Não é novidade que a natalidade em Portugal tem descido, com uma queda sustentada e contínua no número de nascimentos nos últimos anos.Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos confirma que se tem registado uma alteração profunda dos padrões históricos da natalidade no país. Adicionalmente, a tendência para o adiamento do primeiro filho verifica-se de Norte a Sul, mas com ritmos diferenciados, refletindo mudanças sociais, culturais e económicas ao longo das últimas décadas. Da dicotomia Norte-Sul à homogeneização dos padrõesTradicionalmente, a natalidade em Portugal apresentava fortes assimetrias regionais:Um Norte mais fecundo, associado a práticas agrícolas, posse de terras e maior influência das tradições religiosas.Um Sul menos fértil, onde se registavam índices mais baixos de nascimentos.Contudo, a análise da Fundação mostra que estas diferenças começaram a dissolver-se no final do século XX. O desenvolvimento social e económico, a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, o aumento da escolaridade e a menor influência das práticas católicas foram fatores decisivos para uma maior homogeneização dos comportamentos reprodutivos.!function(e,n,i,s){var d="InfogramEmbeds";var o=e.getElementsByTagName(n)[0];if(window[d]&&window[d].initialized)window[d].process&&window[d].process();else if(!e.getElementById(i)){var r=e.createElement(n);r.async=1,r.id=i,r.src=s,o.parentNode.insertBefore(r,o)}}(document,"script","infogram-async","https://e.infogram.com/js/dist/embed-loader-min.js"); Litoral e Interior: novas assimetrias emergemApesar da aproximação entre Norte e Sul, surgiram novas desigualdades, agora entre Litoral e Interior. O Interior Norte e Centro registam hoje índices mais baixos de natalidade, enquanto que o Litoral e Interior Sul apresentam valores mais elevados.Segundo os dados de 2024, os mapas concelhios revelam estas diferenças com maior detalhe, destacando-se a influência dos ritmos de urbanização e do desenvolvimento económico local. Nascimentos fora do casamento é um novo paradigma familiarOutro dado relevante apontado pelo estudo é a evolução no número de filhos nascidos fora do casamento. Em 2024, 59% das crianças nasceram em contextos de união de facto ou de pais não coabitantes, um indicador que tem vindo a crescer em todo o país.Embora a dicotomia Norte-Sul também se manifestasse neste comportamento, a análise mostra que as diferenças têm diminuído na última década, refletindo uma maior convergência de modelos familiares. O casamento perde centralidade e a coabitação tambémO estudo destaca ainda uma mudança cultural profunda: o casamento deixou de ser a porta de entrada na parentalidade. A coabitação dos pais, outrora considerada uma condição para ter filhos, está também a perder relevância.Cresce o número de famílias em que os pais têm uma relação, mas não partilham a mesma casa, com ou sem filhos em comum. Esta tendência revela uma redefinição contemporânea do conceito de família e da parentalidade.!function(e,n,i,s){var d="InfogramEmbeds";var o=e.getElementsByTagName(n)[0];if(window[d]&&window[d].initialized)window[d].process&&window[d].process();else if(!e.getElementById(i)){var r=e.createElement(n);r.async=1,r.id=i,r.src=s,o.parentNode.insertBefore(r,o)}}(document,"script","infogram-async","https://e.infogram.com/js/dist/embed-loader-min.js");A análise da Fundação Francisco Manuel dos Santos evidencia que a natalidade em Portugal está a atravessar uma transformação estrutural. As antigas fronteiras regionais estão a diluir-se, mas emergem novos padrões de desigualdade, ao mesmo tempo que surgem modelos familiares mais diversos e menos dependentes de estruturas tradicionais.O conteúdo Natalidade em Portugal apresenta assimetrias regionais e novos padrões aparece primeiro em Revista Líder.