Idade não é limite: empreendedores começam negócios de sucesso depois dos 60

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O número de empreendedores seniores, pessoas com 60 anos ou mais que decidem abrir e liderar negócios próprios, já bate recordes no Brasil. De acordo com o último levantamento do Sebrae, em 2024, os empreendedores 60+ chegaram a 4,3 milhões. Um crescimento superior a 40% na última década. Os donos de negócio sênior estão presentes em vários setores, com destaque para: serviços (36,4%), comércio (21,9%) e agropecuária (16,6%).A tendência reflete não apenas o aumento da longevidade e da população idosa no país, mas também a busca por uma vida mais ativa após a aposentadoria. Para muitos, empreender significa complementar a renda, se manter produtivo e até transformar hobbies em fonte de sustento. O resultado é um mercado cada vez mais diverso, onde o empreendedorismo da terceira idade vem se consolidando como força relevante na economia brasileira.Alexandre Balle está prestes a completar 60 anos e nem pensa em ficar parado. Cerca de três anos atrás, mesmo depois de aposentado, viu no artesanato uma forma de ter renda extra e compartilhar sua arte. Hoje, ele tem na cidade de Jaú, interior de São Paulo, um ateliê onde faz peças artesanais em macramê e japamalas (colar de oração) “Pretendo fazer ainda marcenaria criativa com madeira de descarte. Sempre quis ter uma coisa minha, mas não um comércio, queria algo que eu pudesse oferecer algo meu, feito pelo meu olhar”, afirma.Leia também: A geração 50+ é a maior oportunidade de negócios do nosso tempoO artesão lembra que, enquanto jovem, nunca pensou em montar nada. Para ele, a longa carreira como bancário e a experiência acumulada só ajudam nessa nova jornada “Ponho todo o conhecimento tanto administrativo, financeiro e principalmente o interpessoal em prática”, diz Balle.A história não é tão diferente de Sônia Ramos — ou vó Sônia, que, aos 64 anos, aposentada e cuidando da saúde dos pais, começou um negócio de bolos para complementar a renda formando, o que se tornou, uma das maiores franquias de bolos caseiros do Brasil e símbolo de empreendedorismo maduro: a Casa de Bolos conta hoje com mais de 600 unidades em 250 cidades brasileiras, além da primeira loja internacional, inaugurada ano passado em Lisboa.Unidade Lisboa da Casa de Bolos. Créditos – DivulgaçãoA rede faturou R$ 580 milhões em 2024 e tem previsão de chegar a R$ 650 milhões em 2025, atendendo mais de 1 milhão de clientes por mês, e produzindo mais 55 mil bolos todos os dias — muitos deles, de fubá, a receita que foi a primeira ser vendida e permanece no cardápio até hoje.O negócio começou em 2010, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Dona Sônia já fazia bolos para casamentos e aniversários, como renda extra. Um ano antes, um dos filhos havia perdido o emprego, e, durante um café da tarde em família, surgiu a ideia: por que não vender os bolos que ela já fazia com tanto carinho? O que nasceu como uma alternativa para ajudar nas despesas rapidamente se transformou em um negócio de sucesso, com receitas que remetem ao aconchego da casa de vó. “Nunca faltava um bolinho para reunir toda a família ao redor da mesa. Sempre foi o meu prazer e grande alegria. Encontrei no bolo caseiro um propósito que mudou minha vida e de toda a minha família”, lembra Vó Sônia.Leia também: Sodiê Doces: a rede fundada por uma ex-boia-fria que vai faturar mais de R$ 700 miO crescimento exponencial foi impulsionado por franquias. “O modelo de franquias permitiu expandir a marca e levar os bolos caseiros como uma ferramenta de união entre as pessoas, aproximando famílias, gerando conversas e boas histórias”, afirma vó Sônia.Mas a primeira loja internacional, em Lisboa, Portugal, é própria. Para a expansão, foi preciso repensar o cardápio, com pequenas adaptações, como a castanha-do-pará que foi substituída por amêndoas, a goiabada por marmelada, além de ajustes nas nomenclaturas. Coragem e maturidadeDona Sônia nunca foi alheia ao empreendedorismo. Antes da Casa de Bolos, teve um açougue, uma estamparia e até uma confecção de roupas esportivas. Nem todos os negócios deram certo, mas todos trouxeram aprendizados. “Empreender depois dos 60 trouxe maturidade, coragem e a certeza de que nunca é tarde para começar de novo”, afirma.Se para muitos a idade pode ser vista como barreira, para ela foi diferencial. A experiência de vida, o olhar atento e o carinho aplicado a cada receita se tornaram o grande motor do negócio. “As pessoas mais experientes trazem consigo conhecimento e sabedoria, o que gera mais tranquilidade para alcançar resultados e compreender erros no percurso empreendedor”, diz.Leia também: Housi: a spin-off de uma construtora que vai faturar mais de R$ 600 milhões em 2025Na rede, cerca de 20% dos colaboradores têm mais de 60 anos, reforçando a crença de Dona Sônia de que a integração entre gerações é uma vantagem competitiva benéfica tanto para a empresa quanto para a vida dos colaboradores.“Nunca é tarde para transformar um sonho em realidade. Olhar para trás e ver onde chegamos me enche de orgulho. A Casa de Bolos nasceu de uma necessidade, mas se transformou em um sonho coletivo que leva carinho em forma de bolo para milhares de famílias todos os dias”, diz vó Sônia, que hoje com 79 anos segue ativa no conselho da rede, participando da criação de novas receitas e estampando campanhas em todo o país.Leia também: Agosto: mês chamado de “desgosto” é o melhor para empreender no BrasilThe post Idade não é limite: empreendedores começam negócios de sucesso depois dos 60 appeared first on InfoMoney.