Pesquisadores detectaram três eventos intensos de poeira vinda do deserto do Saara para a Amazônia. No primeiro trimestre deste ano, o grupo identificou casos em que a concentração de partículas foi cerca de 5 vezes maior que o comum para o período.Os registros foram feitos pela equipe do Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO), uma estrutura de 325 metros localizada na Estação Científica de Uatumã, a 150km de Manaus. O local é equipado com sensores que monitoram a floresta, sua atmosfera e solo, 24 horas por dia.Essas partículas de poeira viajam mais de 5 mil km entre a África e a América em um processo que leva de uma a duas semanas. Isso ocorre quando os ventos se encontram na Zona de Convergência Intertropical, uma faixa de baixa pressão atmosférica localizada próxima à Linha do Equador. “A intensidade desses episódios é bastante variável na Amazônia, pois depende da quantidade de poeira lançada na atmosfera no Saara, da velocidade do vento ao longo do transporte, e, principalmente, da precipitação, pois a chuva remove as partículas da atmosfera”, explicou Rafael Valiati, doutorando no Instituto de Física da USP que monitora os dados do ATTO, em um comunicado.A equipe do ATTO monitora a floresta do alto. O projeto é uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Instituto Max Planck, da Alemanha. (Imagem: Rodrigo Cabral/AscomMCTI)Leia maisNovo satélite pode revelar segredos da AmazôniaAmazônia esconde um mundo perdido no topo das árvoresDrones com IA aceleram mapeamento da AmazôniaPesquisadores registraram concentrações de poeira 5 vezes maioresO fenômeno é comum e, segundo os pesquisadores, é melhor observado no primeiro semestre do ano. Porém, dessa vez as concentrações de poeira atingiram valores 5 vezes maiores que a média do período, que é de 4 μg/m³, chegando a marcar de 15 a 20 μg/m³.Esses casos foram registrados entre 13 e 18 de janeiro, 31 de janeiro e 3 de fevereiro, e 26 de fevereiro e 3 de março. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) divulgou os resultados esta semana.Agora, os cientistas estão estudando os efeitos do depósito da poeira do Saara sobre a floresta amazônica. “O que já se sabe é que o potássio e o fósforo da poeira mineral contribuem, no longo prazo, para a manutenção da fertilidade do solo, que em geral é muito pobre”, disse Carlos Alberto Quesada, coordenador do ATTO pelo lado brasileiro.O post Poeira do Saara é encontrada na Amazônia apareceu primeiro em Olhar Digital.