Um condomínio de luxo na zona leste de São Paulo enfrentou um obstáculo judicial para cobrar condomínios em atraso, após o fuzilamento de seu devedor, o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, em novembro do ano passado.Gritzbach foi executado com dez tiros, quando estava na área de desembarque de passageiros, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, região metropolitana. Ele havia acabado de chegar de Alagoas, onde permaneceu uma semana. Dias antes do assassinato, ele havia feito uma delação premiada, na qual denunciou a relação entre policiais e o Primeiro Comando da Capital (PCC).Originalmente, a dívida condominial de Gritzbach era de R$ 3.981,53, valor inserido em uma planilha pouco menos de um mês após seu homicídio. Em maio deste ano, o débito foi atualizado, indicando uma dívida de R$ 12.810,99 — valor resultante do acréscimo de taxas de condomínio (R$ 10.979,25), custas processuais (R$ 733,81) e honorários advocatícios (R$ 1.097,93).10 imagensFechar modal.1 de 10Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJDivulgação2 de 10Delator do PCC, Vinícius Gritzbach foi executado no Aeroporto de GuarulhosReprodução/SBT3 de 10Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi morto no aeroporto de GuarulhosReprodução/SBT4 de 10O delator do PCC Vinícius Gritzbach deixa o aeroporto ao lado da namorada, Maria Helena PaivaReprodução/TV Record5 de 10O delator do PCC Vinícius Gritzbach deixa o aeroporto de SP ao lado da namorada, Maria Helena PaivaReprodução/TV Record6 de 10Kit de joias entregue a GritzbachReprodução7 de 10Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberadoTV Band/Reprodução8 de 10Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCCReprodução/TV Band9 de 10O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na BahiaReprodução/TV Band10 de 10Rival da facção Primeiro Comando do Crime, o PCC, empresário Vinícius Gritzbach foi morto em atentado no Aeroporto de Guarulhos (SP)Câmera Record/ReproduçãoA Justiça então bloqueou os valores nas contas bancárias vinculadas a Gritzbach. A ex-mulher dele, Thatyana Ramos Gritzbach, confirmou o bloqueio, realizando o depósito integral do valor — extinguindo a dívida.Antes disso, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) apreendeu um Tesla S 70D, carro elétrico de luxo modelo 2016, cujo valor oscila entre R$ 700 mil e R$ 800 mil.Em 13 de junho, o juiz Alberto Gibin Villela desbloqueou o veículo, após a confirmação do pagamento da dívida.Quem foi GritzbachO empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, era jurado de morte pelo PCC por supostamente ter mandado matar dois integrantes da facção. Ele foi executado com dez tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em 8 de novembro passado.Em dezembro de 2023, Gritzbach foi alvo de um suposto atentado na sacada do apartamento em que mora na Anália Franco, na zona leste da capital paulista.Ele era então suspeito de ser o mandante do assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, ambos do PCC. O Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou, em denúncia contra o corretor, que ele mantinha negócios na área de bitcoins e criptomoedas com a maior facção do país. Leia também Mirelle Pinheiro Caso Gritzbach: mulher de policial ligado ao PCC é presa pela PF São Paulo Caso Gritzbach: polícia abre novo inquérito para achar novos suspeitos São Paulo Após morte de Gritzbach, PM envolvido comprou McLaren de R$ 2,2 mi São Paulo Caso Gritzbach: PM indicia 16 envolvidos na morte do delator do PCC O duplo homicídio ocorreu em 27 de dezembro de 2021 e teria sido cometido em parceria com o agente penitenciário David Moreira da Silva. Noé Alves Schaum, denunciado por ser o executor dos membros do PCC, foi assassinado em 16 de janeiro de 2023.Antônio Vinicius Lopes Gritzbach esteve preso até 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica.“Sumiço”Em junho de 2024, um “mal-entendido” teria feito com que a polícia fosse mobilizada para um suposto sequestro do empresário.A reportagem apurou na ocasião que o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) foi acionado após a então companheira de Gritzbach e os dois seguranças dele ligarem para o advogado Ivelson Salotto, que defendia o corretor, informando acharem estranha a movimentação dele de um carro para outro.Quando chegou ao DHPP, Gritzbach aparentava nervosismo, segundo policiais que acompanham o caso. Ele havia sido encaminhado para um tribunal do crime, no qual teria sido “absolvido” do duplo assassinato. O “veredito”, posteriormente, teria sido quetionado por integrantes da facção — como mostra relatório sobre o caso.Isso não impediu que ele fosse investigado pelo DHPP, cujo o então delegado Fábio Baena e chefe de investigações Eduardo Monteiro teriam tentado extorquir R$ 40 milhões de Gritzbach, para livrá-lo das acusações. O corretor sempre negou o crime.Ambos os policiais, assim como a equipe chefiada por eles, além de policiais miltares, foram presos pelo suposto envolvimento no assassinato de Gritzbach — que havia os denunciado à Promotoria, por meio de uma delação premiada, dias antes de ser fuzilado.