Se você tem curiosidade de conhecer a beleza das culturas Brasil afora, com certeza vai se surpreender positivamente com a intrigante Vila Trunyan, localizada na belíssima ilha de Bali na Indonésia. Isso porque, o local tem uma tradição um tanto peculiar, onde há uma conexão entre uma árvore “mágica” e um cemitério a céu aberto.Nesse caso, céu aberto significa que os corpos ficam expostos sob a superfície. Basicamente, não há sepultamento nesse local. No entanto, há um fator importantíssimo para que isso seja possível. Confira a seguir e entenda mais sobre essa fascinante vila habitada pelo povo Bali Aga.Cemitério a céu aberto e árvore ‘mágica’: o mistério de TrunyanVila Trunyan, em Bali, Indonésia/Shutterstock_Sertan YamanPara entender mais sobre a árvore “mágica”, também conhecida como sagrada, e o cemitério a céu aberto, é importante conhecer melhor o povo Bali Aga, que difere um pouco dos demais cidadãos da ilha de Bali.Originalmente, esse povo constitui um grupo singular que preserva a cultura ancestral de Bali, adotando o balinês como língua principal, em vez do bahasa indonésio, que é o idioma oficial do país.Leia maisSantuário mais antigo do mundo revela segredos do início da civilizaçãoFosso misterioso pode ter dividido Jerusalém nos tempos bíblicosPorta de entrada para o mundo dos deuses guarda segredos no MéxicoOs Bali Aga são moradores da vila de Trunyan, localizada às margens do Lago Batur em Bali. Uma característica marcante desse povo é não seguir exatamente o hinduísmo tradicional praticado no restante da ilha. Nesse contexto, destaca-se o funeral realizado em Trunyan, pois enquanto os hindus balineses cremam seus mortos, os Bali Aga colocam seus entes queridos falecidos em um cemitério a céu aberto.Na tradição, os mortos são conduzidos em canoas até um cemitério ao ar livre, onde seus corpos permanecem expostos, seguindo um ritual ancestral. O local é isolado e cercado por encostas íngremes cobertas por vegetação densa, situado às margens de um extenso lago de cratera nas regiões montanhosas de Bali, acessível apenas por uma breve viagem de barco a partir da vila principal.O ritual no cemitério e a árvore sagradaNa mística Ilha da Caveira, rituais antigos convivem com a natureza em um cemitério onde os corpos são expostos sem serem enterrados/Shutterstock_Johan kusumaApós a viagem de barco, os mortos são levados à chamada “Ilha da Caveira”, que pertence ao mesmo território da vila Trunyan. Quando chegam lá, os mortos são colocados diretamente no chão, cobertos por um tecido branco com o rosto exposto. Em seguida, uma estrutura de bambu conhecida como ancak sanji é erguida ao redor dos corpos, compondo o ritual denominado Mepasah. A cerimônia consiste em deixar os mortos sob o efeito da natureza, expostos à chuva e ao ar livre até que se decomponham naturalmente.Sobretudo, o fator que permite a execução desse costume sem incômodo sanitário está na árvore sagrada Taru Menyan, localizada no centro do cemitério. Isso porque, ela exala um aroma intenso e perfumado capaz de neutralizar os odores da decomposição, tornando o ambiente surpreendentemente livre de mau cheiro. Por respeito à tradição, apenas 11 corpos podem passar pelo Mepasah ao mesmo tempo, o que reforça o caráter ritualístico e ancestral dessa prática singular mantida pelos Bali Aga.Por que os Bali Aga não enterram os mortos?Vista do monte vulcão e lago Batur localizado na área de Kintamani em Bali, Indonésia/Shutterstock_Visun KhankasemA principal razão para não utilizarem o fogo ou o sepultamento está ligada ao respeito pela natureza e à presença do vulcão Monte Batur, considerado sagrado. Acredita-se que o uso do fogo poderia ofender os espíritos da montanha. Portanto, o vulcão Monte Batur molda a vida e a morte nessa região há séculos. Isso porque a vila fica abaixo desse vulcão ativo, às margens do lago agitado na cratera.No entanto, nem todos os habitantes da vila podem ser levados a esse cemitério sagrado. O privilégio de descansar sob a árvore Taru Menyan é reservado apenas àqueles que atingem certo status na comunidade, como líderes espirituais, anciãos ou indivíduos que morreram de causas naturais. Aqueles que morrem antes de casar-se ou afogados, por exemplo, são sepultados ou cremados em locais distintos, conforme rituais alternativos que coexistem com as práticas ancestrais da vila.O post Por que os Bali Aga não enterram os mortos? Descubra uma ilha com um cemitério diferente apareceu primeiro em Olhar Digital.