O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi reconduzido ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira. O mandato de Gonet, que tomou posse em dezembro de 2023, só terminaria em dezembro deste ano, e a decisão da recondução ocorre às vésperas do início do julgamento que pode levar à condenação de Jair Bolsonaro por participação na trama golpista. Gonet esteve no Planalto nesta quarta-feira e se reuniu com Lula, momento em que a recondução ao cargo foi selada. Agora, o procurador-geral da Republica deve passar por uma nova sabatina no Senado Federal, que vai ser definida pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre. Para poder ser reconduzido ao cargo, Gonet precisa de pelo menos 41 votos favoráveis. Em 2023, obteve o placar de 65 votos favoráveis.Leia tambémRelator da CPMI do INSS: Só justifica ouvir Bolsonaro se ouvir Lula, Dilma e TemerDeputado Alfredo Gaspar, do União Brasil, afirma ao InfoMoney que pretende “seguir o dinheiro” movimentado no esquema de corrupção e aprofundar apuração sobre consignadoPlanalto lança novo slogan e Lula quer ministros defendendo governoA nova logomarca e as ideias da nova comunicação do governo foram apresentadas pelo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, durante a reunião ministerial nesta terçaNos bastidores do Planalto e do Judiciário, a iniciativa de antecipar a recondução de Gonet foi vista como um aceno de Lula a Gonet. Sinalizando que concorda com a atuação do procurador-geral da República, que tem sido bastante discreto especialmente nas investigações de políticos. A medida também busca evitar especulações comuns ao final do mandato, a chamada bolsa de apostas sobre a sucessão no MPF.Denúncias de Bolsonaro a JuscelinoEm fevereiro deste ano, Gonet denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas por envolvimento em um plano para dar um golpe de Estado após as eleições de 2022, vencidas por Lula. Em julho, em alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República defendeu a condenação do ex-presidente e mais sete réus na ação penal ao entender que Bolsonaro deve ser considerado culpado dos cinco crimes atribuídos a ele.A manifestação de mais de 500 páginas encaminhada à Corte reforça a denúncia apresentada pela PGR em fevereiro e recapitula os principais pontos da acusação. Gonet, ao falar sobre Bolsonaro, afirma que “as evidências são claras: o réu agiu de forma sistemática, ao longo de seu mandato e após sua derrota nas urnas, para incitar a insurreição e a desestabilização do Estado Democrático de Direito”.“As ações de Jair Messias Bolsonaro não se limitaram a uma postura passiva de resistência à derrota, mas configuraram uma articulação consciente para gerar um ambiente propício à violência e ao golpe. O controle da máquina pública, a instrumentalização de recursos do Estado e a manipulação de suas funções foram usados para fomentar a radicalização e a ruptura da ordem democrática”, diz o PGR.Desde que assumiu a PGR, Gonet teve participação ativa, por exemplo, na punição dos réus dos ataques golpistas do 8 de Janeiro. Mas também tomou posições que contrariaram aliados do atual governo, como ao tentar reverter a anulação de condenações do ex-ministro José Dirceu na Lava-Jato, em novembro, e ao recorrer de decisões do ministro Dias Toffoli, que invalidaram atos da operação.Em abril, denunciou o então ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por suposto desvio de emendas. A denúncia provocou a queda do ministro, que foi demitido por Lula após a acusação. Ele nega as acusações.As investigações tiveram como ponto de partida relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) e chegaram ao que seria uma empresa de fachada, contratada para obras de pavimentação pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O ministro Flávio Dino deve enviar o caso para a Primeira Turma, para que seja decidido se a acusação merece se tornar uma ação penal, o que tornaria Juscelino Filho réu no Supremo.O atual chefe da PGR chegou ao cargo sob desconfianças, após ter sido escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva mesmo sem ter o nome incluído na lista tríplice apresentada pela principal associação de procuradores. Em seus dois primeiros mandatos, o petista havia acolhido a indicação da categoria, mas desta vez decidiu ignorá-la sob argumento de evitar o corporativismo.The post Lula reconduz Gonet à PGR às vésperas de julgamento de Bolsonaro sobre golpe appeared first on InfoMoney.