Gemini está consumindo menos recursos do que o estimado, segundo o Google (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog) Resumo Google afirmou em um estudo que cada interação com a IA Gemini consome apenas 0,26 ml de água, equivalente a cinco gotas.Especialistas criticam a falta de dados sobre consumo indireto de água e o uso de métricas “market-based” para emissões de carbono.O estudo ainda não foi revisado por pares, mas a empresa afirma que pode submetê-lo futuramente, ressaltando que os dados são internos.O Google divulgou um estudo no qual afirma que o consumo de recursos do Gemini é muito menor do que o estimado em pesquisas anteriores. Segundo a empresa, cada comando de texto enviado à IA exige apenas 0,26 mililitros de água — o equivalente a cinco gotas — e um gasto de energia comparável a assistir menos de nove segundos de TV. Isso representaria cerca de 0,03 gramas de dióxido de carbono por interação.No entanto, especialistas afirmam que os cálculos apresentados estão incompletos e podem passar uma impressão equivocada sobre o real impacto ambiental da IA.A companhia sustenta que os números refletem avanços em eficiência, alcançados entre maio de 2024 e maio de 2025. Nesse período, o Google diz ter reduzido em 33 vezes o consumo de eletricidade por prompt e em 44 vezes a pegada de carbono.Quão sustentável é o Gemini?Embora os dados indiquem ganhos de eficiência, pesquisadores chamam atenção para pontos que ficaram de fora da análise. O estudo do Google considera apenas a água usada diretamente em sistemas de resfriamento de data centers, ignorando o chamado consumo indireto — como o gasto hídrico associado à geração de energia em usinas, que também utilizam água em processos de refrigeração ou para movimentar turbinas a vapor.“Esses números mostram só a ponta do iceberg”, afirmou ao The Verge Alex de Vries-Gao, pesquisador da Vrije Universiteit Amsterdam e fundador do site Digiconomist. Já o professor Shaolei Ren, da Universidade da Califórnia, Riverside, ressalta que omitir esses dados transmite “a mensagem errada para o público”.Ambos apontam que grande parte da água associada ao funcionamento de um data center está ligada justamente ao fornecimento de eletricidade, algo não contemplado pela análise divulgada.Outro aspecto criticado é a forma como o Google apresentou as emissões de carbono. O estudo utilizou apenas a métrica “market-based”, que considera compromissos da empresa em investir em energia renovável. Para os especialistas, também deveria ter sido aplicado o cálculo “location-based”, que leva em conta a matriz energética real da região onde o data center opera. Google estuda o impacto ambiental que a inteligência artificial causa (imagem: Growtika/Unsplash)Estudo sem revisão O documento ainda não passou por revisão por pares, parte importante de um estudo científico. O Google, no entanto, afirma estar aberto a esse processo no futuro. A empresa defende que sua metodologia é mais precisa por usar dados internos, e não apenas modelos de estimativas, e argumenta que incluiu fatores ignorados em outras análises, como o gasto de energia de servidores em modo ocioso.Mas ganhos de eficiência não significam, necessariamente, redução do impacto ambiental total. De acordo com o último relatório de sustentabilidade do próprio Google, as emissões relacionadas às suas operações cresceram 11% em 2024 e já acumulam alta de 51% desde 2019, em grande parte devido à expansão acelerada da IA.Ou seja, mesmo que um único prompt pareça quase inofensivo quando medido isoladamente, a escala do uso global pode levar a um cenário bem mais preocupante do que o descrito pela empresa.Com informações do The VergeGoogle diz que prompts de IA consomem só 5 gotas de água