Alemanha quer restringir imigração após uma década de doutrina Merkel

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Uma década depois de a então chanceler, Angela Merkel, abrir o país para milhões de refugiados, a Alemanha tem adotado uma postura muito mais restritiva em relação à imigração.Nesta quinta-feira (4), o governo de Friedrich Merz aprovou um rascunho para endurecer as regras para refugiados.O texto prevê a possibilidade de prisão de imigrantes assim que cheguem à Alemanha e o envio de refugiados a uma nação fora da união europeia. Leia Mais Embaixada dos EUA alerta para combate a fraudes e imigração ilegal Europa tem planos "precisos" para enviar tropas à Ucrânia, diz chefe da UE Máscaras e agressões: Como está a atuação dos agentes de imigração dos EUA O projeto ainda precisa de aprovação do parlamento alemão. A iniciativa é parte de um cerco à imigração que inclui o aumento das deportações.Segundo o Ministério do Interior, 12 mil imigrantes foram deportados no primeiro semestre do ano. Seguindo nesse ritmo, o aumento pode chegar a 20%, na comparação com 2024.A mudança de diretriz vem quando se completam dez anos da política “vamos conseguir”. Foi em setembro de 2015 que a então chanceler Angela Merkel abriu as fronteiras para mais de um milhão de refugiados. A maioria, vítimas da guerra civil na Síria.Se no início o apoio à iniciativa foi massivo, uma década depois essa a visão deixou de ser unânime.Cinquenta e quatro por cento dos alemães defendem o fechamento total das fronteiras. Onze pontos percentuais a mais do que há cinco anos.A rejeição aos refugiados e a nova crise imigratória impulsionaram partidos de extrema direita, que adotam um discurso nacionalista. O principal deles, a AfD, já conta com a segunda maior bancada do parlamento.Hoje, os afegãos são o principal grupo que chega ao país. Parte deles fugindo do Talibã, que voltou ao poder com o fim da ocupação militar americana, em 2021. A Alemanha também mantinha soldados no país.Ao deixar o Afeganistão, o governo prometeu asilo a quem apoiou as tropas. Duas mil pessoas conseguiram autorização para a mudança.Por conta do número de pedidos de asilo, o programa estava congelado desde abril deste ano e, nesta semana, voltou a funcionar.A primeira leva de afegãos chegou no aeroporto de Hanover. No grupo estavam a mãe e as irmãs de Alham, que mora na Alemanha há sete anos. Desde a volta do Talibã, se refugiaram no Paquistão.“Estou muito feliz que minha família está aqui. Hoje é um dia muito importante para mim e para minha família. Para toda a minha família”, afirmou Alham.