Christian Egan, CEO da Tivio Capital, e Katherine Kardos, head de Gestão de Fundos de Crédito Estruturado da gestora veem crédito estruturado hoje como uma das mais promissoras avenidas para geração de retorno. “O papel das gestoras de alternativos será cada vez mais relevante. Os bancos têm limitações de capital para carregar ativos longos e isso abre espaço para a atuação de casas como a nossa”, afirmou Christian Egan.Egan explicou que, no entanto, apesar de a Tivio ser uma gestora jovem sob nova configuração — fruto da reestruturação da antiga BV Asset com apoio do Bradesco e do Banco BV —, ela opera com processos sofisticados e alto rigor na análise e decisão de investimentos. O comitê de investimentos, por exemplo, é composto por 11 sócios, dos quais 10 participam ativamente das decisões.“Nos últimos 12 meses, originamos cerca de 450 operações. Apenas 150 chegaram ao comitê. E, dessas, uma parte virou investimento. Isso mostra como somos seletivos”, disse o executivo. Katherine Kardos complementou, afirmando que mais da metade da equipe da gestora — hoje com 85 pessoas — atua diretamente com gestão e análise. “Temos profissionais especializados por setor: energia, infraestrutura, crédito imobiliário e estruturado. Isso permite um cruzamento valioso de visões dentro do comitê”, disse.Christian Egan e Katherine Kardos participaram do episódio 164 do Outliers InfoMoney, apresentado por Clara Sodré e Fabiano Cintra, ambos da XP.Leia mais: Última chamada aos fundos isentos? CEO da Sparta alerta para janela de oportunidadeE também: Itaú Asset: Empresa menor está sentindo mais os impactos do ambiente macroeconômicoLiquidezUm ponto enfatizado pelos dois gestores foi a importância do Asset Liability Management (ALM) na estrutura dos fundos. Egan relembrou casos históricos em que fundos com prazos de resgate curtos colapsaram por carregarem ativos ilíquidos. “Já vivi isso na tesouraria de banco. Muitos fundos quebraram porque não conseguiram vender seus ativos no secundário”, disse.A Tivio afirma ser conservadora em sua gestão de liquidez e utiliza modelos com inteligência artificial para prever cenários de estresse e determinar a necessidade de caixa. “Jamais abriremos mão da liquidez para buscar 100 ou 200 pontos-base adicionais de retorno. É uma questão de responsabilidade”, destacou Egan.Katherine reforçou que o monitoramento das operações é contínuo, e que novas práticas de diligência estão sendo incorporadas. “Hoje exigimos, por exemplo, que os originadores de cotas subordinadas em FIDCs comprovem que, de fato, estão com o ‘skin in the game’. Isso mostra alinhamento de interesse com a estratégia.”Mesmo diante da maior cautela no mercado, a Tivio vê oportunidades claras, especialmente no crédito estruturado com boas garantias. “Estamos estruturando um CRA para um grande produtor rural que estava com acesso limitado ao mercado de capitais. A operação terá duração mais curta, mas spreads atrativos, com garantias sólidas”, afirmou Egan.Ele alerta, no entanto, para riscos no crédito high grade. “Há empresas com spreads comprimidos operando com alavancagens altas. Estamos mais seletivos, inclusive cortando posições que tínhamos conforto há 12 meses”, explicou.The post Tivio Capital defende papel das gestoras no crédito, mas com rigor na governança appeared first on InfoMoney.