Após a disparada nos preços dos alimentos no início do ano, a desaceleração recente nesta categoria que compõe a inflação oficial do país trouxe algum alívio para o bolso do brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, há outras despesas que seguem pressionando o orçamento familiar.Dados mais recentes do IPCA, índice que mede a inflação no país, apontaram altas significativas em julho em itens como Habitação (+0,91%), Despesas Pessoais (+0,76%) e Transportes (+0,35%).Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, explica que os grupos de Alimentação e bebidas, Transportes e Saúde são os que mais pesam na cesta de consumo das famílias brasileiras e, por isso, as variações de preços nestas categorias impactam mais nos resultados do índice.Despesas pouco elásticasO economista Ricardo Mota, gerente de Inteligência do Pacto Contra a Fome, explica que as altas de preços se concentram em despesas pouco elásticas, ou seja, que não podem ser suprimidas do cotidiano das pessoas. “Isso restringe a renda disponível, principalmente entre famílias de menor poder aquisitivo”, diz.Índice/MêsJulhoJunhoMaioAbrilMarçoFevereiroJaneiroIPCA geral0,260,240,260,430,561,310,16Alimentos e bebidas-0,27-0,180,170,821,170,70,96Habitação0,910,991,190,140,244,44-3,08Artigos de residência0,090,08-0,270,530,130,44-0,09Vestuário-0,540,750,411,020,590-0,14Transportes0,350,27-0,37-0,380,460,611,3Saúde e cuidados pessoais0,450,070,541,180,430,490,7Despesas Pessoais0,760,230,350,540,70,130,51Educação0,0200,050,050,14,70,26Comunicação-0,090,110,070,690,240,17-0,17Fonte: IBGEConta de luz mais caraNos dados de julho, a alta no subitem Habitação (+0,91%) foi motivada pelo reajuste da energia elétrica, que subiu +2,97%. Concessionárias em diversas capitais reajustaram as tarifas, e além disso a bandeira tarifária vermelha estava acionada, colocando um adicional de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.No acumulado do ano, a alta na energia elétrica residencial é de 10,18%, a maior para o período de janeiro a julho desde 2018, quando chegou a 13,78%.O sistema de bandeiras tarifárias é uma medida imposta pelo governo sempre que há menor produção de energia nas hidrelétricas. Isso ocorre porque as usinas termelétricas, de produção de energia mais cara, são acionadas para suprir a demanda do país.A pressão da energia elétrica sobre o orçamento familiar deve ser ainda maior neste mês de agosto, com a implantação da bandeira tarifária de patamar 2. O custo adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh vai para R$ 7,87.Gastos com saúdeOutra categoria que vem pressionando os orçamentos familiares são os gastos com saúde, onde estão incluídos serviços médicos, planos de saúde, e medicamentos.Em julho, os planos de saúde tiveram reajuste, o que refletiu em alta de 0,35% no indicador do IPCA. Planos contratados após 1998 tiveram reajuste de até 6,06% e os anteriores a esta data ficaram com variação entre 6,47% e 7,16%.Em maio, foi a vez dos reajustes de até 5,09% nos preços dos produtos farmacêuticos.Reajustes autorizadosOs reajustes de preços autorizados pelo governo são, para Mota, alguns dos pontos centrais para tentar minimizar o impacto da inflação no orçamento das famílias, especialmente as de menor poder aquisitivo.Embora existam programas de apoio como auxílio-gás e a tarifa social de energia elétrica, ele avalia que a política do governo deveria ser a de aliviar as condições das classes mais baixas, em vez de pressionar os orçamentos familiares. Para ele, as políticas públicas atuais estão aquém do necessário.The post Conta de luz, saúde e transportes: que preços mais apertam o orçamento das famílias? appeared first on InfoMoney.