Médicos criticam veto de Ozempic e Saxenda no SUS: “Apenas para quem consegue pagar”

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Três sociedades médicas brasileiras que tratam de obesidade e diabetes divulgaram uma nota conjunta criticando a não adoção de canetas emagrecedoras de liraglutida (do Saxenda) e semaglutida (do Ozempic e Wegovy) no Sistema Único de Saúde (SUS), decisão anunciada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec) na última quarta-feira (20).No texto, as entidades dizem que há uma “elitização do acesso ao tratamento medicamentoso da obesidade no país” e que a decisão por não oferecer os dois remédios na rede pública “fere os beneméritos princípios de equidade, universalidade e integralidade do SUS”.A nota é assinada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). As três entidades foram solicitantes da incorporação da liraglutida no SUS. Já a inclusão da semaglutida foi um pedido do laboratório Novo Nordisk, fabricante do Ozempic e Wegovy. As negativas da Conitec tiveram como principal justificativa o alto custo.As sociedades médicas lembram que o país tem seis medicamentos para tratamento da obesidade aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que a desigualdade é uma barreira à democratização. “O acesso aos mesmos é exclusivo apenas para quem consegue pagar”, diz a nota.Alto custoA nova decisão da Conitec mantém o parecer de maio. Na ocasião, a comissão divulgou que a inclusão dos dois medicamentos na rede pública poderia gerar um gasto mínimo de R$ 3,4 bilhões em cinco anos, chegando a até R$ 7 bilhões.Ao contestar o argumento do preço, a Abeso, a SBD e a SBEM usam como exemplo o caso de sibutramina, um medicamento de baixo custo também destinado ao tratamento da obesidade que ainda não foi avaliado pela comissão do SUS. “A decisão (…), justificada pelo alto custo dos medicamentos, se contrapõe à negação de sequer avaliar a incorporação da sibutramina, que tem um custo mensal de menos de 30 reais, incorporação esta que foi solicitada por estas sociedades em dezembro de 2024”.Na decisão de maio, a Conitec também destacou na época a necessidade de acompanhamento especializado, como suporte psicológico, para pacientes em uso do remédio, o que dificultaria a adoção em larga escala na rede pública. Em junho, após o parecer, foi aberta uma consulta pública para ouvir a sociedade civil e profissionais de saúde sobre o tema.As três sociedades médicas ressaltam ainda que a falta de medicamentos no sistema público afeta com mais força populações vulneráveis, para as quais faltariam políticas públicas para combater a obesidade. “Desde 2019, a Conitec negou cinco vezes a incorporação de medicamentos para a obesidade, sempre com a mesma justificativa: o custo. A Abeso, a SBD e a SBEM discordam da decisão e lamentam pelos pacientes, notadamente pelas mulheres negras periféricas de baixa renda, que são as mais afetadas pela obesidade nos últimos anos”.UltraprocessadosOs signatários da nota mencionam também a falta de restrições ao acesso a ultraprocessados, apontados por cientistas como uma das causas da epidemia de obesidade no mundo:“Existe uma morosidade inaceitável na proibição firme da publicidade infantil de alimentos e da disponibilização de alimentos ultraprocessados nas escolas. Além disso, as medidas tributárias em desenvolvimento têm pontos inconcebíveis, como a inclusão de macarrão instantâneo na cesta básica (com o atrelado benefício fiscal) e a ausência de sucos açucarados na lista de imposto seletivo que inclui apenas refrigerantes (com ou sem açúcar), que continuarão a usufruir de subsídios fiscais que, somados aos gastos em saúde resultantes do seu consumo pelas pessoas, somam mais de 6 bilhões de reais por ano”, afirmam no texto. The post Médicos criticam veto de Ozempic e Saxenda no SUS: “Apenas para quem consegue pagar” appeared first on InfoMoney.