O Brasil deu início ao maior ensaio clínico nacional destinado a avaliar a segurança e a eficácia de células CAR-T desenvolvidas integralmente no país. O objetivo é que 81 pacientes recebam o tratamento experimental contra o câncer e sejam avaliados por um período de cinco anos.Todos os participantes precisam ter sido diagnosticados com leucemia linfoblástica aguda ou com linfoma não Hodgkin. Além disso, é obrigatório que já tenham passado por terapias anteriores que não obtiveram sucesso na melhora de seus quadros de saúde.Células CAR-T serão testadas em nova terapia contra o câncer (Imagem: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP)Células são modificados geneticamente O experimento consiste em separar de uma mistura de células sanguíneas um tipo especial de célula de defesa, os linfócitos T.Após esse procedimento, eles são armazenados em uma bolsa menor e ativados, antes de serem modificados geneticamente. O resultado final deste trabalho é a formação das chamadas células CAR-T.Elas são capazes de reconhecer e destruir células cancerígenas específicas, funcionando como uma tratamento contra o câncer.O último processo do trabalho é inserir os linfócitos em um meio de cultura rico em nutrientes e com temperatura controlada.O objetivo é que eles se multipliquem até atingir a concentração necessária para testar o tratamento.Esse número varia de centenas de milhares a centenas de milhões a depender da doença e do peso do paciente.A última etapa é a introdução das células CAR-T no corpo do doador inicial.Todo este processo leva cerca de 45 dias.Leia maisIA é nova aliada nos tratamentos conta tumoresNova técnica usa IA para eliminar o câncer com precisãoCâncer: tratamento com células CAR-T tem risco?Células geneticamente modificadas são capazes de reconhecer e destruir tumores (Imagem: Lightspring/Shutterstock)Células CAR-T já são usadas em experimentos ao redor do mundoSegundo informações da Revista Pesquisa Fapesp, seis pacientes já receberam as células CAR-T e estão sendo monitorados. O objetivo dos pesquisadores é avaliar a segurança e a eficácia do tratamento contra o câncer. Um dos diferenciais do trabalho é usar células produzidas no país, o que pode diminuir os custos de uma futura terapia contra a doença. Iniciado em 2024, o estudo recebeu R$ 100 milhões do Ministério da Saúde para tratar 81 pessoas com leucemia linfoblástica aguda ou com linfoma não Hodgkin que não responderam a terapias anteriores. Os cientistas lembram que o novo tratamento não é recomendado para todos os pacientes com câncer. Terapias à base de medicação antitumoral (quimioterapia), radiação (radioterapia) ou compostos que estimulam o sistema de defesa (imunoterapia) resolvem de 50% a 70% dos casos. Quando estas opções não funcionam, existe ainda a possibilidade de um transplante de medula óssea, tecido fundamental para a produção das células do sistema imunológico. Se nada disso der certo, a solução pode ser as células CAR-T.Novo processo pode baratear uso da terapia contra a doença (Imagem: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP)Ao final do ensaio clínico, os dados serão submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em caso de aprovação, o passo seguinte será submeter o tratamento à avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Desde 2010, quando começaram a ser testadas em seres humanos, as células CAR-T já foram usadas em milhares de casos no mundo, com resultados promissores.O post Tratamento com células CAR-T é esperança na luta contra o câncer apareceu primeiro em Olhar Digital.