O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse em evento na cidade de São Paulo nesta terça-feira (26) que o Brasil pretende dar início a uma discussão internacional sobre a “refundação” da OMC (Organização Mundial do Comércio), em meio às preocupações por tarifas dos Estados Unidos.O chanceler relatava que, após a aplicação de tarifas por Donald Trump, o governo brasileiro estabeleceu canais de contato com uma série de países desenvolvidos e em desenvolvimento — como México, Índia, França, entre outros — e ouviu preocupações quanto ao sistema internacional de comércio. Leia Mais Empresários contratam lobista próximo de Trump antes de viagem a Washington Tarifas de Trump: Governo Lula estuda alternativas para proteger empregos EUA confirmam tarifas antidumping contra 10 países, incluindo o Brasil “O Brasil pretende deste modo dar início a discussões sobre reforma estrutural da OMC, uma verdadeira refundação do organismo sobre bases mais modernas e flexíveis”, disse Vieira.A OMC está paralisada desde 2019, enquanto os Estados Unidos bloquearam as nomeações de juízes para o órgão de apelação do mecanismo internacional. Assim, fica impedido que o sistema de solução de controvérsias da organização funcione.Em sua participação, o chanceler ainda indicou que a diplomacia brasileira insistirá no diálogo junto aos EUA contra as tarifas de 50% — mas o fará “separando questões comerciais de políticas”.“Trata-se de medida expressamente adotada com razões políticas, relacionadas com o processo do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus principais assessores, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, que configura tema interno e de soberania do Brasil, conduzido pelo Judiciário”, disse.“Diante da impropriedade desta ação dos Estados Unidos, seja perante princípios da diplomacia e do direito internacional, é sempre importante destacar: não há possibilidade de negociação entre os países que envolva interferência em termos judiciais. Seguiremos resistindo a estas pressões e insistindo no respeito às instituições”, concluiu.Entenda o destino dos dólares arrecadados pelas tarifas de Trump