Soltas e ferozes, matilhas pelo DF fazem explodir número de ataques de cães

Wait 5 sec.

O aumento do número de animais abandonados nas ruas do Distrito Federal tem se tornando uma situação cada vez mais alarmante. Atualmente, mais de 1 milhão de animais domésticos, dentre cães e gatos, não possuem lar na capital do país, segundo a Confederação Brasileira de Proteção Animal. Outro fator que chama a atenção dos brasilienses é o crescimento dos casos de ataques de cães a pedestres.Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam um crescimento de 42% dos registros destes tipos de ataque, entre 2021 e 2024. O número de casos saltou de 198 ocorrências para 281 durante esse período.O Metrópoles procurou o novo secretário da Secretaria Extraordinária de Proteção Animal do Distrito Federal (Sepan), Cristiano Lopes, para falar sobre o aumento do número de registros e medidas que poderiam ser tomadas para controlar a situação. Ele tomou posse em 15 de agosto, após exoneração da antiga secretária Edilene Dias, indiciada por se recusar a receber animais resgatados de uma situação de maus-tratos.Entretanto, segundo a assessoria da secretaria, “por questões de agenda, o secretário não poderá conceder entrevista no momento”. Em nota, explica ainda que “serão definidas medidas necessárias para garantir a segurança da população, respeitando o bem-estar animal”.“A secretaria tem buscado parcerias com abrigos particulares para acolher os animais em situações emergenciais, já que atualmente não dispõe de espaço suficiente para a alta demanda. Além disso, está em elaboração uma licitação para a criação de um novo albergue público, o que ampliará a capacidade de acolhimento e o atendimento desses casos”, acrescentou.Neste ano, ainda não há nenhum dado divulgado sobre as ocorrências. Mas, somente nos meses de julho e agosto, o Metrópoles noticiou dois casos graves: o da pediatra atacado por 10 cães na Asa Norte e o mais recente, ocorrido nessa quinta-feira (21/8), em Ceilândia, de uma mulher que foi derrubada por seis cachorros que a feriram violentamente. “A minha sensação é que eu fosse morrer. Porque a fêmea veio para atacar o meu pescoço, mas coloquei meu braço. Se fosse uma criança, teria morrido”, relatou a vítima do ataque em Ceilândia.Apesar de ambas estarem bem agora, as vítimas sofreram de terror psicológico, além de ferimentos e lesões ocasionadas pelas mordidas profundas dos animais.Relembre como foi:A infectologista e presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Lívia Pansera, explica que as mordidas poderiam causar infecções bacterianas ou até mesmo a morte pela transmissão da raiva.“A saliva do animal contém microrganismos capazes de provocar inchaço, dor, pus e sepse [infecção generalizada]. E essas complicações são ainda mais preocupantes em ferimentos profundos nas mãos e braços, que podem comprometer tendões, ossos e a função do membro”, explicou Lívia.4 imagensFechar modal.1 de 4Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto2 de 4Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto3 de 4Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto4 de 4Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophotoSituações dos animais no DFA reportagem esteve em três regiões diferentes do DF nessa sexta-feira (22/8). Foram visitados áreas comerciais e residenciais que contam com a presença de cães em situação de rua. Foram elas: Asa Norte (Plano Piloto), Itapoã e Paranoá.Dentre as três regiões, o lugar que mais chama atenção e eleva o nível de preocupação sobre os animais em situação de rua é a Asa Norte. Moradores e comerciantes, mesmo após o último ataque repercutido, continuam a relatar medo e insegurança ao andarem pelas ruas da cidade.Em estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) mostra que aproximadamente 15% da população em situação de rua da capital vive com animais de estimação.A quadra comercial da 710 Norte é um espaço que tem recebido relatos de moradores em situações de rua andando pelo local com seus cães. Contudo, os animais domésticos trazem um adendo de serem violentos.“Eu nunca vi tanto cachorro na rua na minha vida quanto agora. Enquanto os animais estão sentados próximos à pessoa que cuida deles, você tem que passar distante. Não dá para passar pertinho, porque eles vão querer avançar em você. E não só um, nem dois, nem três animais, são sempre mais de quatro. A gente corre perigo”, relatou a comerciante Gilma Lima, 61 anos.A dona de um dos estabelecimentos da quadra, que pediu para não ser identificada, acrescentou que os cães são “valentes e bravos”, além de serem um acaso de “espantar a clientela” da comercial.A mesma situação acontece na quadra residencial da 416 Norte. Em virtude dos moradores de rua que acampam próximos ao fim da L4, o zelador Francisco Brandão, 66 anos, conta que há 20 dias presenciou um ataque de cães em frente ao bloco onde trabalha.Assista ao relato:Já nas duas regiões mais próximas à barragem do Paranoá, foi percebida uma movimentação menor de cães de rua. Quando encontrados, estavam sozinhos ou acompanhados de um outro cachorro.Na avenida principal do Paranoá, foram flagrados ao menos sete cachorros perambulando pelos comércios, mas sem apresentar nenhuma ameaça ou incômodo aos pedestres. O comerciante de uma loja, identificado como Gilberto Gomes, 61 anos, retratou, inclusive, que a presença deles ali faz parte do cotidiano.“Costumar ter um bando de cachorro espalhados por aqui [comercial], mas nunca tivemos nenhum caso de ataque. Eles só ficam andando para lá e para cá, é normal”, destacou.4 imagensFechar modal.1 de 4Cão dormindo junto ao morador em situação de rua, na quadra comercial da 710 norteHugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto2 de 4Outros três cães acompanhado o dono, também em situação de rua, próximo a W3 NorteHugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto3 de 4Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto4 de 4Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto