WSJ: Kennedy vincula uso de Tylenol na gravidez ao autismo; ação de fabricante desaba

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(Reuters) – O secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., planeja anunciar que o uso do Tylenol, popular analgésico de venda livre da Kenvue, por mulheres grávidas está potencialmente ligado ao autismo, informou o Wall Street Journal nesta sexta-feira, citando pessoas familiarizadas com o assunto, sem incluir evidências para as alegações.Kennedy, em um relatório, também vai sugerir que um medicamento derivado do folato, chamado ácido folínico, pode ser usado para tratar os sintomas do autismo em algumas pessoas, informou o WSJ.As ações da Kenvue caíram 14% após a notícia. O Tylenol, cujo princípio ativo é o paracetamol, é um analgésico amplamente utilizado, inclusive por mulheres grávidas.A Kenvue disse em um comunicado que acredita não haver relação causal entre o uso de Tylenol durante a gravidez e o autismo. A empresa aconselha as gestantes a falar com profissionais de saúde antes de tomar medicamentos de venda livre, inclusive o Tylenol.A Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla inglês) e as principais organizações médicas concordam com a segurança do paracetamol, seu uso durante a gravidez e as informações fornecidas no rótulo, disse a empresa.Leia tambémBolsas de NY fecham em queda com receio de desaceleração nos EUA após payroll fracoAs bolsas de NY abriram em alta modesta nesta sexta, mas apagaram ganhos e passaram a registrar perdas conforme investidores ponderaram os dados desta manhãTesla oferece pacote sem precedentes de US$ 1 tri a Musk e ação sobe: o que explica?A tão esperada proposta, projetada para incentivar Musk a liderar a Tesla nos próximos anos, estabelece uma série de metas ambiciosas que ele deve cumprir para receber o pagamento integralKennedy prometeu descobrir a causa do autismo e há muito tempo sugere que ele está relacionado às vacinas, sem comprovação científica. Ele também disse que o problema deve estar relacionado a uma “toxina ambiental”. Décadas de ciência ainda não estabeleceram uma causa definitiva.Sob o comando de Kennedy, o Instituto Nacional de Saúde está executando uma Iniciativa de Ciência de Dados sobre o Autismo que tem como objetivo extrair grandes conjuntos de dados para investigar possíveis contribuintes para o autismo e avaliar os resultados dos tratamentos existentes. Os pesquisadores enviaram mais de 100 propostas para participar do estudo de US$50 milhões, com uma lista de até 25 ganhadores de subsídios que deverá ser anunciada até o final de setembro, disseram à Reuters pessoas com conhecimento dos planos.O WSJ disse que um relatório provavelmente destacará como os baixos níveis de folato, uma vitamina importante, e o Tylenol tomado durante a gravidez podem ser uma causa potencial do autismo.“O que me impressiona é que esse relatório supostamente descobriria todas essas novas causas e, até agora, tudo o que aprendemos é que eles estão refazendo pesquisas existentes”, disse o dr. David Mandell, professor de psiquiatria e especialista em autismo da Universidade da Pensilvânia.“Não entendemos por que pode haver uma razão biológica para o Tylenol causar autismo.”Em dezembro de 2023, um juiz federal desferiu um golpe em centenas de ações judiciais que alegavam que o Tylenol poderia causar autismo se as mães o tomassem durante a gravidez, impedindo que testemunhas especializadas testemunhassem após concluir que faltavam evidências científicas para sustentar essas alegações.Em agosto passado, citando essa decisão, o juiz indeferiu todos os processos no tribunal federal. Um tribunal federal de apelações está programado para ouvir argumentos no próximo mês em um recurso dessa decisão, mostram os registros da corte.“Estamos usando ciência de alto padrão para chegar ao fundo do aumento sem precedentes das taxas de autismo nos Estados Unidos. Até divulgarmos o relatório final, qualquer afirmação sobre seu conteúdo não passa de especulação”, disse um porta-voz do HHS.PREVISÃO DE GRUPO ANTIVACINAO Children’s Health Defense, o grupo antivacina anteriormente liderado por Kennedy, publicou várias vezes nas últimas semanas no site de mídia social X sobre a possível ligação entre o Tylenol e o autismo.Brian Hooker, diretor científico do CHD, disse em um vídeo recente publicado no X que espera que o relatório de Kennedy sobre o autismo atinja o Tylenol, mas também as vacinas e seus componentes.O CHD citou um estudo publicado em agosto que encontrou evidências de uma associação entre o uso de paracetamol por mulheres grávidas e distúrbios do desenvolvimento neurológico, como o autismo, em seus filhos.Os cientistas recomendaram que as diretrizes médicas aconselhassem as mulheres grávidas a usar a menor dose possível pelo menor tempo necessário.Eles observaram que eram necessários mais estudos para confirmar qualquer associação e que o não tratamento da febre em mulheres grávidas poderia levar a outros problemas fetais, como defeitos do tubo neural.Outros estudos não encontraram uma ligação. Um estudo de 2024 publicado no Journal of the American Medical Association, envolvendo 2,4 milhões de crianças nascidas na Suécia, não encontrou evidências que sustentassem uma ligação causal.“Não há evidências claras que comprovem uma relação direta entre o uso prudente de paracetamol durante a gravidez e problemas de desenvolvimento fetal”, disse Christopher Zahn, chefe de prática clínica do American College of Obstetricians and Gynecologists.The post WSJ: Kennedy vincula uso de Tylenol na gravidez ao autismo; ação de fabricante desaba appeared first on InfoMoney.