Defesa de Bolsonaro sobre fuga: “Nada mais falso”, e para gerar manchetes

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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (22/8), explicações sobre o rascunho de um pedido de asilo político à Argentina encontrado pela Polícia Federal (PF) no celular do ex-mandatário. O prazo para esclarecimento, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, se encerrava às 20h34. No documento, os advogados negam que o texto represente qualquer intenção de fuga.“Parece claro que um rascunho de pedido de asilo ao presidente argentino, datado de fevereiro de 2024, não pode ser considerado um indício de fuga. (…) O objetivo, convenhamos, foi alcançado: manchetes no Brasil e no exterior anunciando que o ex-presidente planejou uma fuga. Nada mais falso, mas nada mais impactante, sobretudo há pouco mais de 10 dias do julgamento”, afirmou a defesa.Segundo os advogados, Bolsonaro não descumpriu medidas cautelares impostas pelo STF e tem comparecido a todos os atos do processo.“Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu. Pelo contrário, obedeceu a todas as decisões emanadas pela Suprema Corte, inclusive a que o proibia de viajar ao exterior, respondeu à denúncia oferecida, compareceu a todas as audiências e sempre respeitou as ordens deste STF”, diz o texto.5 imagensFechar modal.1 de 5O ex-presidente Jair BolsonaroVINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto2 de 53 de 5VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto4 de 5Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto5 de 5Jair Bolsonaro chorou após ouvir declaração da esposaVINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto Contexto do “plano de fuga” de JairA PF indiciou Bolsonaro e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nesta semana pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.No celular do ex-presidente, os investigadores encontraram o rascunho de uma carta em que ele pede asilo ao presidente argentino, Javier Milei, alegando ser alvo de perseguição política no Brasil e temer pela própria prisão.O texto foi salvo em fevereiro de 2024, dois dias antes da deflagração da Operação Tempus Veritatis, que apura uma organização criminosa responsável pela tentativa de golpe de Estado.Veja carta na íntegra:“EU, JAIR MESSIAS BOLSONARO, solicito a Vossa Excelência ASILO POLÍTICO República da Argentina, em regime de urgência, por eu me encontrar na situação de perseguido político no Brasil, por temer por minha vida, vindo a sofrer novo atentado político, uma vez que não possuo hoje a proteção necessária que se deve dar a um ex-Chefe de Estado, bem como por estar na iminência de ter minha prisão decretada, de forma injusta, ilegal, arbitrária e inconstitucional pelas próprias autoridades públicas que promovem a perseguição contra mim, diretamente da mais alta Côrte do Poder judiciário brasileiro, e por preencher todos os requisitos legais, conforme exaustivamente demonstrado ao longo desse requerimento, por todos os fatos e fundamentos explicitados, em especial os Arts. II, IV, V, VI e VII da Convenção de Caracas de 1954, o Art. T°, Item 3 e Art. 22, itens 2, 7 e 8 todos do Pacto de São José da Costa Rica, o Art. 14, item 1 da Declaração Univer de Direitos Humanos e o Art. 1° da Resolução 2312 da Assembleia Geral da ONU”.A Polícia Federal ressaltou que, dois meses antes da última versão da carta, em 5 de dezembro de 2023, o ex-mandatário comunicou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que viajaria à Argentina entre 7 e 11 de setembro, visando acompanhar a posse do presidente Javier Milei. Leia também Brasil Defesa de Bolsonaro entrega resposta a Moraes e nega “plano de fuga” São Paulo “Vagão”: entenda o apelido usado por Bolsonaro em mensagem a Eduardo Brasil Bolsonaro descartou pedido de asilo político à Argentina, diz defesa Brasil PF aponta que Bolsonaro planejava pedir asilo político na Argentina a Milei Segundo o relatório, os elementos encontrados demonstram que o ex-presidente mantinha em sua posse um documento que poderia viabilizar sua saída do Brasil rumo à Argentina, especialmente após o avanço das investigações da PF que apontaram indícios de sua participação em crimes relacionados à tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por meio de organização criminosa.Braga NettoA defesa também rebateu a acusação de que Bolsonaro teria descumprido cautelar ao manter contato com o ex-ministro Walter Braga Netto, um dos réus na ação penal da trama golpista.Os advogados afirmam que não houve troca de mensagens, apenas o recebimento do SMS.