Sem ajuste fiscal, governo em 2027 não dura 1 ano, diz Walter Maciel, da AZ Quest

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A instabilidade fiscal do Brasil pode custar caro ao próximo presidente. Para Walter Maciel, CEO da AZ Quest, se o ajuste das contas públicas não for feito já no início do próximo mandato presidencial, em 2027, qualquer governo corre o risco de não resistir ao primeiro ano.“Qualquer governante que entrar em 2027 e não fizer o ajuste, eu prevejo um governo que vai durar um ano. Não dura mais do que isso. Collor não caiu por política e Dilma não caiu por política. Esse julgamento político do impeachment sempre veio em cima de uma crise econômica muito grave”, afirmou, em entrevista ao podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo.Conforme ele, a falta de responsabilidade fiscal não apenas compromete o crescimento econômico, mas ameaça também a própria estabilidade política. “Se você não resolver o problema fiscal, qualquer governo terá vida curta e terá que lidar com pressões internas e externas.”— Walter Maciel, CEO da AZ QuestSaiba mais: Trump tem estratégia. E quem não entender isso, vai ficar para trásO peso da carga tributáriaMaciel destacou que a situação fiscal já é insustentável. “O que a Constituição manda? Você vai pagar funcionalismo, aposentadoria, saúde, educação, acabou o dinheiro”, disse.Na visão do executivo, a discussão sobre orçamento paralelo e verbas do Congresso perde relevância diante de uma realidade em que os tributos já chegaram ao limite. “Não vai ter nem mais emenda, não vai ter mais verba. A carga tributária, que já chega a 39%, não tem mais por onde ir”, afirmou.Segundo ele, o Brasil tributa mais per capita que países como Estados Unidos e Japão, mas sem entregar infraestrutura ou qualidade de vida compatíveis. “Olha a qualidade de vida desse pessoal. Infraestrutura, transporte, educação. O Japão é menor que o Brasil. A China, que é um regime totalitário de força, não tem coragem de tributar o que o Brasil tributa.”Leia mais: Bolsa brasileira pode disparar até 70% com fim do “lulismo”, avalia gestor da ApexE também: Kinitro: Guerra tarifária volta ao radar e acende alerta; “inflação na veia”Modelo que trava o crescimentoPara o CEO da AZ Quest, o sistema atual sufoca a atividade produtiva. “O modelo atual asfixia a economia e é anti-econômico, retardando o crescimento”, disse.Ele defendeu uma redução do tamanho do Estado e criticou a apropriação de recursos públicos por setores privados, além do aumento expressivo de programas sociais e benefícios nos últimos anos. Como exemplo, citou os R$ 120 bilhões gastos anualmente com determinados subsídios e o peso das desonerações. “Já é 7% do PIB. Se você reduz isso de 7 para 6, já tem mais R$ 60 bilhões”, afirmou.Credibilidade como saídaMaciel reforçou que o ajuste fiscal depende, sobretudo, de credibilidade. Ele lembrou o caso do governo Temer, quando um déficit de 3,5% do PIB foi reduzido para 1,8% em dois anos, sob a gestão de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda.“O problema não é difícil de resolver. Com vontade política e diálogo com o Congresso, você já tem aí R$ 250 bilhões por ano. O nosso problema hoje é de R$ 350 bilhões. Então, já resolveu. O que precisa? Credibilidade.”Na avaliação do gestor, um choque de confiança poderia reduzir a inflação futura, valorizar o real e abrir espaço para queda dos juros reais. “Se você dá esse choque de credibilidade, o real, ao invés de estar 5,40, podia estar 4,5 ou 4,4. Isso pode dar espaço para juros de um dígito. E aí as coisas começam a entrar no eixo.”Risco fiscal e geopolíticaAlém do cenário interno, Maciel também comentou sobre a posição internacional do Brasil e a importância de resgatar a vocação diplomática do Itamaraty. “(O Brasil) é um país que conversa e dialoga com todos e que não cria problema com ninguém.”Segundo ele, em um ambiente de pressões fiscais e instabilidade política, manter boas relações externas é essencial para evitar que crises internas se transformem em ainda maiores pressões sobre a economia.The post Sem ajuste fiscal, governo em 2027 não dura 1 ano, diz Walter Maciel, da AZ Quest appeared first on InfoMoney.