Mais do que a sensação de independência, o primeiro emprego traz inúmeras responsabilidades financeiras: cartão de crédito, planos de celular e até os gastos do fim de semana. Mas a falta de planejamento nessa porta de entrada para o consumo fez com que mais de 1,5 milhão de renegociações de dívidas fossem fechadas por jovens de 18 a 25 anos nos primeiros sete meses de 2025.O dado, obtido em um levantamento da Serasa, revela que este ano houve um aumento de 49% na quantidade de renegociações feitas por jovens em relação ao mesmo período de 2024, quando pessoas nessa faixa etária fizeram 1 milhão de acordos.Leia tambémTrabalhadores com mais de 60 são grupo que mais cresce. O que isso diz sobre mercado?Segmento saltou 76% entre 2012 e 2025 e já soma 8,6 milhões de pessoas, enquanto fatia de jovens retrai. Idade mínima, longevidade e necessidade de complementar renda adiam aposentadoria Para o professor Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV, essa alta revela duas fragilidades. A primeira é o acesso fácil ao crédito, que recentemente foi impulsionado com a expansão do empréstimo consignado, que tem desconto direto na folha de pagamento:“Essa facilidade ao crédito é um chamariz para jovens, que ainda não passaram pela necessidade de renegociar. Mas quando chega cobrança, percebem que não terão condições pagar.”Ricardo aponta que o segundo fator está na instabilidade de empregos, especialmente nessa etapa da vida.“O mercado está mais volátil do que há um ano. A grande oferta de mão de obra jovem gera uma rotatividade maior entre eles”, opina Ricardo, destacando que a dificuldade dos novos profissionais em manter uma renda estável compromete o pagamento de seus compromissos financeiros.O estagiário de Comunicação Andrew Alves, de 22 anos, viu sua vida financeira mudar ao emprestar o cartão para os pais abrirem uma barraca para vender sopas. O negócio não vingou, mas as cobranças chegaram.“Quando vi que não conseguiram pagar, já não dava mais para bancar sozinho”, lamenta.Endividamento afeta quem ajuda em casaCom a dívida acumulada, Andrew passou a buscar saídas. Tentou renegociar direto no banco, mas os ofertas não cabiam no seu orçamento.“Achei descontos de R$ 1 mil à vista. Só que não consigo pagar esse valor de uma vez”, conta.A situação de Andrew reflete um desafio comum entre jovens que ajudam no sustento de casa. Outra pesquisa da Serasa, ouviu 2.923 pessoas de 18 a 29 anos, e apontou que 39% contribuem ou dividem as despesas da família.“Quando se fala de endividamento dos jovens é geralmente das famílias que não podem ajudar nesse momento”, argumenta o economista Ricardo Teixeira.Cofrinho e divisão de orçamentoSamuel Barros, reitor do Ibmec-Rio e especialista em finanças, recomenda para quem está no primeiro emprego uma função de bancos digitais que permite transferências automáticas para um “cofrinho”.“Pode ser definido um período que esse valor ficará bloqueado”, explica.Por outro lado, ele recomenda que os jovens sem vínculo CLT dividão os rendimentos em três partes: uma reserva de emergência de três a seis meses de gastos, outra para consumo do dia a dia e uma terceira para desejos, como viagens.“Sem essa organização, o jovem sem vínculo formal vai viver de sobressaltos e sempre pagando dívidas”, alerta.Já para os jovens sem vínculo CLT, ele recomenda divisão dos rendimentos em três partes: uma reserva de emergência de três a seis meses de gastos, outra para consumo do dia a dia e uma terceira para desejos, como viagens.“Sem essa organização, o jovem sem vínculo formal vai viver de sobressaltos e sempre pagando dívidas”, alerta.O que o consumidor precisa saber na hora de renegociarRenegociar dívidas pode ser um alívio, mas também uma armadilha se não for feito com atenção. A pressa em fechar acordos pode levar o consumidor a assumir parcelas que não cabem no orçamento ou valores maiores do que realmente deveria pagar. Especialistas dão orientações práticas na hora de fechar acordos para regularizar pendências financeiras.Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV, a regra é clara: analisar cada detalhe antes de assinar.“Verifique se o valor cobrado é justo e se cabe no seu orçamento. Depois que você assina, passa a dever o valor do novo contrato, não mais o original. Muitos acabam se enrolando por não ler as cláusulas direito”, alerta.Ele recomenda questionar o saldo devedor total, entender o que significa cada item do valor apresentado pelo banco e negociar para reduzir o montante da nova dívida.Já Samuel Barros, reitor do Ibmec-Rio, lembra que renegociar é também projetar o futuro.“É importante buscar redução das taxas e alongamento de prazos, mas garantindo que o acordo será cumprido. O não pagamento piora o histórico de crédito e encarece ainda mais os juros”, destaca.Se surgir dinheiro extra, Barros o uso de forma estratégica:“O melhor é quitar as últimas parcelas e continuar pagando as correntes. Assim você reduz o custo dos juros embutidos e consegue encurtar a dívida mais rápido”.The post Jovens renegociaram 1,5 milhão de dívidas neste ano; veja como evitar armadilhas appeared first on InfoMoney.