Os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro se articulam para insistir na próxima semana em fazer avançar o projeto de lei (PL) da Anistia, que beneficiaria envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Dizem contar com 300 votos a fator de um projeto que isenta de responsabilidade ações feitas desde 2019. No entanto não há consenso sobre qual proposta seria votada e há obstáculos para a tramitação na Câmara dos Deputados.Leia também: Líder do PL rejeita versão “light” de Alcolumbre para anistia e defende texto amploNessa quinta-feira (4), o líder do PL Sóstenes Cavalcante (RJ) deixou vazar uma das minutas de projetos que estão em discussão. O texto concede anistia para casos que ainda nem são objeto de investigação. No art 1º, a minuta fala em anistia a todos aqueles que, “no período compreendido entre 14 de março de 2019 e a data de entrada em vigor desta Lei, tenham sido ou estejam sendo ou, ainda, eventualmente, possam vir a ser investigados, processados ou condenado”.Dentre as condutas a serem anistiadas estão, por exemplo: manifestações verbais ou escritas, inclusive as proferidas em vias públicas, páginas da internet, redes sociais, órgãos públicos, meios de comunicação ou quaisquer outros canais, que tenham sido ou possam ser consideradas como: a) ofensa ou ataque a instituições públicas ou seus integrantes; b) descrédito ao processo eleitoral ou aos Poderes da República; c) reforço à polarização política; d) geração de animosidade na sociedade brasileira; ou e) situações de natureza assemelhada às anteriores. O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) afirma que esse projeto contaria com mais de 300 votos favoráveis e que o objetivo é anistiar todos os envolvidos, desde os que participaram dos atos até Jair Bolsonaro. Ele acredita que Motta vai colocar o projeto em pauta. Um projeto considerado mais “light” vem sendo construído pelo presidente do Senado e teria mais chances de aprovação. No entanto, o grupo bolsonarista não aceita esta possibilidade. Proposta não está na pauta de votaçõesAo longo da semana, apesar da forte pressão dos bolsonaristas, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), resistiu em colocar o PL da Anistia – que ainda não tem um texto de consenso – em votação e não garante colocar na próxima semana. “Estamos muito tranquilos em relação a essa pauta. Estamos sempre ouvindo os líderes que têm interesse e os que são contrários”, disse Motta.O andamento do julgamento na Primeira Turma do STF do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” faz aumentar a fervura na Congresso. “Projeto da impunidade” Segundo a líder do Psol, Talíria Petrone (RJ), não há clima na Câmara para aprovar o projeto. “Eu quero crer que o Congresso Nacional Brasileiro não vá cometer essa inconstitucionalidade. A gente está vendo o julgamento. Já falaram de uma minuta de golpe, de plano punhal verde e amarelo, tentativa de assassinar o presidente da República, ministro do Supremo, não pode anistiar quem atenta contra o Estado Democrático”, afirmou Talíria. Líder do PDT, deputado Mário Heringer (PDT-MG) disse que prefere chamar o PL da Anistia de “projeto da impunidade”. “Se a gente continuar chamando de anistia, fica parecendo que é uma coisa boa e não é. O que estão propondo não fazer a dosimetria da pena das pessoas presas. O que eles querem é anistiar aquele monte de gente que tramou um golpe para sair dali como se não tivesse acontecido nada”, afirmou Heringer.The post PL da Anistia ganha versão ampla e segue sem consenso nem data de votação na Câmara appeared first on InfoMoney.