Osmar Stabile foi eleito presidente do Corinthians após uma votação indireta realizada na sede do clube, Parque São Jorge, na zona leste de São Paulo, nesta segunda-feira (25/8). Ele já estava no cargo de maneira interina.Osmar era um dos vice-presidentes de Augusto Melo, impeachado no início do mês. Ele foi eleito pelos conselheiros do clube, presididos por Romeu Tuma Júnior.3 imagensFechar modal.1 de 3Osmar Stabile assumiu como presidente interino do Corinthians.Reprodução2 de 3Osmar Stábile, à direita, presidente interino do Corinthians.Agência Corinthians3 de 3O empresário Osmar Stábile, conselheiro do CorinthiansDivulgação/FacebookO atual mandatário do Corinthians é um empresário do ramo metalúrgico, já concorreu a cargos de liderança no Corinthians anteriormente e fez parte de diversas diretorias do clube, como em 2007, durante a gestão de Alberto Dualib.Em 2019, Stabile ganhou evidência fora do clube quando assumiu que produziu um vídeo exaltando o golpe militar de 1964, publicado pela assessoria do Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro.Apesar disso, ele negou que tivesse relação com o ex-presidente da república. No entanto, se disse eleitor de Bolsonaro e afirmou que produziu o vídeo por conta própria e com seus próprios recursos.Caso Vai de BetO novo presidente do Corinthians assume após a saída definitiva de Augusto Melo, determinada no dia 9 de agosto. Ele foi afastado do cargo em meio à investigação policial referente ao acordo de patrocínio firmado entre Corinthians e a empresa de apostas Vai de Bet. Segundo a Polícia Civil, a negociação do contrato teve irregularidades na intermediação.Augusto Melo, Marcelo Mariano dos Santos, Sérgio Lara Muzel de Moura, Alex Fernanda André se tornaram réus pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Vitor Henrique de Oliveira Shimada e Ulisses de Souza Jorge responderão apenas pelo último delito.Em nota, a defesa de Augusto Melo afirmou que vai pedir os habeas corpus necessários com o objetivo de fulminar esse processo “kafkiano e ilegal”. Além disso, diz que os advogados já pediram que a investigação recaia sob a Policia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF) e que uma investigação defensiva está em curso e que “comprovará a inocência do presidente legitimamente eleito do Corinthians”.Por fim, o posicionamento afirmou que Augusto Melo segue confiante “de que a verdade prevalecerá e reitera “seu compromisso com a retomada da organização financeira do clube, que sofreu grande retrocesso desde que ele foi retirado do cargo por seus adversários políticos”.Desvio para dívidasSegundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) no dia 10 de julho, o dinheiro desviado do Corinthians durante a negociação de patrocínio entre o clube e a Vai de Bet era destinado para o pagamento de “prejuízos e dívidas assumidas na campanha” do presidente afastado Augusto Melo.12 imagensFechar modal.1 de 12Osmar Stábile, à direita, presidente interino do Corinthians.Agência Corinthians2 de 12Augusto Melo também é investigadoLeonardo Amaro/Metrópoles3 de 12Impeachment de Augusto Melo será votado nesta segunda-feira (26/5)Leonardo Amaro/Metrópoles4 de 12Presidente afastado do Corinthians, Augusto MeloReprodução5 de 12Conselho Deliberativo do clube aguarda fim das investigações.Ricardo Moreira/Getty Images6 de 12Augusto Melo foi afastado na última segunda-feira (26/5)Jose Manoel Idalgo/Corinthians7 de 12Augusto Melo é alvo de processo de impeachment por caso Vai de Bet.Reprodução8 de 12Reprodução9 de 12Augusto Melo, presidente afastado por impeachment.Reprodução10 de 12 José Manoel Idalgo / Ag Corinthians11 de 12Augusto Melo é alvo de processo de impeachment por caso Vai de Bet.Reprodução/ Instagram12 de 12O empresário Augusto Melo, candidato à presidência do CorinthiansDivulgaçãoO Ministério Público acredita que o esquema criminoso