Ministério Público abre nova investigação para apurar evolução patrimonial e negócios de Rodrigo Bacellar

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Em meio a uma crise institucional criada a partir de uma briga política com o governador Cláudio Castro (PL), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), enfrenta um novo obstáculo em sua corrida rumo às eleições de 2026. A partir de uma decisão do Conselho Superior do Ministério Público do Rio, foi aberta uma investigação para apurar “possíveis atos de improbidade administrativa” do deputado estadual “relacionados, em tese, a indícios de evolução patrimonial incompatível com a sua remuneração”. Entre os alvos está um frigorífico em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, seu reduto eleitoral. O parlamentar é suspeito de ser sócio oculto do empreendimento que recebeu financiamento de agência do governo, o que ele nega.Em 2023, o Ministério Público abriu uma investigação para apurar o uso pelo presidente da Alerj de um apartamento em Botafogo, na Zona Sul do Rio, e a compra de uma mansão em Teresópolis, na Região Serrana. A cobertura com vista para o Cristo Redentor foi alugada à época pelo deputado por R$ 2,2 mil, preço abaixo do praticado no mercado. O dono do imóvel é Jansens Calil Siqueira, o advogado e amigo do parlamentar — ambos são de Campos. Ele também dividiu a compra da casa de Teresópolis com Bacellar. O caso na época foi revelado pelo site g1.Em abril deste ano, o Conselho do MP se reuniu e, por maioria de votos (sete a três), decidiu encerrar a apuração dos dois casos. O voto da relatora Ana Cíntia Lazary Serour foi a favor do arquivamento, mas determinou a abertura de outro procedimento, que está sob sigilo, para investigar as suspeitas de evolução patrimonial e improbidade administrativa contra Bacellar.Há duas semanas, Antonio José assinou e aprovou o parecer do procurador Sérgio Bumaschny que deu o pontapé na nova investigação. No documento, obtido pelo GLOBO, o MPRJ também pede informações a órgãos públicos sobre quais pairam suspeitas envolvendo negócios de Bacellar.Se a compra da mansão em Teresópolis foi entendida como regular pelo Ministério Público, os promotores agora vão se debruçar na reforma da casa da Região Serrana. Há suspeitas de que Bacellar utilizou a mão de obra de Antônio de Pádua Gesual dos Santos, subdiretor de Engenharia e Infraestrutura da Alerj. Segundo o parecer do MP, a contrapartida para essa “ajuda” pode ter sido a nomeação para a Assembleia do filho do subdiretor. Santos recebe mensalmente R$ 18 mil. Já Diogo Grandini dos Santos, o filho dele, trabalhou de 2021 a 2024 na Alerj, e seu último vencimento foi de cerca de R$ 2 mil.Outras ligações entre Bacellar e o advogado Calil também estão na mira da nova investigação. A Promotoria vai apurar se houve irregularidades na concessão da licença ambiental e de um empréstimo de dinheiro público à JGPS Comércio de Carnes, frigorífico montado em Campos dos Goytacazes e que tem Calil como sócio. Com capacidade para abater 250 cabeças de gado diariamente, a empresa está num terreno comprado após um empréstimo feito junto à Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio). Procurado, o órgão não retornou.O deputado também teria sido visto visitando as obras na época da obra. Os promotores vão investigar se a licença ambiental para a construção do frigorífico foi concedida dentro do prazo regulamentar. O documento foi emitido em setembro de 2022 pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), após sete meses de tramitação, e assinado pelo superintendente Leonardo Barreto Almeida Filho, que já fez publicações em homenagem a Bacellar. Ele também já foi secretário de Desenvolvimento Ambiental de Campos, na gestão de um aliado do presidente da Alerj, e hoje continua na Secretaria estadual de Meio Ambiente, com salário mensal de R$ 7,6 mil.Fonte: O Globo