A Associação da Comunidade do Moinho, cuja presidente foi presa em operação policial nesta segunda-feira (8/9), republicou um vídeo sobre supostas relações do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).Alessandra Moja Cunha foi presa na operação Sharpe na manhã de hoje (8/9). Segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), ela atuava em conjunto com o irmão, Leonardo Moja, o “Léo do Moinho”, considerado o principal líder do PCC no Centro de São Paulo. Na semana passada, a Associação da Comunidade do Moinho, presidida por Alessandra, repostou no Instagram um vídeo sobre a operação Carbono Oculto, que investiga a influência do PCC no setor de combustíveis e a lavagem de dinheiro da facção por meio de fundos de investimento.A capa do vídeo traz uma foto do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e a placa da avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. “O crime organizado na Faria Lima”, diz o título. “Qual a relação da EXTREMA-DIREITA e do NIKOLAS FERREIRA com o caso?”, completa o texto da imagem.O vídeo foi publicado originalmente pela vereadora do PSOL em São Paulo Keit Lima. No Instagram, ela se apresenta como “cristã, preta, nordestina, favelada e com 5 diplomas”.“O crime organizado está na Faria Lima, no centro financeiro do país. A maior operação contra o crime organizado do Brasil escancarou uma verdade que a elite tenta esconder. Escancarou uma verdade que a periferia já sabia. O crime organizado que banca a vida de muita gente rica, inclusive muitos políticos, não está nas nossas periferias”, diz Keit Lima no vídeo.A publicação faz menção ao vídeo viral de Nikolas Ferreira sobre a proposta da Receita Federal de fiscalização do Pix. Após a repercussão, o governo recuou da medida. Segundo a Receita, a ausência de regras facilitava a lavagem de dinheiro das facções. As novas normas entraram em vigor após a Carbono Oculto. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Keit Lima (@keit.lima)Na casa onde Alessandra Moja Cunha foi presa nesta segunda-feira, a polícia encontrou seis aparelhos celulares, 259 porções de cocaína, 630 de crack e 314 de maconha.Segundo o MPSP, Alessandra “exerce importante papel na mobilização e organização das manifestações públicas que blindam a comunidade das intervenções policiais, além de auxiliar o irmão em suas empreitadas criminosas”.Ainda de acordo com o MPSP, ela era responsável por extorquir moradores que desejavam aceitar o acordo proposto pelo governo do Estado para deixar o local.Pela proposta, os moradores recebem uma ajuda de custo até serem alocados em imóveis da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).Alessandra é “responsável pelo grupo que cobra propina das famílias beneficiadas pelo acordo com o CDHU, somente autorizando o cadastro e a assinatura mediante o pagamento de valores à família Moja”, diz um trecho da representação.“Tanto os valores arrecadados neste contexto como os recursos derivados das demais atividades ilegais controladas por ‘Léo do Moinho’ são arrecadados por Alessandra com o intuito de branqueamento (lavagem)”, acrescenta o documento.Como mostrou a coluna, a associação presidida por Alessandra Moja se reuniu com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, para preparar uma visita do presidente Lula (PT) e da primeira-dama Janja da Silva à Favela do Moinho, no fim de junho.Na ocasião, Lula anunciou o acordo do governo federal com o governo do Estado de São Paulo para a cessão da área, que pertence à União. O governo estadual pretende construir um parque no local.“Quando estiver tudo pronto, estiver certa a casa que vocês vão comprar, aí faremos a cessão definitiva para o governo do estado. Por mais bonito que seja um parque, ele não pode ser feito às custas do ser humano”, afirmou Lula na visita à favela do Moinho.A coluna procurou tanto Nikolas Ferreira quanto a Associação da Comunidade do Moinho para comentários. Ainda não houve resposta, mas o espaço segue aberto.