBITDA.No caso da Azzas, negociada a 7,8 vezes o lucro projetado para 2026, o BTG estima crescimento de 12% na receita (excluindo marcas descontinuadas), com margem EBITDA ligeiramente acima dos níveis registrados no segundo trimestre de 2024. Apesar do desempenho relativamente inferior em relação aos pares no trimestre, o BTG segue vendo espaço para uma recuperação significativa das margens no segundo semestre de 2025.FarmáciasPara BBA, o segundo trimestre para as empresas farmacêuticas será impactado positivamente pelos surtos de gripe/influenza e pelas vendas de medicamentos GLP-1 (Mounjaro + antecipação de compras devido à necessidade de receita médica a partir de 23 de junho).Segundo Santander, a Pague Menos deve continuar crescendo acima dos concorrentes, com receita projetada em alta de 17% e elevação da margem EBITDA em 75 pontos base, compensando uma margem bruta estável.Nos destaques negativos, o Santander aponta que a RD Saúde enfrentará um trimestre desafiador devido a reajustes mais baixos da CMED, com queda na margem EBITDA ajustada e retração no EBITDA. O Grupo SBF deve ter bom desempenho na Centauro, mas enfrenta desafios na rentabilidade da Fisia, com margem EBITDA consolidada projetada em queda. Magazine Luiza deve registrar receitas estáveis e margem EBITDA estável, com pausa na expansão da rentabilidade.O BTG mantém uma visão mais cautelosa com RD e espera resultados ainda fracos, pressionados pela concorrência crescente do e-commerce na categoria de higiene e beleza. Apesar de dados mais positivos da IQVIA para o varejo farmacêutico em maio — impulsionados pela demanda por medicamentos contra gripe e problemas respiratórios —, o banco estima crescimento de 11% na receita líquida da RD, com SSS consolidado em alta de 6%, mas com compressão de 100 pontos-base na margem EBITDA em relação ao mesmo período de 2024.AlimentosA XP Investimentos prevê dinâmicas de receita e margem semelhantes às do 1º trimestre, apesar do adiamento da Páscoa para este trimestre. Nesse sentido, a instituição espera resultados marginalmente melhores para o Grupo Mateus (GMAT3), enquanto o GPA deve apresentar tendências mais fracas.Já o BTG Pactual avalia que Assaí (ASAI3) e Grupo Mateus (GMAT3) seguem em trajetória de crescimento, ainda que abaixo da inflação de alimentos e com sinais de enfraquecimento nas tendências no fim do trimestre. Para o Assaí, o banco projeta crescimento de 6% nas vendas mesmas lojas (SSS), alta de 8% na receita total e leve expansão de 20 pontos-base na margem EBITDA na comparação anual.Já o Grupo Mateus deve reportar avanço de 14% na receita líquida — acima dos 13% registrados no primeiro trimestre —, com crescimento de 30 pontos-base na margem EBITDA (pós-IFRS 16), também na base anual.E-commerce e bens duráveisPor fim, no e-commerce e bens duráveis, a XP espera resultados semelhantes aos do 1º trimestre, com crescimento da receita ainda pressionado, mas a Casas Bahia (BHIA3) apresentando tendências ligeiramente melhores que a Magalu. Quanto ao Mercado Livre, a maior competição deve levar a uma margem EBIT pressionada devido a investimentos em marketing e logística.Já o Santander recomenda atenção especial ao Mercado Livre (BDR: MELI34), que deve apresentar crescimento expressivo no volume bruto negociado (GMV) e receita, embora a margem EBIT possa cair devido a investimentos e incentivos.Por fim, o Santander destaca que, apesar da desaceleração no crescimento de membros da SmartFit (SMFT3) no México, a empresa deve manter um forte crescimento de receita e EBITDA, compensando a fraqueza local com desempenho robusto em outras regiões da América Latina e no Brasil.The post Varejo: resultados do 2T podem sustentar as teses após rali? Alguns dados serão chave appeared first on InfoMoney.