“Onde estão, como estão e quantas são: um mapeamento das Escolas do Campo no Estado do Rio de Janeiro”. Esse é o tema de uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, e financiamento do CNPq, cujo levantamento de dados teve início em Campos dos Goytacazes neste mês de julho. A orientadora do projeto, Zoia Ribeiro Prestes, se reuniu com a equipe pedagógica da rede municipal de ensino, na sede da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), que está colaborando com o desenvolvimento do projeto. Segundo ela, “Campos tem o maior número de escolas do campo no Brasil”, e os indicadores locais servirão de base para a construção de diretrizes e da política de educação do campo no Estado. Ao lado de pesquisadores, Zoia também visitou as Escolas Municipais Salvador Benzi, Maria Cordeiro Borges e Carlos Chagas. O objetivo geral é levantar informações sobre a educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos dos territórios rurais do estado, com vistas à promoção do direito educacional dessas pessoas.Zoia é professora da UFF, doutora pela Universidade de Brasília, fez sua graduação em Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar na Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou (MGPU), onde também concluiu seu Mestrado em Ciências Pedagógicas. Ela é a filha mais nova do militar e político comunista, Luís Carlos Prestes, e sua segunda esposa Maria Prestes. “A ideia surgiu em função de não termos dados precisos sobre as escolas do campo no estado do Rio. Essa é a primeira etapa da nossa pesquisa. A gente realizou um seminário no ano passado para pensar esse questionário que estamos fazendo com os municípios. Agora, estamos na etapa das visitas aos municípios, que a gente está elegendo como prioridade do projeto. Então nessa etapa, a gente priorizou Campos porque Campos aparece no censo escolar como o município que tem o maior número de escolas do Campo no Brasil, tanto em número de escolas como em número de matrículas”, relatou a pesquisadora.O articulador pedagógico das políticas da Educação do Campo na Seduct, Marcelo Vianna, explicou que este é um projeto de pesquisa do CNPQ com emenda parlamentar para mapeamento das escolas do campo dos 92 municípios do estado do RJ, iniciada por Campos dos Goytacazes a partir da articulação com membros e o histórico do Coletivo de Educação do Campo do Norte Fluminense.“O projeto objetiva mapear as escolas do campo nas 8 regiões do Estado do Rio de Janeiro, investigar e analisar a realidade dessas escolas no campo, em assentamentos e acampamentos da reforma agrária, territórios indígenas e quilombolas, bem como mostrar a oferta, a demanda, a qualidade e as possibilidades de permanência das escolas rurais no Estado do RJ”, informou o articulador.Geógrafo e doutorando no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ele acrescentou que “para além do mapeamento das escolas, a construção de seus conteúdos, seus projetos pedagógicos são parte fundamental da parceria com a Profa Zoia Prestes na reelaboração e formação em processo da Pedagogia Histórico-Cultural junto aos educadores e gestores das escolas do campo”, explicou.Ainda de acordo com Marcelo, essa pesquisa servirá de subsídio para orientar o aperfeiçoamento da política pública de educação do campo, não apenas dos 91 municípios, mas, principalmente, do município de Campos, que, “por sua própria construção histórica, é um dos pioneiros no debate da agenda pública da educação do campo, relacionando o regime de colaboração entre os entes federados. Como tradutora da obra de Vigotski, Zoia se comprometeu com a formação de Educadores da rede “.Zoia acrescentou que o grupo deseja, ainda, dar visibilidade a algo que é muito silenciado. “A educação do campo, normalmente, é vista como algo secundário, mas ela é muito importante, principalmente, para as crianças que estão em áreas de assentamento, da reforma agrária ou em áreas rurais. O nosso objetivo é dar visibilidade a essas escolas, a essas crianças, a estrutura dessas escolas, para poder pensar políticas públicas específicas voltadas para elas”, disse.A supervisora de Educação em Tempo Integral da Seduct, Ana Márcia Scot, também participou do encontro. “Por ser um mapeamento, essa pesquisa traz os dados e um olhar voltados para a realidade das escolas do Campo, o que vem a contribuir para novas políticas e para ações voltadas a estas unidades”, disse.Da Seduct, também estavam na reunião a subsecretária de Gestão Orçamentária e Financeira , Carla Patrão; a diretora pedagógica Viviane Terra; a diretora de Análise de Dados e Estatística, Vívian Ferreira; diretora de Comissão Própria de Avaliação, Martha Castori; coordenadora de Projetos, Neidimar Abreu; pedagoga da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Dirlea Lugão; Amanda Gomes de Moura (Coordenação de Matemática); Maria Auxiliadora Pourbaix (Coordenação de Língua Portuguesa); e Carmem Helena Viana (Monitoramento).O diretor da Escola Municial Guiomar Ramos, João Sávio Monção Figueiredo; e os pesquisadores Suelen Pereira, Natacha Eugênia Janata e Ana Cristina Hammel também marcaram presença. Faz parte da pesquisa, ainda, a professora Beatriz Corsino da UFF.