Vacina contra cocaína e crack da UFMG avança para testes em humanos

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Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciaram avanços significativos na vacina Calixcoca, desenvolvida para combater a dependência de cocaína e crack. A iniciativa entrou em uma nova fase de estudos após resultados promissores em testes com camundongos, indicando não apenas a produção de anticorpos, mas também uma redução de abortos espontâneos e maior saúde nos filhotes expostos à droga.Segundo especialistas, os achados são particularmente relevantes para gestantes que usam essas substâncias. O secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Bacheretti, destacou que os filhotes de camundongos nasceram mais saudáveis e resistentes, evidenciando a eficácia potencial da vacina:Diminuindo a dependência e os efeitos da droga, especialmente em gestantes, observamos que os fetos nasceram com saúde muito melhor, mesmo em exposição à cocaína e ao crack. Isso é promissor para reduzir o impacto da droga em crianças prematuras e com dependência ao nascer.Fábio Bacheretti, secretário de Saúde de Minas GeraisVacina Calixcola teve resultados promissores em testes com camundongos (Imagem: Egoreichenkov Evgenii / Shutterstock.com)Patente da CalixcocaA vacina Calixcoca recebeu recentemente a carta patente nacional, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), e também a patente internacional nos Estados Unidos. A patente é cotitular da UFMG e da Fapemig.Segundo o governo de Minas, o aporte de R$ 18,8 milhões no projeto — distribuído entre 2024 e 2027, com recursos da Secretaria de Estado de Saúde, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da Fapemig — permitirá o início dos testes clínicos em humanos, etapa essencial para transformar a pesquisa em alternativa terapêutica concreta.O projeto também integra o ecossistema de ciência e inovação de Minas Gerais, que prevê investimentos de mais de R$ 1 bilhão em tecnologia e pesquisa até 2026.Ensaios clínicos em humanos devem começar em breveA próxima etapa do projeto deve se estender por quatro anos, iniciando com testes laboratoriais e avançando para ensaios clínicos em humanos. O pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Fernando Reis, explicou que a meta é iniciar os testes em pessoas entre o terceiro e o quarto ano do projeto:Nosso projeto, com duração estimada de quatro anos e possibilidade de extensão, inicia-se com a fase de verificação pré-clínica da eficácia da vacina. Em seguida, será conduzida a primeira fase de ensaios clínicos. Contamos com financiamento garantido do governo de Minas Gerais, além de outras fontes de apoio.Fernando Reis, pró-reitor de Pesquisa da UFMGEspera-se que a vacina avance para testes em humanos nos próximos anos (Imagem: fizkes / Shutterstock.com)Até o momento, o Governo de Minas já investiu R$ 18,8 milhões no desenvolvimento da Calixcoca, com previsão de novos aportes até 2027, em parceria com a Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais).Leia mais:Nova técnica aumenta proteção de vacina contra o HIVPode tomar várias vacinas ao mesmo tempo?Vacina do Butantan contra dengue pode estar disponível em 2026Como a vacina Calixcoca funcionaDiferentemente de outras vacinas já testadas em outros países, a Calixcoca é não proteica, baseada na molécula sintética V4N2 (calixareno). Ela estimula o organismo a produzir anticorpos que se ligam à cocaína no sangue, impedindo que a droga alcance o cérebro e bloqueando seus efeitos, o que contribui para a redução da dependência química.Nos testes pré-clínicos realizados com camundongos, a vacina não apenas induziu a produção de anticorpos, como também apresentou redução de abortos espontâneos em ratas prenhes expostas à droga. Os filhotes nasceram mais saudáveis e resistentes.O projeto já recebeu importantes reconhecimentos, incluindo o Prêmio Euro Inovação na Saúde (2023) e o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica (2023).O post Vacina contra cocaína e crack da UFMG avança para testes em humanos apareceu primeiro em Olhar Digital.