Mais de 300 tartarugas-verdes foram encontradas encalhadas no último mês, no litoral do Paraná. O número representa um aumento de 502% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 52 encalhes.Os dados são do PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos), que é realizado no litoral paranaense pelo LEC-UFPR (Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná).Segundo o projeto, do total de 314 encalhes, cinco tartarugas chegaram ainda com vida. Elas foram resgatadas e encaminhadas ao Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise da Saúde da Fauna Marinha, local onde recebem cuidados clínicos especializados. Leia Mais Após reabilitação, peixes-boi ameaçados de extinção retornam à natureza Vídeo: Tartaruga-gigante é vista no litoral do Espírito Santo Mais de 3.200 pinguins morreram no litoral brasileiro em 2025 Camila Domit, coordenadora do PMP-BS/UFPR afirmou que esse é um cenário que exige atenção. “As tartarugas-verdes são comuns na nossa região, especialmente em sua fase juvenil, e essa concentração de encalhes é reflexo direto das pressões que esses animais enfrentam no ambiente marinho”, destacou.A tartaruga-verde é considerada “residente temporária” no litoral do estado, e permanece na região para buscar alimento (peixes, lulas, algas e gramas marinhas) e se desenvolver. A espécie está classificada como vulnerável à extinção no Paraná.Impacto do invernoDurante o inverno, as frentes frias provocam alterações nas condições oceânicas, como a queda na temperatura da água, mudanças na salinidade, nos ventos de superfície e o redirecionamento das correntes marinhas.Segundo o projeto, essas transformações impactam as tartarugas marinhas, uma vez que afetam a capacidade de locomoção e a busca por alimento desses animais.Além dos fatores naturais, as atividades humanas também são consideradas aspectos que agravam a situação da fauna marinha. O levantamento do projeto aponta que a maioria dos animais encalhados apresentam a ingestão de fragmentos de plástico, interações com redes da pesca e colisões com embarcações, que resultam em traumas graves, fraturas e em alguns casos, a morte imediata dos animais.ReabilitaçãoApós serem encontrados com vida, os animais passam por exames clínicos e laboratoriais, para identificar possíveis doenças, avaliar o estado nutricional e investigar as possíveis causas do encalhe.Posteriormente, o tratamento continua e inclui suporte nutricional, administração de medicamentos, fisioterapia e monitoramento contínuo, com o objetivo de garantir que o animal se recupere e possa ser devolvido ao oceano.De acordo com o médico veterinário do PMP-BS/UFPR, Felipe Yoshio Fukumori, o processo de reabilitação das tartarugas costuma ser lento e delicado. “Cada indivíduo demanda um protocolo específico, com atenção ao seu histórico, condição corporal e resposta aos primeiros cuidados. Por isso, o acompanhamento diário e personalizado é fundamental para garantir a recuperação completa e segura até o momento da soltura”, complementou Fukumori.O que fazer ao avistar um animal marinho encalhado, vivo ou mortoMantenha distância;Não toque, mesmo se parecer sem vida;Não tente devolvê-lo ao mar;Acione o PMP-BS/LEC-UFPR imediatamente pelos contatos oficiais. *Sob supervisão de Pedro Osorio