“IA generativa será devastadora para a educação das crianças”, diz Ted Chiang

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A promessa de aprendizados rápidos e sem esforço vem levantando dúvidas sobre o papel da Inteligência Artificial na educação. Para o escritor de ficção científica Ted Chiang, o alerta é claro: a IA generativa pode trazer consequências “devastadoras” para a formação das crianças. Segundo ele, “o grande risco está em oferecer às crianças a ilusão de aprendizado sem esforço”. O processo educacional, explica, é por natureza desafiador: “exige prática, dedicação e resiliência”.Por outro lado, a IA pode seduzir os mais jovens com soluções imediatistas, enfraquecendo a construção do pensamento crítico desde cedo. “Se damos às crianças a sensação de que existe um caminho fácil, impedimos que elas aprendam de verdade”, afirma.Leia também: ChatGPT: o que é, como funciona e como utilizar a ferramentaChiang também chama atenção para outros impactos da inteligência artificial: a sobrecarga de informações irrelevantes, o consumo massivo de energia para treinar modelos e os impasses envolvendo propriedade intelectual. Para ele, embora o excesso de conteúdo não seja uma novidade, a IA tende a amplificar ainda mais esse cenário, dificultando encontrar o que realmente engaja ou estimula reflexão.O autor acredita que, assim como em outras épocas, somente uma parcela da população estará disposta a se aprofundar em debates mais complexos. Mas o desafio do presente é que as distrações nunca foram tão abundantes e acessíveis. Nesse contexto, a Inteligência Artificial pode acelerar uma tendência perigosa: a terceirização do esforço cognitivo.Sua visão é clara: a tecnologia pode até oferecer ferramentas poderosas, mas quando usada como atalho para o aprendizado, torna-se um obstáculo. “Aprender é difícil, e é justamente isso que o torna valioso”, conclui Chiang.O outro lado da moedaSe a crítica de Chiang acende um sinal de alerta, também é fato que a Inteligência Artificial já vem sendo usada positivamente na educação. Ferramentas de IA permitem personalizar o ensino, apoiar alunos com diferentes ritmos de aprendizagem e ampliar o acesso ao conhecimento em regiões antes isoladas. Professores têm se beneficiado de assistentes virtuais que ajudam a preparar aulas, corrigir atividades e liberar tempo para focar no que mais importa: a interação humana em sala.Leia também: O ChatGPT chegou ao seu limite?“O ponto levantado pelo Ted Chiang é importante, mas precisamos olhar a Inteligência Artificial também pelo seu potencial transformador. A aprendizagem exige esforço, prática e dedicação — isso não muda. O que a IA faz é abrir portas para mais conteúdos, personalizar trilhas e tornar o acesso ao conhecimento mais democrático. O desafio não é evitar a tecnologia, e sim usá-la como aliada para ampliar as oportunidades de aprendizagem e fortalecer o pensamento crítico dos estudantes.”, afirma Diogo França, diretor da XP Educação.Para ele, o desafio não está em rejeitar a tecnologia, mas em definir limites e propósitos claros para o seu uso. Em vez de substituir o esforço cognitivo das crianças, a IA pode ser incorporada como suporte: auxiliando no processo, mas nunca oferecendo atalhos que comprometam a aprendizagem real.A visão de Ted Chiang funciona como contraponto importante em um cenário em que a IA é, muitas vezes, celebrada sem ressalvas. Seu recado reforça que inovação e responsabilidade precisam caminhar juntas. Afinal, se aprender é difícil — e valioso justamente por isso —, a tecnologia deve ser ferramenta para potencializar esse processo, não para enfraquecê-lo.The post “IA generativa será devastadora para a educação das crianças”, diz Ted Chiang appeared first on InfoMoney.