O cenário político global e doméstico dos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump reflete um retorno à “velha lei dos mais fortes”, segundo a análise de Matias Spektor, professor de Política e Relações Internacionais e vice-diretor da Escola de Relações Internacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas). Spektor, durante participação no programa ‘WW Especial’, da CNN, detalhou as estratégias de Trump, tanto no exterior quanto dentro do país. Segundo o professor da FGV, no âmbito internacional, Trump busca uma separação completa entre a economia americana e a chinesa. “Nesse quesito específico, ele [Trump] está tendo êxito. O comércio está mais fechado, os fluxos estão em queda, a China está pressionada por todas as partes. Essa postura exige que os países vizinhos da China, historicamente receosos, tomem um lado de uma maneira que nenhum outro presidente americano havia feito”, observou. Em relação à Europa, a estratégia de Trump, segundo o professor é “muito arriscada” e cria insegurança nos europeus. “O presidente americano avalia que a simetria de poder é tão benéfica aos Estados Unidos que os europeus se ajoelharão, assim como fará o Japão, assim como fará a Coreia [do Sul]”, destacou. “Quando Trump assiste a um evento como o que tivemos recentemente, em que os líderes europeus agradeceram ao presidente dos EUA pelos bons ofícios na questão da guerra da Ucrânia, apesar de ele mais atrapalhar do que ajudar a resolver o problema, devido ao seu interesse tácito em se aproximar da Rússia, a gente vê que a aposta dele não necessariamente é louca, ou melhor, que há método na loucura”, ironizou. Leia Mais "Não se dão bem": Trump diz que Putin e Zelensky são como azeite e vinagre Análise: No Alasca, Putin não saiu com acordo, mas levou algo que queria Índia segue em negociações comerciais com EUA apesar de aumento de tarifas O professor ainda descreve o estilo de negociação de Trump como “absolutamente abrasivo” e que ele opera com base na máxima de seu livro ‘A Arte da Negociação’: “não entre em uma negociação da qual você não está disposto a sair batendo a porta e jogando a mesa na cara do seu oponente”, disse Spektor ao exemplificar a situação da Índia. “Se a gente olha para a reação imediata da Índia sobre as tarifas de 50% impostas por Trump, a Índia tem sido virulenta na resposta, mas a Casa Branca aposta que essa virulência é de curto prazo, porque a Índia vai sentar para negociar devido à sua dependência tecnológica e militar dos EUA”, explicou. Domesticamente, segundo Matias Spektor, a prioridade do presidente norte-americano é “criar uma hegemonia para a família Trump dentro do Partido Republicano”. “Para atingir esse objetivo, ele está disposto a ir à guerra contra qualquer fonte de oposição. Neste cenário, a universidade é uma oposição natural, assim como é a imprensa. Ele está disposto a quebrar todas as regras do jogo, o que é perigosíssimo”, concluiu. WW Especial Apresentado por William Waack, programa é exibido aos domingos, às 22h, em todas as plataformas da CNN Brasil.