gerou um prejuízo que ultrapassa os R$ 40 milhões ao clube da zona leste de São Paulo. Nessa conta, a promotoria também incluiu o valor da rescisão com a antiga patrocinadora do clube alvinegro, também do ramo de apostas.Pedido de indenizaçãoPara o pagamento do prejuízo gerado ao Corinthians, no valor de R$ 40 milhões, o Ministério Público pediu que os denunciados paguem a mesma quantia à instituição.Além disso, para que o valor seja pago em caso de determinação judicial, o Ministério Público também solicitou o sequestro de bens e valores dos denunciados no valor de R$ 40 milhões.Veja a relação das pessoas físicas e jurídicas mencionadas no confisco dos bens:Rede Social Media Design;ACJ Plataform;Carvalho Distribuidora;Thabs Soluções Integradas;Wave Intrmediações e Tecnologias;Victory Trading Intermediação;UJ Football Talent;UJ Holding Patrimonial E Investimentos;Augusto Pereira De Melo; Marcelo Mariano Dos Santos;Sérgio Lara Muzel De Moura;Alex Fernando André;Victor Henrique De Oliveira Shimada;Ulisses De Souza Jorge.O que dizem as defesasAo Metrópoles, a defesa de Augusto Melo, chefiada por Ricardo Jorge, afirmou que o trecho da denúncia que cita os desvios de dinheiro para o pagamento de dívidas de campanhas e enriquecimento próprio “não se sustenta diante dos fatos”.O advogado diz que não havia dívida financeira relacionada a campanha de Augusto Melo à presidência do Corinthians visto que o processo eleitoral foi marcado “pela simplicidade e pelo engajamento espontâneo dos seus apoiadores”.“Tratou-se de uma candidatura modesta, sustentada basicamente pela arrecadação voluntária das chapas aliadas e de corintianos comprometidos com a mudança. Portanto, a tese de que haveria desvio de verba para quitar compromissos eleitorais cai por terra diante da própria realidade financeira da campanha”, diz a defesa.Os advogados terminam dizendo que o contrato firmado entre Vai de Bet e Corinthians passaram pelos trâmites institucionais do clube. “Nada foi feito à margem da administração regular, tampouco de forma clandestina”.“A tentativa de associar a imagem do presidente a um suposto enriquecimento ilícito revela mais uma intenção política do que uma busca genuína pela verdade”.Já a defesa da empresa UJ Footbal Talent e do respectivo sócio Ulisses De Souza Jorge afirmou que estão “estarrecidos” e que repudiam a acusação do Ministério Público (MPSP).Segundo a equipe de advogados, chefiada por Daniel Leon Bialski, Ulisses nunca foi chamado ou convocado a prestar esclarecimentos sobre os fatos, o que na visão dos defensores “evidencia o quão absurda é essa imputação”.A nota de defesa ainda finaliza definindo a denúncia como arbitrária e que irá se manifestar na Justiça.A EMS informa que não tem relação com o Corinthians.Dívidas de campanha teriam resultado em ameaça de morteO Metrópoles também obteve o inquérito policial a respeito do caso. O documento cita que Augusto Melo teria sido ameaçado de morte por um agiota da zona leste de São Paulo, por conta de dívidas acumuladas das campanhas eleitorais para a presidência do Corinthians em 2020 e 2023.As ameaças foram apresentadas ao Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil em uma denúncia anônima, em dezembro de 2024. No documento, o denunciante diz que Augusto Melo recebeu muitas doações nas duas campanhas eleitorais, dando a entender que os doadores seriam “empresários de jogadores de base; esse monte de MC; um empresário com atuação no futebol do time de São Bernardo do Campo, laboratório EMS, de Campinas; e um doleiro do Tatuapé”.Segundo o inquérito policial, a denúncia diz que as doações foram tratadas como “dívidas” e foi asseverado que um agiota da zona leste paulistana estaria no “encalço de Augusto”, ameaçando-o de morte, caso o valor não fosse pago. Leia também Esportes Eleições no Corinthians: saiba quem são os candidatos à presidência Esportes