Advogado, ex-procurador e ‘de direita com orgulho’: quem é o relator da CPI do INSS

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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) voltada para investigar os desvios no Instituto Nacional do Seguro Social ( INSS) começou os trabalhos nesta terça-feira, com a definição do plano de trabalho e análise de requerimentos. O relator é o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), escolhido em contrariedade às indicações feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o parlamentar está em seu primeiro mandato, e costuma dizer que é ‘de direita com muito orgulho’.Na manhã desta terça-feira, na primeira reunião como relator, Gaspar afirmou que seu trabalho não contará com uma “flecha apontada” para ninguém. De acordo com ele, embora cada parlamentar tenha preferências partidárias específicas, a relatoria da CPI não será pautada por interesses parciais.Leia tambémEntenda porque o irmão de Lula ficou de fora da lista de convocados para CPI do INSSPresidente do colegiado diz que não há previsão de convocação de Frei Chico, vice-presidente de sindicatoDe “Careca” a Lupi: CPMI do INSS aprova pedidos para ouvir 17 pessoas; veja quemFrei Chico, irmão de Lula e dirigente do Sindnapi, ficou de fora; comissão ouvirá presidentes do INSS desde o governo Dilma“Sou de direita com muito orgulho. Tenho uma história limpa, decente e de trabalho pela justiça. Tenho minhas preferências políticas, como os senhores e as senhoras as têm. Aqui não existe ninguém imparcial no âmbito político, vamos deixar isso bem claro. O que nós vamos medir é se nossas preferências políticas e divergências ideológicas irão atrapalhar o que realmente interessa: a busca da verdade diante dos fatos e documentos”, frisou Gaspar.O deputado apresentou um plano de trabalho que prevê investigar fraudes desde 2015, período em que o país era comandando pela ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar de protestos da base do governo, o documento foi aprovado. O relator defendeu a proposição alegando que “não tem partidário aqui (na CPI), todos serão investigados”.Em um acordo construído com a oposição após a proposta de Gaspar, governistas firmaram um pacto para que Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seja protegido de uma eventual convocação. Além disso, também houve um acerto que só vai permitir a votação de requerimentos em bloco em caso de convergência entre base e oposição.“O plano de trabalho que propomos prevê, desde o início, a oitiva de ministros da previdência e de presidentes do INSS dos governos Lula 3, Bolsonaro, Temer e Dilma 2”, disse o parlamentar. “No meu relatório não haverá protegidos, nem perseguidos. Estarei aqui para cumprir o rito da investigação.”‘PT foi o grande responsável’Gaspar possui um histórico de ataques diretos ao governo em temas de alto impacto social. Criticou cortes no Bolsa Família e responsabilizou a gestão petista pela escalada da inflação, chamando o governo de “irresponsável” e “contraditório com os mais pobres”. Também votou contra o aumento do IOF e o reajuste da conta de luz, dizendo atuar em defesa “do bolso do cidadão”.Apesar de declarar que sua atuação na relatoria da CPI será pautada por “uma investigação técnica, transparente” e focada no “povo brasileiro”, ele também já fez publicações atribuindo ao PT as fraudes que ocasionaram os desvios nos recursos das aposentadorias.“Essa comissão é necessária para investigar o roubo praticado nas contas de aposentados e pensionistas. O governo do PT foi o grande responsável por desviar mais de R$ 6 bi, e isso é crime de proporções gigantescas”, escreveu, na semana passada, em uma de suas redes sociais.Recentemente, em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump aos produtos de exportação brasileiros, o deputado afirmou que a crise foi criada pelo presidente Lula. De acordo com ele, o petista teria agido com “arrogância, ideologia, militância e total despreparo” no que diz respeito às sanções. Além disso, o parlamentar também endossou críticas de supostos abusos praticados pelo Supremo Tribunal Federal ( STF) e pelo ministro Alexandre de Moraes.Entre as atuações na Câmara, o parlamentar é membro titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em Abril deste ano, ele foi escolhido relator do pedido na Câmara para suspender o processo penal em curso no Supremo contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) pela trama golpista.Carreira no Ministério PúblicoAntes de atuar na política, Gaspar, que possui 55 anos, fez carreira no Judiciário. Ele se formou em direito em 1993, além de obter pós-graduação em direito público no ano de 1999 e ter trabalhado como professor universitário por mais de 10 anos. Em 1996, o parlamentar ingressou no Ministério Público de Alagoas (MP-AL), onde atuou por 24 anos.No MP-AL, ele atuou nas promotorias das cidades de Maravilha e Palmeira dos Índios, até chegar a 48ª Promotoria de Justiça da capital Maceió. Em 2016, ele foi eleito procurador-geral de Justiça do estado, reeleito por dois biênios, e saiu do cargo somente em 2020, quando pediu exoneração do órgão para se dedicar à vida política.Gaspar trabalhou no primeiro caso de maior repercussão em 1998, quando a ex-deputada federal Ceci Cunha foi assassinada no dia 16 de dezembro daquele ano, em Maceió. Ela foi morta a tiros junto de seu marido, seu irmão e uma prima. O crime foi um homicídio planejado por seu suplente, Talvane Albuquerque Neto, que queria assumir sua vaga na Câmara dos Deputados. Ele foi condenado a mais de 100 anos de prisão. A parlamentar é mãe do ex-senador e atual vice-prefeito de Maceió, Rodrigo Cunha (Podemos).Depois, entre 2010 e 2012, Gaspar também teve atuação de destaque quando Maceió enfrentou uma série de assassinatos de moradores de rua, com 73 mortes registradas. As autoridades locais suspeitavam que os crimes tinham sido praticados por grupos de extermínio, mas as investigações mostraram que os crimes foram motivados por dívidas de drogas.Sua experiência profissional também inclui a chefia da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP-AL) por dois períodos — de 2015 a 2016 e, posteriormente, de 2021 a 2022. Ele também presidiu o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), que é vinculado ao Conselho Nacional de Procuradores-Gerais, e participou de conselhos de segurança e direitos humanos no estado de Alagoas. Em 2012, ele foi homenageado com a Medalha Mérito do Ministério Público, a maior honraria que a instituição pode conceder.Início na políticaEm 2022, Gaspar recebeu 102.039 votos para ser eleito deputado federal pela primeira vez. Ele foi o segundo mais votado do estado de Alagoas, atrás apenas de Arthur Lira (PP). Pouco antes, em 2020, o político já havia sido candidato à Prefeitura de Maceió (AL).No pleito municipal, o parlamentar concorreu contra JHC, candidato pelo partido PSB. Gaspar perdeu a disputa no segundo turno, alcançando 156.704 votos (41,36%). Seu rival — que já chegou a ser, por duas vezes consecutivas, o deputado federal mais votado de Alagoas — conquistou 222.147 (58,64%).The post Advogado, ex-procurador e ‘de direita com orgulho’: quem é o relator da CPI do INSS appeared first on InfoMoney.