Ao determinar reforço de policiamento na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta terça-feira (26/8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou o pedido de asilo político ao governo da Argentina como um dos fatores que reforçam o risco de fuga e a necessidade de manutenção das medidas cautelares impostas contra ele.“Os elementos de prova obtidos pela Polícia Federal indicam que Jair Messias Bolsonaro tinha posse de documento destinado a possibilitar sua evasão do território nacional, após a imposição de medidas cautelares no âmbito da Pet 12.100/DF”, diz um trecho da decisão, que cita ainda uma reportagem sobre a carta encontrada pela PF em um celular de Bolsonaro com pedido de asilo político a Javier Milei.Na decisão, Moraes destacou que a minuta encontrada no aparelho e as ações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior indicam a intenção de se evadir do país, sobretudo diante do julgamento marcado para ocorrer na Primeira Turma do STF, que iniciará em 2 de setembro.“Nesse sentido, as ações incessantes de Eduardo Nantes Bolsonaro, estando inclusive localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de Jair Messias Bolsonaro, de modo a se furtar da aplicação da lei penal, notadamente em razão da proximidade do julgamento de mérito da AP 2.668/DF, agendado na Primeira Turma desta Suprema Corte entre os dias 2/9/2025 e 12/9/2025”, aponta o documento. Leia também Brasil Moraes manda Polícia Penal do DF monitorar Bolsonaro em tempo integral Brasil Reforço policial na casa de Bolsonaro vem após pedido de petista Brasil Entenda como funcionará o policiamento na casa de Bolsonaro Brasil Moraes determina reforço de policiamento na casa de Bolsonaro Reforço de policiamentoMoraes determinou à Polícia Penal do Distrito Federal que “proceda ao monitoramento em tempo integral das medidas cautelares impostas” a Bolsonaro, “com destacamento de equipes para monitoramento em tempo real do endereço residencial do réu, onde cumpre prisão domiciliar”.O ministro frisou ainda que o monitoramento realizado pelas equipes da Polícia Penal do DF “deverá evitar a exposição indevida, abstendo-se de toda e qualquer indiscrição, inclusive midiática, sem adoção de medidas intrusivas da esfera domiciliar do réu ou perturbadoras da vizinhança”.A solicitação foi feita após a Polícia Federal (PF) encaminhar, nesta segunda-feira (25/8), ao STF um ofício elaborado pelo líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, Lindbergh Farias (PT), em que ele pedia reforço policial na casa de Bolsonaro para evitar possível fuga. No documento, a PF frisou a necessidade de manutenção e constante checagem do sistema de monitoramento eletrônico nas imediações da residência do ex-mandatário.“Tendo em vista o encaminhamento pela própria Polícia Federal da solicitação que recebeu do ilustre Deputado Federal, parece ao Ministério Público Federal de bom alvitre que se recomende formalmente à Polícia que destaque equipes de prontidão em tempo integral para que se efetue o monitoramento em tempo real das medidas de cautela adotadas, adotando-se o cuidado de que não sejam intrusivas da esfera domiciliar do réu, nem que sejam perturbadores das suas relações de vizinhança”, diz o parecer da PGR enviado ao Supremo.Defesa negou pedido de asilo políticoNa última sexta-feira (22/8), a defesa do ex-presidente afirmou que ele não pediu asilo político, como indicou um relatório da PF que ajudou o ministro Moraes a decidir pela prisão domiciliar dele no começo deste mês.Os advogados explicaram que o documento mencionado pela PF é apenas um “rascunho antigo enviado por terceiros” e não tem validade jurídica. “A autoridade policial sabe que, para se aventar uma prisão preventiva, é preciso haver fato contemporâneo. Mas, ainda assim, tem apenas um documento, que reconhece ser mero rascunho antigo enviado por terceiro, além da indeclinável constatação de que o tal pedido não se materializou!”, afirmou a defesa em manifestação ao STF.Eles também ressaltaram que Bolsonaro tem seguido todas as restrições impostas pelo Supremo, como a proibição de deixar o país e de usar redes sociais, seja próprias ou de terceiros.