Portugal atinge mínimos históricos no emprego temporário

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Portugal registou no segundo trimestre de 2025 a mais baixa taxa de emprego temporário de que há memória. Apenas 15,6% dos trabalhadores estão em regime precário, enquanto 84,9% contam já com contrato sem termo. Os dados, divulgados pela Randstad Research, confirmam uma viragem estrutural no mercado laboral português: nunca tantos profissionais tiveram vínculos estáveis, nunca o emprego esteve em níveis tão elevados.Estabilidade e confiança no mercado de trabalhoNo total, o número de pessoas empregadas atingiu 5,25 milhões, o valor mais alto de sempre. Para Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal, estes números traduzem um salto de maturidade:«A redução da taxa de emprego temporário é um sinal claro de maior maturidade do mercado de trabalho português. A estabilidade contratual não só aumenta a confiança dos trabalhadores, como permite às empresas construir equipas mais coesas e produtivas. Ainda assim, é importante garantir que esta evolução não compromete a flexibilidade necessária num mercado em rápida mudança.»População ativa em máximos e qualificação em evoluçãoA população ativa cresceu para 5,57 milhões de pessoas, mais 30,6 mil do que no trimestre anterior. O emprego seguiu a mesma tendência, com mais 66,9 mil trabalhadores, fixando a taxa de emprego em 57,1%.O perfil dos trabalhadores também está a mudar: 35,3% têm ensino superior, com uma taxa de emprego de 80,2%, claramente acima dos que concluíram apenas o secundário ou pós-secundário (70,6%). A indústria transformadora continua a ser um pilar (16,5% do emprego), seguida pelo comércio (14,8%). Nos serviços, educação e saúde somam 18,3% dos profissionais.O emprego público também cresceu, ultrapassando os 760 mil trabalhadores, sobretudo na administração central, que concentra três em cada quatro postos.Já o desemprego caiu para 329,5 mil pessoas, menos 36,3 mil face ao trimestre anterior. A taxa nacional fixou-se em 5,9%, uma das mais baixas desde 2022.O desemprego jovem (16-24 anos) desceu 3,1 pontos, mas mantém-se elevado: 18,1%, quase três vezes a média nacional. Já o desemprego de longa duração continua a ser um desafio, representando 42,4% do total, embora em queda face ao ano anterior.Regionalmente, os Açores registaram a taxa mais baixa (3,9%), seguidos do Algarve (4,5%). A mais alta pertence à Península de Setúbal (8,6%).Remunerações, teletrabalho e novas empresasSalários: a remuneração média bruta situou-se em 1.444,83€ em maio de 2025, mais 4,7% face a 2024, mas menos 1,1% do que no mês anterior. Lisboa continua a liderar com 1.794,80€.Teletrabalho: subiu para 1,1 milhões de trabalhadores (20,9% do total). Lisboa e a Península de Setúbal são as únicas regiões acima da média nacional.Dinamismo empresarial: em junho foram criadas 3.646 empresas e dissolvidas 672, invertendo a tendência negativa de 2023.Apesar dos avanços, Portugal continua com um problema estrutural: 30,9% dos trabalhadores têm apenas o ensino básico, o dobro da média europeia. Este dado coloca o país entre os mais frágeis da UE no que toca à qualificação da força de trabalho, atrás de Espanha, Itália e Malta.O desafio é claro: consolidar a estabilidade contratual sem perder flexibilidade, ao mesmo tempo que se acelera a formação e requalificação para enfrentar as exigências da economia digital.O conteúdo Portugal atinge mínimos históricos no emprego temporário aparece primeiro em Revista Líder.