Chefe do Ministério Público de São Paulo (MPSP), o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira, negou um pedido para instaurar uma investigação sobre a casa de luxo que o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), está construindo em um condomínio de Porto Feliz, no interior paulista.Como revelado pelo Metrópoles, o empreiteiro responsável pela obra afirmou à reportagem que o imóvel custará em torno de R$ 3 milhões, considerando valor do terreno, material e mão de obra. O construtor ainda disse que o empresário do setor de eventos Guilherme Moron, amigo de Derrite, é quem alinha os pagamentos.Por meio de nota enviada ao Metrópoles em junho, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “o empresário Guilherme Moron jamais custeou qualquer valor referente à construção do imóvel do secretário Guilherme Derrite”.Mesmo sem ouvir o empreiteiro e o empresário, o chefe do MPSP entendeu que os esclarecimentos apresentados por Derrite “foram suficientes” para descartar a existência de improbidade administrativa. Em 19 de agosto, Paulo Sérgio de Oliveira determinou o arquivamento do pedido de investigação, apresentado pelo deputado estadual Antonio Donato (PT) após as reportagens do Metrópoles.“Não se coletaram indícios de improbidade administrativa catalogada no artigo 9º […] os esclarecimentos prestados pelo representado foram suficientes para desautorizar a incidência de referido preceito legal, rechaçando a ocorrência de enriquecimento ilícito pela aquisição de bens incompatível à evolução do patrimônio ou renda, pois, logrou demonstrar sua origem lícita”, afirmou o procurador-geral de Justiça.10 imagensFechar modal.1 de 10Construção de casa de Derrite está em fase finalKléber Augusto/Especial para o Metrópoles2 de 10Imóvel custará ao menos R$ 3 milhõesReprodução3 de 10Guilherme Derrite e Gui Moron durante cerimônia de condecoração da PMReprodução4 de 10Guilherme Derrite condecora seu amigo Gui MoronReprodução5 de 10Guilherme Derrite e Gui Moron em Brasília, quando empresário foi ao CongressoReprodução6 de 10Guilherme Derrite com o ex-presidente Michel Temer e Gui MoronReprodução7 de 10Casa de Derrite vista de cimaKléber Augusto/Especial para o Metrópoles8 de 10Imóvel fica localizado em um condomínio de alto padrão em Porto Feliz (SP)Kléber Augusto/Especial para o Metrópoles9 de 10Terreno foi adquirido em junho de 2023, por R$ 475 milReprodução10 de 10Porto Feliz se tornou reduto dos bilionários no interior do estadoKléber Augusto/Especial para o MetrópolesEm julho, Paulo Sérgio havia cobrado explicações do secretário, atendendo a um pedido de Donato, que é líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).De acordo com a decisão que arquivou a repreentação, Derrite informou que o contrato com a Construtora Mota, responsável pela obra da casa, foi firmado por R$ 151 mil. O pagamento teria sido feito em parcelas de R$ 11,6 mil, entre março de 2024 e agosto de 2025.O documento do órgão também cita a compra do terreno por R$ 489 mil e não detalha os gastos com materiais.“O pagamento foi realizado por meio de parcelas mensais de R$ 11.600,00 (onze mil e seiscentos reais), sendo ajustada a primeira prestação com vencimento em 20/03/2024 e a última com vencimento em 20/08/2025, tendo sido demonstrado que esses pagamentos foram realizados tanto por Guilherme Muraro Derrite como por sua mulher, Iara Maria de Oliveira, em favor de Genilton Mota Siqueira”, diz o documento.O documento não cita se houve algum intervalo maior que de um mês entre os pagamentos, uma vez que os valores mensais entre março de 2024 e agosto de 2025 totalizariam R$ 208 mil, não R$ 151 mil.Para o chefe do MPSP, os valores informados da compra do terreno e dos pagamentos à construtora são compatíveis com a evolução patrimonial e a capacidade financeira de Derrite e sua esposa.“Após deduções legais e pagamento do imposto de renda, restaram sobras líquidas anuais de R$ 267.146,08 (em 2023) e R$ 350.138,77 (em 2024), valores que, somados à alienação do imóvel anterior viabilizaram integralmente a aquisição do terreno e a execução da obra residencial em andamento”, informou o casal ao MPSP.Pelo menos R$ 2 milhõesEm 23 de junho, o Metrópoles conversou com o empreiteiro responsável pela obra da casa de Guilherme Derrite. Por telefone, Genilton Mota, da Construtora Mota, disse que, até aquele momento, o valor da construção estava em aproximadamente R$ 2 milhões.“É, 2,7… até esses tempos atrás eu tava conversando de gasto lá, tava em uns 2, mas material e mão de obra tava comprando tudo, porcelanato, esquadrilha, já comprou tudo”, disse Genilton à reportagem, que se passou em pessoa interessada em contratar os serviços da empresa.“Eu tô percebendo que vai chegar ali nuns 5 mil, até 6 mil reais o metro quadrado, 5,5. Mas num padrão bem bom, né. A casa dele é padrão alto. Assim, lá em cima é tudo madeira”, acrescentou.Segundo o empreiteiro, a construção contará com R$ 150 mil em madeira amazônica, do tipo cumaru, equivalente ao valor declarado pelo secretário para toda a obra.“Tá faltando só comprar as torneiras mesmo e a madeira. De madeira ficou 140 mil de madeira. Porque do assoalho às portas é tudo de madeira tudo cumaru, deck em volta da piscina. Então toda madeira está ficando na casa dos 150 mil”, disse Genilton.O que diz a SSP“Todas as aquisições patrimoniais realizadas por Guilherme Derrite e por sua família são plenamente compatíveis com a renda declarada ao longo de sua trajetória, fruto de cerca de 20 anos de trabalho e economia familiar. Todos os bens foram adquiridos com recursos próprios e dentro da legalidade, conforme registrado junto às autoridades competentes.O terreno onde está sendo construída a casa mencionada pela reportagem foi comprado com recursos obtidos pela venda de um apartamento na zona oeste de São Paulo, após término de financiamento imobiliário de dez anos. A construção do imóvel em Porto Feliz, cidade de origem da esposa de Derrite, começou no primeiro semestre de 2024 e vem sendo executada de forma gradativa, assim como os investimentos realizados na obra.É incorreta a associação direta do valor mencionado à casa em construção, pois esse montante corresponde a imóveis já prontos no mesmo condomínio, não refletindo o estágio atual e o custo total da obra em andamento. Também é importante mencionar que a casa não está localizada em um condomínio de altíssimo padrão, conhecido na região, como dá a entender a reportagem, mas sim em um condomínio localizado na área urbana da cidade.”