Corinthians vence Vasco fora de casa e se distancia da zona da degola Apostas Vasco x Corinthians: equipes buscam se afastar da zona de rebaixamento Esportes Armador do Corinthians Basquete é homenageado após mil assistências Outra parte da carta denunciante se refere ao mandatário afastado e ao seu grupo dizendo que “agora ele teria que pagar tudo o que havia recebido nas duas campanhas [2020 e 2023]. Se não pagar já sabe como os caras fazem”.A carta ainda diz que Augusto Melo teve que usar colete a prova de balas em algumas ocasiões na zona leste porque o agiota que estava lhe ameaçando disse que iria lhe matar se não pagasse a dívida.Em nota, a EMS informou que não tem relação com o Corinthians.IndiciamentoA denúncia do MPSP vem após a Polícia Civil de São Paulo indiciar o presidente afastado do Corinthians, os ex-dirigentes Marcelo Mariano e Sérgio de Moura, o empresário Alex Cassundé e Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do clube alvinegro. Os quatro primeiros foram indiciados por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Já Yun Ki Lee foi autuado por omissão imprópria. O ex-diretor jurídico teve inquérito arquivado pelo Ministério Público.Segundo o inquérito, o contrato entre Vai de Bet e Corinthians não foi intermediado por Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design Ltda, conforme havia sido informado nos trâmites da negociação. A constatação foi feita a partir de algumas inconsistências nos depoimentos dos envolvidos, principalmente sobre o encontro que apresentou o mandatário afastado do Corinthians e Alex Cassundé.O relatório policial aponta que os verdadeiros intermediadores do contrato firmado entre as duas partes, no valor de R$ 360 milhões foram Antônio Pereira dos Santos (conhecido como Toninho), Sandro dos Santos Ribeiro e Washington de Araújo Silva. “Isso nos está muito claro”, escreve a autoridade policial no inquérito.O esquema criminoso, segundo a polícia, envolveu outras empresas laranjas Wave Intermediações, UJ Football e Victory Trading Intermediação.O que diz a defesa de Augusto Melo sobre denúnciaEm nota, a defesa de Augusto Melo, chefiada pelo advogado Ricardo Jorge, afirmou que recebeu a denúncia sem surpresa, visto que “uma investigação tão prolongada, mantida ativa por tanto tempo, apontava para o oferecimento de denúncia como desfecho natural, ainda que previsível”.Apesar de já esperar o movimento da promotoria, o advogado disse que a denúncia carece de clareza e objetividade.“Não há uma descrição cronológica coesa dos fatos que permita compreender, de forma técnica e precisa, qual seria a conduta delituosa imputada ao presidente.”Além disso, definiu o documento como uma narrativa genérica e pouco fundamentada. Por fim, os advogados disseram que confiam “que a verdade será restabelecida no curso do processo, com o devido respeito aos direitos e garantias constitucionais do presidente Augusto Melo”.O Metrópoles não localizou a defesa dos demais denunciados.Quem é Augusto MeloAugusto Pereira de Melo nasceu em 28 de janeiro de 1964 em Itambé, no Paraná.Ele se mudou para São Paulo ainda jovem e mora na zona leste da cidade.Augusto é empresário no setor têxtil e também é proprietário de quadras esportivas e estacionamentos.É sócio do Corinthians há cerca de 40 anos.Foi conselheiro do clube entre 2012 e 2017.Augusto também foi assessor da base do futebol do Corinthians durante a gestão de Roberto de Andrade, quando a base conquistou Mundial Sub‑17 (2015), Taça BH (2015) e Copa do Brasil Sub‑17 (2016).Em 2018, foi candidato a 2º vice na chapa “Corinthians Mais Forte” e ficou em 3º lugar com 803 votos.Em 2020, concorreu à presidência do clube e recebeu 939 votos, ficando em 2º lugar, perdendo para Duílio Monteiro Alves, que teve 1081 votos.Em 2023, candidato à presidência novamente; venceu com 2771 votos contra 1413 do segundo colocado.