Nessa quarta-feira (27), o segundo dia do IV Seminário Municipal de Educação para a Diversidade, promovido pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), reuniu professores, gestores e técnicos da rede pública no Teatro de Bolso, com mesas dedicadas a alfabetização inclusiva e formação docente em gênero, diversidade e atuação profissional. O dia começou com uma mesa sobre “Letramentos múltiplos: caminhos para uma alfabetização inclusiva e antidiscriminatória”, conduzida por Nize Pereira dos Santos Pedra, Ana Cristina Henrique de Paula e Paula França. Em suas falas, destacaram a necessidade de reconhecer diversas formas de linguagem e cultura dentro do processo de alfabetização, enfatizando práticas que integrem alunos historicamente marginalizados. À tarde, o painel “Quem tem medo do gênero? Formação docente, diversidade e atuação profissional” foi coordenado por Rafael França e Paulo Santos Freitas Júnior. Eles estimularam reflexões sobre como a formação inicial e continuada de professores pode incluir perspectivas de gênero e sexualidade, para que a prática pedagógica se torne mais consciente e acolhedora. Ao fim das discussões, a organização planeja sistematizar até cinco propostas de intervenção a serem incorporadas nas práticas pedagógicas da rede municipal. A intenção é fortalecer o compromisso da educação em Campos com os princípios da diversidade, equidade e inclusão, orientando políticas públicas que atendam às necessidades da comunidade escolar. Diego Henrique Nascimento, gerente de Diversidade e Inclusão da Seduct, reforçou a relevância histórica e social dessas pautas em Campos. “Esses dados refletem as profundas marcas de um histórico de escravização africana e de genocídio dos povos originários, onde a colonialidade ainda presente nos currículos escolares contribui para a manutenção de um imaginário social estigmatizante”, alertou, ressaltando a urgência de ações afirmativas diante da desigualdade étnico‑racial, de gênero, diversidade sexual e intolerância religiosa. O seminário respalda-se em um sólido quadro legal nacional, como as as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornaram obrigatório o ensino da História e Cultura Afro‑Brasileira, Africana e Indígena; além das diretrizes do Conselho Nacional de Educação para a Educação do Campo, Quilombola e Direitos Humanos. Esse alinhamento também reflete as políticas do MEC, que promovem a equidade étnico‑racial, igualdade de gênero, inclusão religiosa e enfrentamento de discriminação no ambiente escolar. Entre as estratégias defendidas estão a formação docente para trabalhar a diversidade, a ampliação da educação indígena e quilombola e a implementação de programas contra violências simbólicas e físicas nas escolas. O evento se consolida como um marco para a educação municipal, unindo teoria, prática e proposição. Ao priorizar temas como alfabetização antidiscriminatória e formação docente em gênero, ao mesmo tempo em que sistematiza propostas concretas, promove avanços significativos no compromisso com uma escola inclusiva e plural.