Os advogados do núcleo 1 do processo da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), precisariam gastar mais de R$ 25,8 mil em HDs externos para baixar todas as provas do processo.O valor foi calculado pela CNN a partir do valor médio de um HD externo, com armazenamento de 1 (terabyte), ao custo de R$ 369. Segundo as defesas, o volume de provas no processo é de 70 TB. Leia Mais Moraes pede a Zanin sessão na quinta para julgamento de Bolsonaro Anistia tem pelo menos três versões no Congresso Julgamento de Jair Bolsonaro: do início aos possíveis desfechos Um TB tem o mesmo volume que 1.024 GB (gigabytes), em mais 1.000.000 MB ou 1.099.511.627.776 bytes.Também no nível de comparação, as alegações finais da PGR (Procuradoria-Geral da República) são um documento com 517 páginas e equivale a 5,17 MB (5.428.801 bytes).Ao Bastidores CNN, o advogado Matheus Milanez, que faz a defesa do general Augusto Heleno, afirmou que o volume de material e o curto tempo para análise impossibilitam a defesa plena.“Eu nunca vi 70 terabytes num processo que eu tenha trabalhado. Eu não sei nem como analisar isso”, disse.O mesmo argumento também foi utilizado por outros advogados do núcleo 1. Celso Vilardi, que compõe a defesa de Jair Bolsonaro, afirmou em sua sustentação oral no plenário da Primeira Turma, na quarta-feira (3), que desconhece a íntegra do processo e o conjunto das provas contra o ex-presidente.“O conjunto da prova, eu não conheço. São bilhões de documentos. Uma instrução de menos de 15 dias, seguida de interrogatório. A instrução começou em maio, nós estamos em setembro. Quinze dias de prazo para o Ministério Público, quinze dias de prazo para a Defesa”, alegou Vilardi.A avaliação de que o excesso de provas também pode inviabilizar a defesa também é vista pelo advogado especialista em direito penal Berlinque Cantelmo.“Quando há grande quantidade de elementos probatórios, se mal organizada ou juntada de forma intempestiva, inviabiliza o pleno exercício da defesa”, afirmou à CNN.“Nesse caso, não é o excesso em si que gera nulidade, mas sim a violação ao contraditório e à ampla defesa como garantias constitucionais, assim como ferida ao princípio da não surpresa”, prosseguiu.“Ainda lutamos pela absolvição”, diz defesa do general Heleno | BASTIDORES CNNCantelmo aponta que o STF e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) já reconheceram em alguns precedentes que o prazo muito curto e um acervo probatório volumoso, especialmente em casos de amplo material digital, podem ser entendidos como cerceamento de defesa, especialmente em ações penais de alta complexidade.“Em uma eventual condenação, a defesa deverá alegar em recursos — como embargos de declaração, recurso extraordinário, ou até em habeas corpus — que houve cerceamento de defesa pelo curto prazo para análise das provas. Esse argumento pode ser utilizado para tentar anular o julgamento“, completou.