Futuro financeiro: DREX e blockchain além das criptos

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O iColab promoveu uma aula aberta com foco em educação financeira e inovação, reunindo especialistas para discutir o impacto do DREX e da tecnologia blockchain no sistema financeiro brasileiro.  A aula faz parte da iniciativa da iColab School, escola de negócios voltada para formações em blockchain. A proposta é oferecer um ambiente acessível para quem deseja se aprofundar no tema, com conteúdo que vai desde as bases da tecnologia até suas aplicações no dia a dia.  A mediação ficou por conta de Mirian Tunes, da agência Plural, que cuida da comunicação da iColab. Os convidados foram Solange, economista com mestrado em administração e carreira consolidada na área de meios de pagamento, e Fabrício, engenheiro com quase duas décadas de experiência em finanças e tecnologia. Ambos atuam no CCRED e têm se dedicado ao estudo e aplicação de soluções baseadas em blockchain no contexto do sistema financeiro nacional. Educação e blockchain: por que esse tema importa? O avanço da tecnologia blockchain está transformando o modo como lidamos com o dinheiro, os pagamentos e as finanças em geral. No entanto, para que essas transformações sejam compreendidas e absorvidas, a educação tem um papel fundamental. Sem acesso a informação de qualidade, grande parte da população corre o risco de ficar de fora dessa nova etapa da economia digital. Durante o evento, os especialistas reforçaram que muitas pessoas ainda veem a blockchain como algo distante, complicado ou restrito ao universo das criptomoedas. Por isso, é importante desmistificar o assunto e mostrar como essa tecnologia já está presente em soluções práticas — inclusive em ações conduzidas por órgãos públicos e instituições tradicionais. A proposta do iColab School surge justamente para ser uma ponte entre teoria e prática. A escola quer ajudar a formar profissionais capazes de entender e aplicar blockchain em diferentes áreas, aproximando o tema de quem atua no setor público, no mercado financeiro, na tecnologia ou até em universidades. A missão é aumentar o acesso ao conhecimento e preparar mais pessoas para participar ativamente dessa transformação. A evolução do dinheiro: da troca ao token A aula do iColab resgatou a linha do tempo do dinheiro, mostrando como os meios de pagamento acompanharam as transformações da sociedade. Tudo começou com o escambo, ainda presente em contextos rurais e pequenos grupos, passando pelo uso de metais preciosos, como o ouro, até a criação das moedas e do papel moeda. A partir daí, o sistema financeiro seguiu se sofisticando com os cartões magnéticos, a digitalização das transações e, mais recentemente, o surgimento do Pix e das criptomoedas. Esse percurso ajuda a entender por que a digitalização do dinheiro não é uma novidade repentina. Hoje, mesmo sem perceber, lidamos com dinheiro digital todos os dias — nos aplicativos bancários, nas transferências eletrônicas, nas compras por aproximação. O dinheiro físico perdeu espaço, e o que movimenta a economia já passa, em sua maior parte, por sistemas digitais. Um ponto destacado por Solange foi a lógica do pagamento como um meio, não um fim. Ninguém acorda com vontade de pagar, mas sim de realizar um desejo — como tomar um café, pegar um transporte ou acessar um serviço. Quanto mais invisível e fluido o pagamento, melhor a experiência do usuário. É nesse contexto que a inovação se torna importante para criar formas de pagamento mais ágeis, seguras e integradas à rotina. Por dentro do DREX O DREX é a moeda digital emitida pelo Banco Central do Brasil. Diferente das criptomoedas, ele será lastreado no real e operado em uma blockchain permissionada, garantindo segurança, rastreabilidade e controle regulatório. A proposta vai além de criar uma nova forma de pagamento. O DREX representa um passo estratégico para modernizar o sistema financeiro brasileiro com base nas particularidades do país. Solange destacou que o Brasil já resolveu os principais desafios de pagamento com o Pix, então a motivação para o DREX é diferente da de outros países. O foco agora está em abrir espaço para novos modelos de negócio, reduzir intermediários e aumentar a eficiência do sistema, promovendo inclusão e democratização do acesso financeiro.  O DREX permite funcionalidades que o Pix não abrange — como a programabilidade e a atomicidade dos contratos inteligentes —, possibilitando, por exemplo, que a transferência do pagamento e da propriedade de um bem (como um carro usado) ocorram de forma simultânea e automática. Durante a live, também foram detalhados os casos de uso testados na Fase 1 do piloto, como o DREX de atacado (entre instituições), o DREX de varejo (para o cidadão) e os títulos públicos federais tokenizados.  Fabrício ressaltou que o piloto está mapeando oportunidades e desafios, como o “trilema” enfrentado pelo Banco Central: garantir ao mesmo tempo programabilidade, descentralização e privacidade. Segundo ele, a privacidade ainda é o ponto mais delicado, e diversas soluções estão sendo testadas para viabilizar um modelo viável e seguro. Além disso, já estão em curso 13 novos casos de uso previstos para a Fase 2, com destaque para aplicações em crédito, câmbio e tokenização de ativos do mundo real (RWAs). Essa etapa é mais complexa, pois exige o envolvimento de diferentes agentes, como cartórios, registros de condomínio e validação de documentos.  Blockchain aplicado na prática Durante a aula, os especialistas também explicaram as principais diferenças entre os tipos de blockchain. A pública, como a usada no Bitcoin e no Ethereum, é aberta a qualquer pessoa e opera de forma descentralizada, sem autorização prévia. Já a blockchain permissionada, como a que será usada no DREX, exige autorização para participação e é mais adequada a contextos regulatórios, como o do sistema financeiro. Esse tipo de infraestrutura permite aplicações seguras e rastreáveis, como a tokenização. O conceito foi apresentado de forma simples: tokenizar é representar digitalmente um ativo dentro da blockchain. Esse ativo pode ser um bem físico, um valor financeiro ou até um serviço. A partir disso, ele pode ser transferido, fracionado ou usado em novos modelos de negócio, com agilidade e transparência. A interoperabilidade também foi apontada como ponto-chave. Ela permite que diferentes plataformas e sistemas se comuniquem, criando um