Um crânio de urso pardo, encontrado perto de um anfiteatro romano na Sérvia, revelou evidências que associam o uso destes animais em combates de gladiadores durante o período do império romano.As evidências na ossada revelam que o animal selvagem viveu em cativeiro por anos. A descoberta é a primeira evidência direta do uso de ursos em arenas de gladiadores.Publicado na segunda-feira (1º/9) na revista Antiquity, o artigo atesta a crueldade dos espetáculos com animais no império romano e indica uma frequente rinha entre espécies.O pesquisador Nemanja Marković, do Instituto de Arqueologia de Belgrado, autor principal do estudo, explicou que as evidências da ossada de 1,7 mil anos não bastam para dizer se o urso morreu diretamente na arena ou em consequência de uma infecção que seus ossos revelam ter sido potente.“Contudo, é importante pensar que a própria contaminação pode ter sido uma consequência de um trauma durante os espetáculos”, diz o paleontólogo. Leia também Mundo Turista morre após cair de aqueduto romano em Segóvia, na Espanha Ciência Arqueólogos encontram cemitério romano embaixo de campo de futebol Ciência Poluição do ar no império romano pode ter baixado o QI dos europeus Ciência Sapatos gigantes de 2 mil anos surpreendem arqueólogos na Inglaterra Marcações nos ossos revelaram longos períodos de cativeiro e infecção graveO sofrimento como espetáculo no império romanoOs arqueólogos recuperaram o crânio de urso perto da entrada do anfiteatro, junto com vários ossos de outros animais, incluindo os de um leopardo. “Pesquisas anteriores sugerem que os animais mortos na arena eram abatidos nas proximidades, sua carne distribuída e os ossos descartados perto do anfiteatro, sem serem enterrados”, disse Marković.O crânio pertencia a um macho de seis anos morto entre o ano de 240 e 350 e que foi escavado em 2016 perto do anfiteatro de Viminacium, uma base militar romana na atual Sérvia. O anfiteatro de Viminacium foi construído no século 2 d.C. O local tinha formato oval e paredes altas. Ele comportava cerca de sete mil pessoas.O desgaste excessivo dos dentes caninos dos ossos sugere o hábito de roer os ferros da gaiola, o que indica um longo período de cativeiro. Para os pesquisadores, é possível imaginar que os ursos tinham papéis variados nos espetáculos. Eles podiam lutar contra “venatores”, gladiadores especializados em caça. Podiam também brigar com outros animais, além de executar condenados ou realizar performances ensaiadas.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!