Na era da IA, a empatia nas lideranças importa mais do que nunca

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Vivemos o que muitos consideram ser a Quarta Revolução Industrial, derivada dos avanços tecnológicos como a inteligência artificial (IA). Numa era cada vez mais digital e também instável, a empatia nas lideranças tornou-se um dos atributos mais valorizados — e mais desafiantes — na liderança.Um estudo recente publicado na Harvard Business Review pelo psicólogo de Stanford Jamil Zaki defende que a empatia não é sinal de fraqueza, mas sim uma «superpotência no local de trabalho». Contudo, o uso crescente da IA e das ferramentas de automação nas empresas pode estar a toldar esta competência essencial.Segundo Zaki, colaboradores que trabalham em organizações empáticas sentem-se mais satisfeitos, arriscam mais em termos criativos, ajudam os colegas com maior frequência e revelam maior resiliência perante adversidades.Além disso, apresentam taxas mais baixas de burnout e de sintomas físicos relacionados com o stress, além de serem mais propensos a permanecer na empresa. Um estudo da Gallup, de 2022, revelou também que funcionários que percecionam os seus empregadores como cuidadores estão significativamente menos propensos a procurar um novo emprego.O desafio da empatia sustentávelApesar da importância da empatia, o psicólogo alerta para um risco crescente: os líderes podem esgotar-se emocionalmente ao tentar responder a todas as exigências de cuidado e compreensão.No seu artigo «How to Sustain Your Empathy in Difficult Times», defende a prática de uma empatia sustentável, que equilibre compaixão, autocuidado e eficácia.«Os líderes também sentem», sublinha Zaki, destacando que quanto mais um líder se importa com as suas pessoas, maior o risco de burnout. Desta forma, a recomendação passa por aprender a preservar a energia emocional e estabelecer limites saudáveis, sem perder a capacidade de criar conexões genuínas. O impacto da IA na empatia e na liderançaA ascensão da inteligência artificial veio acrescentar uma nova camada de complexidade.Mais de 80% dos trabalhadores acreditam que, na era da IA, a conexão humana será mais importante do que nunca. No entanto, apenas 65% dos gestores partilham desta visão, revelando uma desconexão perigosa entre líderes e equipas.Outro fenómeno em crescimento é o “empathy-washing” — quando empresas recorrem a chatbots ‘empáticos’ para mascarar falhas na relação entre líderes e colaboradores. Para Zaki, isto pode ter efeito contraproducente: «as tentativas superficiais de empatia digital podem ser piores do que nada», alerta.Paradoxalmente, o estudo revela também que muitos trabalhadores, em especial da Geração Z, recorrem à IA para aconselhamento profissional. Quase metade dos colaboradores desta geração afirmou, em 2023, que recebeu melhores conselhos de carreira do ChatGPT do que dos seus gestores diretos — um dado que levanta preocupações sobre a lacuna de empatia nas lideranças atuais. Empatia como vantagem competitivaApesar dos desafios, Zaki conclui que a empatia continuará a ser um diferenciador competitivo nas organizações. As empresas que conseguirem conciliar tecnologia e humanidade terão maior capacidade para reter talentos, promover a inovação e enfrentar períodos de crise.Para os líderes, a lição é clara: ser empático não significa estar sempre disponível para tudo e para todos. Significa, sim, cultivar uma escuta ativa, validar experiências e criar ambientes de confiança. Ao mesmo tempo, é necessário definir limites saudáveis e aprender com a própria IA, que segue um playbook eficaz: validar, demonstrar cuidado e só depois oferecer conselhos.O conteúdo Na era da IA, a empatia nas lideranças importa mais do que nunca aparece primeiro em Revista Líder.