Payroll ‘garante’ corte de juros nos EUA em setembro; debate é sobre tamanho

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O Federal Reserve (Fed) tem se mostrado mais preocupado com a deterioração do mercado de trabalho do que com a inflação. Com isso, os dados do payroll divulgados nesta sexta-feira (5) devem levar os diretores a cortarem os juros já em setembro, avalia a economista do C6, Claudia Rodrigues.Segundo ela, a inflação dos Estados Unidos (EUA) segue acima da meta, e há risco de pressões adicionais sobre os preços devido às tarifas comerciais. O último Índice de Preços (PCE), de julho, apontou inflação de 2,6% em 12 meses.“Esse contexto deveria manter o Fed cauteloso em relação aos próximos passos da política monetária”, afirma.LEIA TAMBÉM: Conheça as análises da research mais premiada da América Latina: veja como acessar os relatórios do BTG Pactual gratuitamente com a cortesia do Money TimesAinda assim, Rodrigues considera que um corte de juros este mês é o “cenário mais provável”, já que o presidente do banco central, Jerome Powell, tem demonstrado maior preocupação com o mercado de trabalho.Na mesma linha, o economista sênior do Inter, André Valério, avalia que o payroll “garante” o corte de juros no próximo encontro. Segundo ele, a discussão agora é se o movimento será de 0,25 ponto percentual (p.p.) ou de 0,50 p.p..“Se optarem por 0,25 ponto, é possível que o comitê se comprometa com uma sequência de cortes”, afirma.A ferramenta CME FedWatch Tool projeta três reduções de 0,25 ponto percentual ainda este ano: 90% de chance em setembro, 71,6% em novembro e 65,6% em dezembro.Valério ressalta que a divulgação da inflação de agosto, medida pelo CPI e agendada para a próxima quinta-feira (11), será decisiva para calibrar a intensidade e a frequência dos cortes.“Caso vejamos uma inflação contida, a probabilidade de três cortes até o fim do ano volta a ganhar força. Por ora, mantemos a expectativa de reduções em setembro e dezembro.”O payroll de agostoOs EUA criaram 22 mil vagas de emprego em agosto, número bem abaixo da projeção de 76 mil postos. O resultado também representou desaceleração em relação às 79 mil vagas abertas em julho.A taxa de desemprego subiu de 4,2% para 4,3% em agosto, em patamar baixo para os padrões históricos do país. Houve também leve aumento na taxa de participação da força de trabalho, indicando que mais pessoas buscaram emprego nas últimas semanas.“São números mais fracos, que apontam para uma desaceleração gradual do mercado de trabalho americano”, avalia Rodrigues, do C6.Ela acrescenta que, apesar da redução nas contratações em agosto, indicadores como a taxa de desemprego e os pedidos de seguro-desemprego permanecem em níveis baixos, sugerindo um esfriamento “gradual”.