O Supremo Tribunal Federal (STF) terá reforço ostensivo na segurança para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus acusados de tentar um golpe de Estado. A análise começa no próximo dia 2 de setembro e vai até o dia 12. Entre as medidas de segurança para as datas, está o fechamento da Praça dos Três Poderes e o uso de cães farejadores.A segurança da Corte está agindo em articulação com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para ações conjuntas. Haverá uso de drones, aumento no número de detectores de metais e no número de agentes de segurança. Todo o efetivo de segurança do tribunal trabalhará em turnos para a proteção da Corte.Foram chamados ainda agentes judiciários de outros tribunais, como os do Superior Tribunal de Justiça (STJ); do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT); do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre outros.Em ação já iniciada, cerca de 30 agentes extras passam a noite no STF para que haja segurança 24 horas. Há ainda varredura na casa dos ministros toda semana a garantia da segurança.“O STF possui um plano estruturado para situações que envolvem grandes eventos ou julgamentos de amplo interesse público. Além das equipes de policiais judiciais do Supremo, haverá uma força-tarefa composta por policiais judiciais do Distrito Federal e de outros. As equipes de segurança trabalham 24 horas / 7 dias na semana. A partir desse planejamento e da atualização constante das análises de risco, o STF adapta os meios e estratégias de atuação para garantir a segurança institucional e do público envolvido”, informou o STF.A Polícia Militar do DF ainda vai intensificar a presença de viaturas em frente ao STF para elevar a segurança do local nas duas semanas de julgamento e durante o 7 de setembro, que ocorrerá no fim de semana após o início da análise da Primeira Turma.Julgamento do “núcleo crucial”O presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, marcou para 2 de setembro o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados do chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista. A decisão atende a um pedido do ministro Alexandre de Moraes, que solicitou a definição de data.Por determinação de Zanin, foram convocadas sessões extraordinárias para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro de 2025, das 9h às 12h, além de uma sessão extraordinária no dia 12, das 14h às 19h. O ministro também convocou sessões ordinárias para os dias 2 e 9 de setembro, das 14h às 19h. Leia também Brasil Trama golpista: Zanin marca julgamento de Bolsonaro no STF. Veja data Na Mira Segurança do DF elabora plano especial para julgamento de Bolsonaro Igor Gadelha Defesa de Bolsonaro faz peregrinação no STF antes do julgamento Brasil Moraes diz que não recuará “um milímetro” em julgamento de Bolsonaro Bolsonaro e aliados — entre eles o ex-ministro Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid — são réus por tentativa de golpe que teria o objetivo de impedir o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022 e manter o então presidente no poder. O julgamento será presencial.Confira os réus do núcleo crucialAlexandre Ramagem: ex-diretor da Abin, ele é acusado pela PGR de atuar na disseminação de notícias falsas sobre fraude nas eleições.Almir Garnier Santos: ex-comandante da Marinha, ele teria apoiado a tentativa de golpe em reunião com comandantes das Forças Armadas, na qual o então ministro da Defesa apresentou minuta de decreto golpista. Segundo a PGR, o almirante teria colocado tropas da Marinha à disposição.Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, ele é acusado de assessorar juridicamente Bolsonaro na execução do plano golpista. Um dos principais indícios é a minuta do golpe encontrada na casa de Torres, em janeiro de 2023.Augusto Heleno: ex-ministro do GSI, o general participou de uma live que, segundo a denúncia, propagava notícias falsas sobre o sistema eleitoral. A PF também localizou uma agenda com anotações sobre o planejamento para descredibilizar as urnas eletrônicas.Jair Bolsonaro: ex-presidente da República, ele é apontado como líder da trama golpista. A PGR sustenta que Bolsonaro comandou o plano para se manter no poder após ser derrotado nas eleições e, por isso, responde à qualificadora de liderar o grupo.Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso. Segundo a PGR, ele participou de reuniões sobre o golpe e trocou mensagens com conteúdo relacionado ao planejamento da ação.Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa, ele teria apresentado aos comandantes militares decreto de estado de defesa, redigido por Bolsonaro. O texto previa a criação de “Comissão de Regularidade Eleitoral” e buscava anular o resultado das eleições.Walter Souza Braga Netto: é o único réu preso entre os oito acusados do núcleo central. Ex-ministro e general da reserva, foi detido em dezembro do ano passado por suspeita de obstruir as investigações. Segundo a delação de Cid, Braga Netto teria entregado dinheiro em uma sacola de vinho para financiar acampamentos e ações que incluíam um plano para matar o ministro Alexandre de Moraes.As defesas dos réus do chamado núcleo crucial da trama golpista denunciada pela PGR ao STF apresentaram, em 13 de agosto, as alegações finais. A linha comum seguida pelos advogados dos oito réus foi frisar a falta de provas da acusação para ligar os respectivos clientes à participação no planejamento de um possível golpe de Estado.A partir do dia 2, a Primeira Turma analisa todo o caso para decidir se condena ou absolve os réus. O colegiado é composto por Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Flávio Dino.