Digitalização das duplicatas vai revolucionar o crédito empresarial; entenda

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Quem empreende no Brasil sabe o quanto é difícil conseguir crédito barato para financiar capital de giro ou investimentos. Uma das saídas mais comuns, especialmente no varejo, é negociar com as operadoras de cartão de crédito os recebíveis das vendas que passaram pela maquininha, usados como garantia para antecipar recursos. Mas, a partir de novembro, um novo instrumento deve mudar esse jogo: a duplicata escritural.Ela é a versão digital da antiga duplicata em papel, agora registrada em ambiente eletrônico, com todos os dados necessários para emissão, registro e uso como garantia. Esse modelo permitirá que empresas busquem crédito em condições mais atraentes, já que oferece muito mais transparência e segurança às instituições financeiras.Até hoje, o uso das duplicatas era limitado no Brasil, principalmente por falta de padronização e confiança. “Há uma resistência cultural no país em enxergar as duplicatas como uma forma eficiente para se obter recursos, e que agora pode começar a mudar, num claro amadurecimento desse mercado”, afirma Marcelo Mazieiro, presidente da Central de Recebíveis (Cerc), uma dessas registradoras digitais. Leia Mais: Duplicata é prioridade e pode ser principal produto de renda fixa da B3, diz diretorInício das operações O Banco Central prevê para novembro uma fase inicial com funcionalidades restritas e um período de interoperabilidade entre as registradoras, que deve durar cerca de sete meses. O funcionamento pleno está previsto entre junho e outubro do ano que vem. A expectativa é que, em dois ou três anos, o ecossistema de crédito no Brasil esteja transformado.Com todo o processo digitalizado e centralizado, o risco de fraude diminui, a duplicidade de garantias deixa de ser um problema e os bancos passam a ter mais clareza sobre a real situação financeira dos clientes. Na prática, isso significa crédito mais barato e acessível.O impacto pode ser expressivo: segundo Mazieiro, o mercado de antecipação de recebíveis, hoje em torno de R$ 600 bilhões, pode chegar a R$ 2,5 trilhões em cinco anos. “Esse mercado já cresceu 10 vezes em 10 anos, e a escrituração digital deve ajudar empresas a resolver a falta de capital usando os próprios recebíveis”, diz.Na prática, a duplicata digital abre caminho para que pequenas e médias empresas transformem vendas a prazo em uma fonte imediata de crédito, com menos custo e burocracia. “Ainda temos muito a evoluir para alcançar os padrões de mercados maduros, como os Estados Unidos. Mas, com o uso intensivo de dados digitais, podemos finalmente destravar o crédito no Brasil, onde mais de R$ 30 trilhões em recebíveis são gerados anualmente, mas ainda pouco aproveitados”, completa Mazieiro.Modernização prevista em leiA mudança foi estabelecida pela Lei 13.775/2018, que determinou a obrigatoriedade de registrar duplicatas em um sistema eletrônico autorizado pelo Banco Central. Esse modelo garante identificação única de cada título, vinculada à nota fiscal eletrônica, eliminando riscos de fraudes, duplicações e reduzindo custos.Com isso, empresas passam a ter condições de negociar seus recebíveis com qualquer instituição financeira, de forma transparente. O sistema registra todos os atos relevantes – emissão, aceite, endosso, aval, pagamento e até ônus – criando um histórico completo e auditável, que dá mais segurança às operações.Em resumo: a duplicata escritural profissionaliza o crédito no Brasil, transformando em ativo financeiro as receitas que as empresas já têm garantidas. Um passo decisivo para dar mais fôlego ao caixa das companhias e, de quebra, estimular a economia.The post Digitalização das duplicatas vai revolucionar o crédito empresarial; entenda appeared first on InfoMoney.