Nvidia apresenta previsão morna para o 3T25, nutrindo temores de desaceleração da IA

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(Bloomberg) — A Nvidia (NVDC34), empresa de capital aberto mais valiosa do mundo, divulgou uma previsão de receita modesta para o período atual, aumentando as preocupações de que o forte crescimento nos investimentos em inteligência artificial esteja desacelerando.A empresa informou em comunicado nesta quarta-feira (27) que as vendas no terceiro trimestre fiscal, que vai até outubro, devem ficar em torno de US$ 54 bilhões. Embora esse valor esteja alinhado com a estimativa média de Wall Street, alguns analistas esperavam mais de US$ 60 bilhões. A previsão não inclui a receita do segmento de data center na China, mercado no qual a Nvidia enfrenta dificuldades devido às restrições de exportação dos EUA e à pressão contrária do governo de Pequim.Leia também: “Nvidia chinesa” reverte prejuízo e lucra após receita disparar 4.400%Leia também: Lá e de volta outra vez: Nvidia volta a ver barreiras na venda de chips para a ChinaEssa perspectiva reforça a preocupação de que o ritmo dos investimentos em sistemas de inteligência artificial não seja sustentável. As dificuldades na China também têm impactado os negócios da Nvidia. Apesar de a administração Trump ter recentemente flexibilizado as restrições à exportação de alguns chips de IA para o país, essa medida ainda não se traduziu em recuperação da receita.Após o anúncio, as ações da Nvidia caíram cerca de 2% no after-market. No ano, elas já haviam subido 35%, elevando o valor de mercado da empresa para mais de US$ 4 trilhões.A companhia também aprovou um programa adicional de recompra de ações no valor de US$ 60 bilhões. Ao final do segundo trimestre, ainda restavam US$ 14,7 bilhões para serem usados no plano anterior.No período encerrado em 27 de julho, as vendas cresceram 56%, alcançando US$ 46,7 bilhões, acima da estimativa média de US$ 46,2 bilhões. Apesar do aumento de mais de US$ 16 bilhões em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, foi a menor taxa de crescimento percentual em mais de dois anos. O lucro por ação, descontados certos itens, foi de US$ 1,05, superando a expectativa de US$ 1,01.A unidade de data center, que hoje é maior que qualquer outro fabricante de chips, registrou vendas de US$ 41,1 bilhões, ligeiramente abaixo da estimativa média de US$ 41,3 bilhões. A receita relacionada a jogos — que já foi a principal fonte de renda da Nvidia — ficou em US$ 4,29 bilhões, acima da projeção média de US$ 3,8 bilhões. O segmento automotivo gerou US$ 586 milhões em vendas, um pouco abaixo das expectativas.A Nvidia ainda enfrenta os efeitos da crescente rivalidade entre EUA e China, onde a tecnologia de semicondutores virou um ponto crítico. Em abril, o governo Trump endureceu as restrições à exportação de processadores para data centers a clientes chineses, praticamente excluindo a Nvidia do mercado. Posteriormente, Washington recuou, permitindo algumas remessas em troca de uma fatia de 15% da receita.Ao mesmo tempo, Pequim tem incentivado a redução do uso de tecnologia americana em sistemas de IA acessados pelo governo chinês. Essas mudanças dificultam as previsões de Wall Street sobre o quanto a Nvidia poderá recuperar em receita na China. Alguns analistas projetam bilhões de dólares, enquanto outros preferem não estimar vendas no país até que a situação fique mais clara.A Nvidia informou que não registrou vendas do chip de IA H20 para clientes chineses no segundo trimestre.Antes do relatório de resultados, as estimativas dos analistas para a receita do terceiro trimestre variavam em cerca de US$ 15 bilhões — uma das maiores diferenças já registradas na história da empresa.Sob a liderança do cofundador e CEO Jensen Huang, a fabricante de chips de 32 anos se tornou uma das maiores histórias de sucesso da indústria de tecnologia. Durante grande parte de sua trajetória, a Nvidia viveu à sombra de rivais maiores como a Intel, sobrevivendo modestamente com a venda de processadores gráficos para gamers.O grande avanço da Nvidia veio quando adaptou suas unidades de processamento gráfico (GPUs) para rodar softwares de inteligência artificial — o que Huang chama de computação acelerada.Até 2022, a Nvidia era uma fração do tamanho da Intel e faturava menos em um ano do que hoje em um trimestre. Atualmente, a empresa caminha para vendas anuais de US$ 200 bilhões, com projeção de ultrapassar US$ 300 bilhões até 2028, o que representaria cerca de um terço da receita total da indústria de chips.Porém, a Nvidia depende fortemente dos planos de investimento de poucas empresas. Microsoft (MSFT34), Amazon (AMZO34) e outros grandes operadores de data centers respondem por cerca de metade das vendas. Para diversificar, Huang tem investido em novos mercados e ampliado a oferta de produtos, incluindo computadores completos, equipamentos de rede, softwares e serviços.Ele está determinado a acelerar a adoção da IA na economia e pressiona sua equipe para lançar novos hardwares e softwares em ritmo acelerado.Por enquanto, a empresa de Santa Clara, Califórnia, domina o mercado de chips de IA, conhecidos como aceleradores. Esforços internos de empresas como Amazon e concorrentes emergentes como a Advanced Micro Devices (AMD) ainda não impactaram significativamente sua participação.Mas há outros desafios. Além das dificuldades na China, o maior obstáculo para o crescimento tem sido a disponibilidade de oferta. Como a maioria dos fabricantes de chips, a Nvidia não possui fábricas próprias e depende da produção terceirizada, principalmente da Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC). Aumentar a produção de novas tecnologias continua sendo um desafio constante.The post Nvidia apresenta previsão morna para o 3T25, nutrindo temores de desaceleração da IA appeared first on InfoMoney.