Uma das principais portas de entrada para o ensino superior no Brasil, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tem a redação como uma das partes mais aguardadas e desafiadoras da prova. O tema é definido alguns meses antes, mas isso não significa que as discussões atuais – como a febre dos Labubus e a discussão em torno da adultização – fiquem de fora. Ao contrário: acontecimentos recentes e tendências do momento podem ser usados como repertório para ampliar a argumentação, ampliando as chances de uma boa nota. “Como o tema do Enem é pensado normalmente entre os meses de maio e junho, ele já está pronto antes da aplicação. Então, qualquer tendência ou atualidade que surge depois não vira o tema em si, mas pode ser usada na redação. Referências atuais enriquecem muito o conteúdo”, observa Tanay Gonçalves, professora de Redação da Plataforma Professor Ferretto. Leia Mais Unisa anuncia abertura das inscrições para o Vestibular 2026 de Medicina Vestibular PUC-SP 2026: veja vagas e confira cronograma completo Quando (e por que) vale a pena trocar de faculdade no meio do curso? Labubu, consumo e redes sociais Um bom exemplo são as febres de consumo, como o boneco Labubu ou fenômenos virais recentes como o morango do amor. Para a especialista, esses casos ilustram padrões de comportamento do século 21, em que redes sociais influenciam diretamente a forma de consumir. “Podemos citar essas modas de consumo para discutir como se moldam desejos a partir das redes sociais. Muitas vezes não sabemos se algo é de fato um gosto individual ou apenas seguir uma tendência imposta. Esse repertório de atualidades ajuda a enriquecer a discussão em temas ligados a consumo, sociedade ou cultura”, explica a professora Tanay. Adultização e infância digital Outro exemplo é o debate recente sobre a adultização e erotização de crianças nas redes sociais, colocada em pauta recentemente após denúncias do influenciador Felca. Para Tanay, esse assunto não seria escolhido como tema central neste ano, já que o processo de elaboração da prova foi concluído meses atrás, mas pode servir como apoio para discutir grandes questões sociais. “O tema da exposição das crianças na internet já era possível de aparecer. Agora, a discussão sobre adultização e erotização é um repertório farto que entra como atualidade para enriquecer uma redação. Seja sobre infância, trabalho infantil virtual ou superexposição de crianças, esses elementos ajudam a contextualizar melhor o argumento”, afirma a docente. Repertório além de filósofos A professora lembra ainda que repertório não significa apenas citar filósofos ou obras clássicas. Notícias, discussões recentes e fenômenos culturais também cumprem esse papel. “As atualidades também contam como repertório. Elas servem para ilustrar, contextualizar e mostrar que o estudante está conectado com o que acontece no mundo. Esse é um diferencial importante para quem busca uma redação bem avaliada no Enem”, recomenda. Com mais de 4,8 milhões de inscritos no Enem 2025, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), os estudantes precisam se preparar não apenas dominando técnicas de escrita, mas também sabendo relacionar o tema proposto com acontecimentos relevantes. “Um repertório atualizado mostra maturidade de leitura do mundo e pode fazer diferença na hora da correção”, finaliza a educadora. Obras literárias no vestibular: veja estratégias eficazes de leitura