Samuel Gutman, empresário polonês e um dos últimos sobreviventes do Holocausto, morreu em Bogotá poucas semanas depois de completar 100 anos. A notícia foi confirmada pela Confederação das Comunidades Judaicas da Colômbia (CCJC). A causa da morte não foi divulgada.Samuel nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 13 de abril de 2025. Sua família era proprietária de uma fábrica de tecidos para cortinas, e ele viu a perseguição nazista desmantelar sua vida. Seu irmão faleceu em um gueto, enquanto sua mãe e duas irmãs foram brutalmente assassinadas nas câmaras de gás do campo de concentração de Treblinka.Para escapar da morte, Gutman se disfarçou de camponês católico e fugiu para a Suíça. Ele então se juntou às tropas aliadas e, ao final da Segunda Guerra Mundial, optou por se mudar para a Colômbia, onde se reuniu com seu pai. O pai havia partido da Polônia no início da perseguição aos judeus, com a promessa de voltar para buscar a família, algo que nunca conseguiu.Refúgio na América do SulApós o fim da guerra, a América do Sul se tornou um porto seguro para centenas de sobreviventes do Holocausto, acolhendo milhares de judeus entre 1947 e 1953. A Argentina foi o destino principal, recebendo mais de 4.800 sobreviventes, enquanto outros buscaram refúgio no Brasil, Paraguai, Uruguai, Panamá e Costa Rica.A Bolívia, por exemplo, aceitou até 20 mil refugiados judeus entre 1938 e 1941, um esforço liderado em grande parte pelo empresário Moritz Hochschild.Na Colômbia, o legado e a memória dos sobreviventes, como Gutman, continuam a ser honrados. Na capital, Bogotá, marchas e exposições são realizadas regularmente para manter viva a história. Uma marcha simbólica, que contou com a participação de milhares de pessoas e de sobreviventes como Ilse During, serviu para proclamar um “nunca, jamais” ao genocídio.O país também sediou exposições como “Shoá: memória e legado do Holocausto”, no Museu de Arte Moderna de Bogotá. A mostra apresentou dezenas de relatos de sobreviventes, incluindo testemunhos como os de Cilly Reines, Anamaria Goldstein e Max Kirschberg, que chegou a mostrar o número de identificação tatuado em seu braço no campo de concentração de Auschwitz. O testemunho deles, assim como o de Samuel Gutman, serve para que a história de resiliência e horror não seja esquecida.