Que fim levou o BOL, site e serviço de email famoso na era da internet discada?

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A internet comercial estreou no Brasil oficialmente em 1995 e, em questão de meses, vários sites, serviços digitais e provedores começaram a surgir com diferentes propostas. Alguns deles se destacaram logo de início, sustentados por grandes grupos do setor de comunicação ou tecnologia, e viraram por anos parte do cotidiano digital de muita gente.Um desses nomes populares é o BOL, uma dos muitas alternativas de acesso à internet discada e criação de email aos novos internautas, a ponto de ser o primeiro endereço eletrônico de muitos brasileiros. Mas você sabe o que aconteceu com essa empresa depois que as plataformas digitais mudaram o mercado? O TecMundo relembra abaixo a trajetória e o paradeiro desse veterano da internet nacional.O nascimento de um gigante nacionalCriado pelo grupo Abril, empresa consolidada como editora de quadrinhos e revistas, o BOL começa as atividades em 23 de abril de 1996 e significa Brasil Online. Ele possivelmente foi batizado em referência a um conglomerado dos Estados Unidos referência nessa ainda jovem internet: a America Online, ou AOL, que já existia há alguns anos como uma provedora de serviços digitais.O empreendimento estreou como portal e trazia notícias sobre carros, esportes e finanças, além de incorporar os sites de duas revistas da Abril: Info Exame e Superinteressante.Uma das primeiras versões da interface do site. (Imagem: Reprodução/BOL)Em setembro do mesmo ano, a companhia passa por uma mudança radical: ele é incorporado pelo Grupo Folha, dono da Folha de São Paulo e de um portal que também nasceu no mesmo ano e era um dos seus grandes concorrentes: o Universo On-Line, mais conhecido como UOL.Ou seja, depois de pouco tempo atuando como rivais, BOL e UOL rapidamente passaram a pertencer ao mesmo grupo, mesmo permanecendo como atividades paralelas. Essa situação curiosa se mantém até os dias de hoje.A internet discada e o auge do BOLO destaque BOL em meio a tantas outras empresas de internet que nasceram nesse período estava no correio eletrônico. Lançado junto do site e reformulado em 1999, o serviço de email da empresa era oferecido de graça, independente e por um cadastro simplificado, algo que não era nada comum no período.Em outras companhias, o endereço com "@" era vinculado à compra de outro serviço, como um plano de internet discada ou assinaturas diversas. E tudo isso era feito pelo próprio navegador, sem a vinculação a um software ou cliente específico, como também era de costume.O email grátis era o destaque do serviço. (Imagem: Reprodução/BOL)Ao longo do tempo, o BOL também passou a oferecer um discador para acesso à internet e um plano pago, com mais vantagens aos assinantes em termos de ferramentas e suporte. Ele chegou a agosto de 2000 com cerca de 4,1 milhões de assinantes.Expandindo os domíniosO BOL seguiu como um dos nomes fortes da internet brasileira por mais alguns anos, em especial no auge da internet discada. Ele disputava mercado com nomes como iG, iBest e AOL, entre vários outros provedores.A companhia investia pesado em marketing, com anúncios nos produtos da Abril e também em formato de comerciais para a televisão — inclusive com provocações contra concorrentes, como fazer referências a cachorros em uma propaganda para não citar diretamente o iG e o seu popular mascote. O preço também era agressivo no caso do provedor, com um valor mensal que tendia a ficar abaixo das rivais.Ao longo dos anos, o BOL passa também a incorporar atalhos ou o oferecimento de outras ferramentas de diversos segmentos, incluindo:um buscador alternativo chamado Miner, criado como um projeto universitário em Minas Gerais e comprado pela UOL;o ComVC, um app de troca de mensagens que nasceu dentro do próprio conglomerado e rivalizava com o ICQ;o Vila BOL, espaço para hospedagem de sites gratuitamente;o Bate-papo BOL, salas de conversas online que chegaram a acumular 1,5 milhão de visitas mensais, mas eram bem menos populares que o irmão mais famoso;um Shopping que listava produtos em lojas digitais e uma plataforma de busca por vagas de trabalho;a venda de antivírus e até curso de idiomas.O portal também adotou um modelo de parcerias de hospedagem com blogs, escritores e jornalistas que ajudavam a manter o tráfego e cediam uma casa para páginas antes independentes. Nomes que passaram pelo BOL incluem o jornalista esportivo Milton Neves, Amaury Junior e os sites Humortadela e Mundo Escola.Ao longo dos anos, o site ainda passou por reformulações pontuais na interface, com ajustes que seguiam tendências de cada período — como imagens maiores, destaque para notícias e responsividade ao ser acessado em dispositivos móveis, por exemplo.O BOL ainda existe?Mesmo longe do auge, o site do BOL existe até hoje, com uma interface relativamente simples e com destaque para notícias das mais variadas editorias. Entretanto, todos os conteúdos redirecionam o usuário para o UOL ou outros produtos do mesmo grupo, como a própria Folha.O serviço de email segue oferecido em duas modalidades. A primeira é a clássica experiência gratuita, que garante um endereço "@bol.com.br" e apenas 200 MB de espaço. Já o combo BOL completo sai a partir de R$ 17,90 ao mês (na versão de 5 GB de espaço), incluindo também uma plataforma de armazenamento de arquivos chamada BOL Drive.A página inicial do BOL atualmente é quase toda dedicada às notícias do dia. (Imagem: Reprodução/BOL)É difícil de saber a popularidade hoje em métricas e acessos, mas o BOL sem dúvidas não tem mais a força que já apresentou na primeira década de operação. Atualmente, o nome é mais lembrado como nostalgia e é extremamente raro encontrar alguém que ainda tenha um email registrado, ativo e conferido com frequência nesse servidor.Ainda assim, o BOL foi muito importante no início da internet comercial do Brasil, oferecendo um serviço até então inédito de correio eletrônico grátis e com preços acessíveis de acesso discado. Sem ele e tantos outros nomes que se destacaram nesse período, o cenário que conhecemos hoje talvez fosse bem diferente.Quer saber o que aconteceu com a Embratel, que começou como estatal de telecomunicações, trouxe a internet para o país e mais tarde virou empresa de sucesso? Confira este artigo especial do TecMundo!